31 janeiro 2008

A impiedade verbal

O papel da comunicação social já está por demais estudado mas as pessoas estão longe de estarem prevenidas quanto a ele. Nem é necessário ser ingénuo para que as pessoas se deixem levar por movimentos incontrolados. Os próprios jornalistas são as primeiras vítimas, antes de transmitirem aos leitores, ouvintes e telespectadores o veneno fatal.
Os jornalistas procuram ser insidiosos mas não é esse o grande mal. A questão está em não conseguirem, com perguntas breves e respostas curtas, desmontar qualquer problema sério.
As pessoas podem ficar com a ideia de que estão esclarecidas, de que já sabem quais os propósitos mais inconfessados daqueles que não dão aos jornalistas as respostas que elas próprias quereriam, que acham as mais correctas. E condenam-nos impiedosamente.
O que as pessoas não ficam decerto esclarecidas é sobre os propósitos daqueles que se limitam a estar na sombra, fazendo elevar o coro da contestação e transmitindo já condenações sumárias dissimuladas através do burburinho reinante.
Todos os homens bons deveriam orientar toda a impiedade que transportam em si para vergastar verbalmente toda a espécie de crápulas que não ponham à vista todos os seus propósitos e se aproveitam da ignorância alheia.

30 janeiro 2008

A nossa arqueologia industrial

Em http://trigalfa.blogspot.com/2007/01/nossa-arqueologia-industrial-os-mais.html chamei a atenção para o abandono a que estavam sujeitos os restos da nossa arqueologia industrial.
Terá a Câmara Municipal acordado para esta problemática? O projecto Terra Rica da Humanidade preocupar-se-á com este tipo de passado, aliás de pouca dimensão em relação à nossa actividade principal: A agricultura?
O responsável pelo pelouro da Cultura, vereador Franclim de Castro e Sousa, ter-se-á apercebido desta lacuna e teve a iniciativa de abrir um concurso para que jovens licenciados quisessem fazer trabalhos sobre este tema? Não.
O vereador Gaspar Martins de que se não conhecem grandes habilidades nesta área resolveu encomendar a um habilidoso que fizesse uma recolha e não se sabe se um mostruário das relíquias referentes ao trabalho de alguns limianos nesta área específica da serração de madeiras.
Será porque na sua fase infantil também lá andou pela fábrica de que o pai era encarregado? O texto justificativo deste trabalho, cujos contornos estão mal definidos, parece remeter para um choradinho de todo impróprio para coisas que devem ser vistas com objectividade e com a importância que à época tinham.
PS: O Vereador Gaspar Martins contactou anteriormente a jornalista Paula Velho que, por motivos profissionais, porque foi trabalhar para Lisboa, teve que recusar o encargo. Na minha opinião teria sido uma decisão acertada, que em nada porém altera as conclusões a tirar do desenvolvimento que este processo teve.

29 janeiro 2008

O pensamento único e as tristes figuras que não lhe resistem

Democracia de plástico, política espectáculo, pensamento único, novas e velhas terminologias são aplicadas um pouco indistintamente àquilo que se faz com o rigor possível a àquilo que se propõe sem qualquer base razoável de estudo, de bom senso, ou de senso comum.
Manuel Alegre, Mário Soares, Pacheco Pereira andam numa azáfama criadora. As ideias jorram intermitentemente mas sempre com o fim de culpabilizar alguém. Hoje exigem-se culpados para tudo e ainda bem. Mas prescindir de julgar o passado não me parece certo.
Estas figuras que se deixam misturar por necessidade mediática, que tiveram diferentes graus de responsabilidade no passado, sobrevoam os factos de hoje como sejam fruto de seres malévolos e como se eles de uma maneira ou de outra não tivessem neles alguma responsabilidade.
Se fossemos ver a “culpabilidade” só em função da participação em governos então Mário Soares estava perdido e Manuel Alegre ilibado. Segundo diz esta figura majestosa na sua biografia “participa esporadicamente no I Governo Constitucional de Mário Soares”. Não fala da triste figura que fez.
Todos os factos de hoje estão condicionados pelos factos velhos, que não são trapos que se deitem fora para que se perceba o presente só como estes senhores querem. Se não tiveram intervenção suficiente no passado para evitar que as coisas seguissem por maus caminhos, não é com intervenções extemporâneas que o vão justificar agora.
O estatuto de respeitáveis velhotes começa a pesar-lhes demasiado. Nem eles resistem à necessidade mediática, o único “pensamento único” que conheço e que os faz falar a uma só voz.

