29 maio 2009

Pegar em 10 milhões não será usurpação?

Na imprensa lê-se e ouve-se de tudo, mas o que é preocupante é ver profissionais a tentarem manipular sentimentos das pessoas com um despudor gritante. Teremos muitas situações em que aplicar a inveja, mas atribuir-lhe algum papel na questão dos 10 milhões do fundo de pensão pessoal posto à disposição de Miguel Cadilhe é abusivo.
Este valor ultrapassa de tal maneira aquilo que seria legítimo esperar que pode suscitar muitos sentimentos, desde a indignação à revolta, da estupefacção à incredulidade. Quanto à inveja, sentimentos mesquinho, quem a cultiva aplica-a sempre que vê o vizinho com carro novo, o colega com uma nova parceira, uma amiga com um novo visual.
Estes 10 milhões não se vêm todos os dias, é muita fartura para alimentar um sentimento tão básico como a inveja. A sua invocação só tem como objectivo desqualificar a opinião de quem se indigna com tão ridículo negócio. Estes jornalistas, estes opinadores que a invocam permitem-se brincar com os sentimentos das pessoas só porque isso é afinal frequente acontecer na imprensa.
O espectáculo é degradante mas seria necessária uma grande reciclagem ao cérebro destas pessoas para se não deixarem levar por facilidades quando tratam de sentimentos pessoais. Na verdade se hoje já não há respeito pelas pessoas, como se há-de respeitar a opinião pública? Desacreditar esta só tem como objectivo defender pequenos manipuladores, negociantes, usurpadores. E grandes quando mediáticos como o Miguel Cadilhe.

21 maio 2009

Um partido tranquiberneiro

Num debate entre Paulo Rangel e Vital Moreira este designou aquele e o seu partido de tranquiberneiro. Efectivamente para o PSD a política não é um assunto sério, é a arte d0 mixordeiro, de baralhar constantemente, de tirar conclusões opostas conforme a conveniência de momento.
Esta forma de fazer política está infelizmente vulgarizada e já quase é aceite como normal. Os partidos não acentuam as divergências, e as convergências quando elas existam, sobre a forma de governar em relação a assuntos específicos, antes escolhem uma marcação fenómeno a fenómeno desligada de qualquer visão estratégica global.
O seu objectivo é prático. É tentar abranger o máximo de pessoas que têm alguma divergência em relação ao governo, como se isso fosse suficiente para que as pessoas adoptem a sua forma de oposição sistemática. E é por isso, porque as pessoas ainda têm capacidade de discernimento, que as sondagens são para eles difíceis de perceber.
O PSD é um partido de fiéis, que sempre acreditaram em si próprios, mas que se mostram incapazes de abertura em relação a politicas que não sejam patrocinadas por si próprios, mesmo que correspondam aos seus padrões e tenham o seu apoio de fundo.
Entre o taberneiro que honestamente vende a sua mercadoria e o tranquiberneiro que vende a sua zurrapa intragável é prejudicial há a diferença suficiente para que ninguém se deixe enganar por estes novos mixordeiros.

13 maio 2009

O homem Sonae também ensandeceu?

Admiram-no por ter construído um império a partir de um curso de engenharia química aplicado nos aglomerados estratificados. Teve a confiança de Pinto de Magalhães e aproveitou todas as oportunidades para aumentar o seu império. Aproveitou parcerias e até restos dos outros como a Torralta, só a PT resistiu aos seus dentes.
Esperar-se-ia que nos ensinasse a enriquecer com o trabalho, de que é sabido que ele gosta. Nós também gostaríamos que fosse com honestidade, mas neste momento de crise há mais gente pronta a prescindir disso. Em vez disso mandou-nos abrir buracos, tapar buracos, voltar a abrir e assim por diante. É evidente que Sísifo lhe causa pesadelos.
Abrir corredores para o TGV será para este senhor deitar dinheiro fora. Abrir buracos em jeito de brincadeira seria um investimento barato. Falta saber quem pagaria, mas não era o Belmiro com certeza. Porque ninguém está disposto a pagar para ocupar o espírito de alguém.
Além de todos quererem ganhar dinheiro, também todos querem que o seu trabalho seja proveitoso e agradável. Esta sugestão é de alguém que não respeita o esforço alheio, que considera que os postos de trabalho que ele põe à disposição da população são uma dádiva sua.
O trabalho é um bem público indispensável para conjugar com o dinheiro de forma a obter o rendimento desejado. Como alguém que não respeita o trabalho quererá que se respeite o seu dinheiro?

09 maio 2009

Onde está o medo, a falta de democracia?

Periodicamente a líder do PSD vem falar da existência de medo, do perigo em que estaria a democracia. Este facto só pode ter como justificação a falta de outro assunto que possa e saiba desenvolver.
Mas fica-lhe mal, redu-la a uma mensageira dos mais baixos sentimentos de ressentimento. Esta senhora não traz rosas no regaço, muito menos pão, tão só rancor. Esta senhora não é a esperança dos pobres, não é a âncora dos remediados, não é a segurança dos ricos.
Esta retórica balofa não convence ninguém e ela terá à sua volta imensa gente que está ansiosa por se ver convencida, que se vê numa encruzilhada já intransponível neste momento. O problema é que ela fala para os mais fanáticos de entre os seus próprios apaniguados.
Um político que fala de coisas que ninguém vê é um aprendiz de feiticeiro, capaz de imaginar que há palavras que incendeiam, sem ter a consciência que os tempos já são outros, as pessoas estão mais clarividentes. Não lhe falta o discurso, mas falta-lhe a razão, coisa que não é de somenos.
A razão não chega a todos, mas chega ao número suficiente de pessoas que se rirão deste discurso caricato. O desespero tem destas coisas, a impotência leva a imputar ao adversário a castração que se lhe depara: Não tem política para apresentar.

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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Ponte de Lima, Alto Minho, Portugal
múltiplas intervenções no espaço cívico

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck
O mais perfeito retrato da solidão humana