06 janeiro 2007

O Ódio existe?

Nunca o vi mas, academicamente, admito que o ódio exista. Admito que haja situações extremas, sem saídas, em que sejamos dominados por um sentimento que exige a exclusividade: onde há ódio já nada mais frutifica.
Admito porém que haja ódio por contágio, que sem o sentir uma pessoa se veja levada a compartilhar sentimentos que estima existirem noutras pessoas.
Os manipuladores do ódio agem desta maneira, procurando incutir nos outros sentimentos que eles elaboram para dar satisfação aos seus desejos: São os ódios racistas, religiosos, classistas, comportamentais, familiares.
Felizmente que estamos numa sociedade em que se procura desincentivar ou limitar a transmissão destes sentimentos. Mas já nos temos que preocupar com a sua comunicação subliminar, que esta gente todos os meios procura encontrar e utilizar para o disseminar.
Felizmente que não há grandes denúncias de caça às bruxas, de querer que seja considerada de ódio aquela manifestação que é tão só a de um sentimento resultante de um ponto de vista simplesmente diferente. Porque tão grave como promover o ódio é denunciar como ódio o falso ódio.
Infelizmente que as manifestações de ódio aí estão em Madrid, Bagdad ou na Palestina. E não faltam aqueles que de um lado ou doutro incitam a que se veja cada vez mais ódio do lado oposto àquele com que se mais simpatiza.
Seja cerebral, primário ou epidérmico é um ódio sem esperança, aterrorizador, sem alma, que pretende tornar diabólica a vida de quem, mesmo sem qualquer culpa, está no meio destes conflitos.

2 comentários:

onil disse...

"Academicamente admito que o ódio exista".?
contensão verbal, discurso com rigor são o minimo quando se quer escrever ou transmitir alguma ideia

trigalfa disse...

Isso é que é contenção!
Ódio como sentimento ou como contrução intelectual que cria uma forma, a transmite e a denega a qualquer momento, eis a questão.

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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