28 janeiro 2008

A “sem vergonha” … tem limites

Se ao menos o Meneses cumprisse aquilo que prometeu, ainda isto se poderia aturar. Na realidade falta-lhe aparecer em maus lugares quando Sócrates fosse a um bom sítio. Sempre arrastaria para lá umas televisões e uns emplastros.
Como todas as televisões andam atrás de Sócrates há uns dos tais do velho e arquétipo partido comunista que não o largam. Infelizmente o P.C. ainda vai servindo de modelo a alguns indivíduos de má índole.
Os insultos que esta gente emprega não os desprestigiam porque o crédito que mereciam já há muito está esgotado. Esta situação só nos merece o mais vivo repúdio, pelo atentado que constitui à democracia.
Mas a desclassificação humana que promovem de si próprios merece-nos um vómito de desprezo. Este é o incómodo sentimento que sinto. Mas podíamos nem ligar a isso se considerássemos como Sócrates que a acusação de mentiroso feita por um cínico é um elogio evidente.
O Partido Comunista nunca quis como objectivo último aquilo que diz querer e, agora que lhe não vale a pena ter sequer planos secretos para qualquer revolução, melhor seria dedicar-se a contribuir para melhorar a sociedade e apoiar os pobres em vez dos ricos. Esclareça-se porém que são expectativas que não tenho.

27 janeiro 2008

A serenidade impõe-se na hora da … morte

Ver na televisão não é a mesma coisa do que ver ao vivo. Sentir a pulsação ou a faltas dela em idosos distribuídos de modo circular numa sala de asilo em dia de visita oficial é um espectáculo pelo menos desmoralizador. Não tão degradante como o que se passa com as filas de macas em corredores à espera, em observação ou já despachados, nunca se sabe para onde.
Uma das falhas mais salientes do nosso sistema de assistência na saúde está nos cuidados continuados para os doentes que têm necessidade de várias observações e tratamentos durante o dia. Há necessidade de alguma privacidade, reserva mesmo, de não exposição gratuita ao olhar público.
O problema dos cuidados continuados não se ponha há poucas décadas mas explodiu em grande devido a dois factores: O aumento da esperança de vida dos idosos e a mudança de modo de vida, de comportamentos e afinal dos ritmos dos mais jovens, que não têm tempo disponível, nem disposição.
Mais um idoso foi colocado no Hospital de Vila Real e nem roupa interior lhe terão deixado. Por efeito de uma melhoria ou da simples constatação de um estado estável sem previsível evolução deram-lhe alta e remeteram-no sem cuecas sequer para uma maca à espera de um táxi.
Levado pelo taxista em difíceis condições, retornaria pouco tempo depois ao hospital já em ambulância para vir a morrer. É este triste espectáculo que deveria ser evitado. Quem queira ser sereno na hora da morte já o não consegue ser.

26 janeiro 2008

A culpa não é do vinho … é da inveja

Favaios, freguesia, Alijó, concelho, afinal duas aldeias altaneiras ao sol transmontano onde o moscatel é Rei, um branco licoroso usado como aperitivo mas que também pode ter benefício e virar Porto.
Numa aldeia das redondezas, Cotas, a uns cinco minutos de distância um homem caiu duma escada ou da varanda e um irmão presente telefone para o 112 tendo declarado a sua morte e solicitado a presença da G.N.R.
A operadora telefonou ao Bombeiros de Favaios com o objectivo de dar um apoio imediato. O único bombeiro presente após uma esquisita conversa acabou por declarar estar sozinho. A operadora telefonou em seguida aos Bombeiros de Alijó e a resposta foi igual. Mas este bombeiro lá telefonou a um colega para o ir ajudar. Por último haveria também de ir ao local da morte uma VMER de Vila Real
O bom vinho não justifica tudo e não lhe faço esta desfeita que eu gosto bem dele. A hora tardia, 11,30 teria sido quando o acidente se deu, e o sono também não justificam tanta confusão.
Se houvesse hipótese de salvar a vida do homem que terá caído da varanda decerto que o não recurso imediato à VMER redundaria em possível prejuízo. Mas a verdade é que os Bombeiros podem sempre dar uma ajuda porque se chegarem primeiro ao local, como podia ser o caso, tem mais meios para descrever a situação à VMER e começar a preparar o seu trabalho.
Duas aldeias, quase ridículas, de certo por causa de velhas vaidades, têm duas corporações de Bombeiros, e há muitas mais nas muitas aldeias mais pequenas ainda, que juntas não dão uma corporação em condições.
São estas invejas pequeninas que nos lixam e que uns pretensos moralistas da Capital não entendem. Enquanto se não acabarem com estas quintinhas cheias de reizinhos estamos perdidos.

25 janeiro 2008

Se ao gosto se acrescentar saber é mais valiosa a análise

Os néscios dirão sempre que não há razão para nos preocuparmos com os pormenores se a imagem geral é boa e agradável. A verdade é que ninguém é obrigado a ir atrás da falta de gosto reinante quando se fala nos aspectos de ordenamento urbano e arquitectura na nossa Vila.
Além disso o conhecimento existe e embora não possa impor um gosto uniforme a toda a gente para contribuir muito para o seu desenvolvimento, o seu aprimoramento, o seu refinamento. Poderá haver uma queda natural para apreciar mais as questões do gosto mas já ninguém duvida que ele pode ser trabalhado de modo a ter um maior valor no modo de fruição da realidade.
Aliás a cultura do gosto tem a ver com novas formas de abordar a vida, a nossa relação com a paisagem natural e construída, com os outros. Haverá coisas em que nós nem reparamos que se forem vistas de uma forma a integrar os vários saberes passam a ter uma valoração acrescida.
A grande maioria de nós não está receptivo a aceitar que se veja como um grave erro algo que tenha sido feito com uma intenção louvável. Se é verdade que quando se fala em intenção se revela uma certa forma de desvalorização do gosto, além de muitas vezes até a própria funcionalidade se relativiza. E aqui o ideal é juntar gosto e funcionalidade.
Mas muito teremos a prender se formos acompanhando as observações que no seu blog http://arquitecturaepontedelima.blogspot.com/ André Rocha nos vai dando.

24 janeiro 2008

Não haverá morte mais digna do que num corredor de hospital?

Os tempos em que era possível ter uma morte serena, em que as pessoas podiam assistir aos últimos momentos dos seus familiares mais próximos quase em conversa coloquial e o candidato à morte ainda pedia para todos se afastarem que queria dizer umas últimas palavras a quem durante toda a vida tinha sido mais importante para si, já lá vão.
Havia uma despedida, uma testemunha privilegiada que, com naturalidade comunicava aos outros o desenlace fatal que nos afastava de qualquer ligação a esta realidade vivida. Não sei em que percentagem as coisas assim aconteciam, mas presumo que também já não seria bem assim. O normal será chegarmos à hora da morte exaustos e sem tempo para estes preciosismos. A morte será quase sempre brutal, seja imediata ou não.
A agonia da morte sempre existiu, sempre foi um processo doloroso que nos apanha de surpresa, num momento inesperado mas a que nos juntamos a assistir. Este envio das pessoas moribundas para os corredores da morte dos hospitais é a coisa mais desumana mas ninguém assume hoje o facto de ter uma pessoa de idade em casa em agonia. Há sempre alguma esperança e não somos as pessoas indicadas para dizer se o processo já é irreversível.
Assim aquela morte edílica não se realiza em casa e muito menos nos corredores da morte dos hospitais. Morremos sempre abandonados num ambiente desolador, sendo tão só um número numa fila de condenados a sofrer. Têm que haver uma alternativa para este triste espectáculo, um tratamento específico para estes casos, uma nova dignidade para a morte.

23 janeiro 2008

L.F.M., a obsessão do controle dos comentadores

L.F.M. lançou a ideia de que a SIC Notícias deveria contratar mais dois políticos para alargar o leque de opiniões na Quadratura do Círculo. Parece que já se vê a Primeiro-Ministro, não olhando a custos, a distribuir lugares por quem lhe aprouver.
Na opinião de agora deste homem sui-generis, que a toda a hora nos surpreende pelo seu posicionamento saltitante, nenhum debate deveria ser feito entre gente competente, com o distanciamento suficiente e a moderação bastante para o não tornar uma luta de galos. Acima de tudo entre pessoas escolhidas por quem tem o direito de o fazer.
Quando ainda está longe de ter algum poder neste País já lança ideias próprias de quem alguma vez venha a deter o poder todo. Um bom debate para L.F.M. parece ser entre três cães acirrados que defendessem as posições oficiais dos partidos, PS e mais dois à direita, mais dois outsiders que constituíssem a oposição interna, educada e respeitadora do P.S. e do P.S.D.
Chega-se facilmente à constatação que este homem está cheio de esquemas mentais e a sua hiperactividade deve-se a querer impingi-los depressa ao País. Só que a realidade é mais fugidia do que tais esquemas mentais que tem andado a arquitectar.
Aliás estes esquemas pressupõem a depuração progressiva, a fidelização, o alargamento do poder pessoal, porque este homem vê-se já no centro do mundo. Não segue a lógica do estudo, do contributo, de audição de opiniões, mas sim da conquista de aderentes a todo o custo.
Todos os painéis em que decorrem os debates televisivos podem ser contestados por serem curtos ou largos. L.F.M. quer padronizar em termos de pessoas, e quanto a ideias é obvio que aceitará quaisquer enquanto ele próprio se sentir hesitante. Mas à medida que for apurando as suas ideias, não lhe falta vontade de as impor como norma. É um perigoso aprendiz de feiticeiro.
Mesmo no P.S.D. ninguém de bom senso suportará uma pessoa assim, à procura de uma identidade que irá buscar, como mais provável, a uma França tão distante de nós e que se entende como o centro deste pequeno mundo. Para nossa desgraça haverá sempre aqueles que concordarão com o seu discurso obsessivo sobre o poder.

22 janeiro 2008

Um Serviço Público de Saúde não é uma simples porta aberta

Ser ministro neste País é um acto de coragem, embora constituísse para todos um momento de glória irrenunciável, por mais pequeno que fosse. Valha-nos a televisão que nos vai dando a palavra esporadicamente. Ser ministro tão exposto como o é o nosso Ministro da Saúde é quase uma temeridade, o que, é bom que se diga, também está no espírito de muitos de nós.
Levando grande parte do Orçamento de Estado, estando sujeito ao escrutínio diário da população e ao controle apertado do Ministério das Finanças, gerindo um campo em permanente evolução, cujas soluções de hoje depressa se tornam obsoletas, o Ministro da Saúde mantém a firmeza de quem tem a razão do seu lado e o apoio social que não é manipulado pelas forças ultra-liberais da direita, com a conivência suicidária das forças esquerdistas.
Conseguir estruturar redes de cuidados primários, continuados, de emergência, etc. que possam dar uma cobertura satisfatória ao País e a sujeição aos condicionalismos de pessoal, de orçamento e às resistências naturais e artificiais à mudança, exigem a solidez técnica, humana e política de um homem como Correia de Campos.
Não é fácil a estruturação de um Serviço Público de Saúde em que haja complementaridade, competência e racionalidade. Todas as falsidades têm sido utilizadas para o atacar, que os políticos da oposição têm claramente menos receio de atacar os políticos não profissionais ou não aparelhistas, do que os donos do aparelho adversário.
Já viram como é diferente meterem-se com Correia de Campos e meterem-se com os pesos pesados do P.S.?
Seria péssimo que Sócrates substituísse Correia de Campos por um dinossauro aparentemente mais identificado com o P.S.

21 janeiro 2008

L.F.M. um perigoso cascadeur

Um operador de comunicações via telemóvel, por acaso o mais fraco do mercado, lançou uma campanha que visa alterar a sua imagem e claro ganhar clientes e cujo custo é de 32 milhões de Euros. É a verba estipulada para o orçamento da Câmara Municipal de Ponte de Lima e que permite dizer que é esse o custo, um ano de trabalho, que terá de ser suportado por quem queira mudar a imagem de Ponte de Lima.
Ponte de Lima tem que se desligar urgentemente dessa imagem que nos trás à memória o triste episódio do queijo limiano. Mas creio que não será necessário pagar tanto. Quem vai pagar para que a imagem do seu partido se transforme é o L. F. Meneses. Ele assim o quer e até vai mudar de sede nacional para mostrar que com ele tudo vai ser novo.
A ideologia já a pôs em estilhaços. Vai vigorar o mais puro liberalismo, seja qual for o domínio da acção do Estado. Este vai-se limitar, como nos velhos tempos, a cobrar impostos, fiscalizar a aplicação dos bons princípios e aplicar sanções e correctivos àqueles que se desviam do seu sentido único. O resto é com os patos bravos.
A social-democracia que mesmo assim ainda vai tendo em Cavaco Silva e em mais alguns militantes desse partido uns esforçados resistentes, corre o perigo de levar com o camartelo de Meneses.
Ele já avisou, não quer opositores e porá tudo em cacos em seis meses. Se o deixassem, digo eu. Este saltimbanco, este homem que salta para cima de tudo que mexe, um cascadeur eventualmente será muito fino para ele, ainda se vai estilhaçar em cima de alguma casca de banana.

20 janeiro 2008

L.F.M. só se mete em más companhias

Está visto que as perspectivas de Luís Filipe Meneses não vão além do olhar de um Pato Bravo. Antevendo uma crise mais profunda na construção civil e obras públicas este Sr. preocupou-se logo que passou a liderar o P.S.D. e chegou a propor um “pacto de regime” que determinaria as grandes obras a entregar a estes ditos. Garantir trabalho seria o objectivo.
Agora acha que a estes industriais deveria ser dada oportunidade noutros sectores. Depois de vermos construtores a edificar hospitais, centros de saúde, escolas, L.F.M. quer que os vejamos a gerir estes equipamentos para glória da iniciativa privada.
Assim eles ensinassem ao povo como é possível estar tão bem de saúde como eles e como é possível enriquecer em tão pouco tempo. Mas não seria esse o seu objectivo se é que podemos já aceitar que quando L.F.M. fala e sita tanta gente desde banqueiros, políticos, jornalistas, comentadores, o faz com autorização, reproduz fidedignamente as suas ideias ou quer agradar ou queimar alguém. Nunca saberemos.
Que se cuidem os construtores que com este amigo o seu negócio não ganha clareza, antes parece mais escuro e tenebroso. L.F.M. não apela à iniciativa privada em abstracto para desempenhar funções que estão a ser desempenhadas pelo Estado, não estou a discutir com que qualidade, o que seria legítimo.
Além da sua feroz vontade de tudo privatizar, que será legítimo pôr em causa e discutir, L.F.M. mete uma cunha por um sector específico que, mesmo depois de tanto suborno pago a políticos e intermediários, ainda está pelos vistos disposto a pagar mais com tanto dinheiro que tem para investir.

19 janeiro 2008

O Oeste Europeu – Portugal no Centro da Europa

Esta ideia publicitária do Oeste Europeu é infeliz porque nos põe na margem, afinal no local em que nós nos sentimos em relação à Europa. Mesmo que pretenda remeter para uma simbologia americano do tipo “Costa Oeste”, terra do filme, da informática, de muitas outras manifestações de todo o género que estão na vanguarda das realizações e do pensamento, não se vê onde está a semelhança e onde pode conduzir tal pretensão.
Estando de facto na margem, estamos de certo modo marginalizados, não de facto, mas mais pelo nosso próprio preconceito. Nós da Europa conhecemos mais os Espanhóis, os Ingleses e os Franceses. Pode-se dizer que preenchem 90% dos nossos contactos, somando todos os tempos de aliança, de guerra, de intercâmbio de todos os tipos.
Dos restantes países ainda se poderia destacar a Holanda, a Itália, a Alemanha mas com significados, permanência e relações perfeitamente limitadas. Os outros estão no domínio do perfeitamente esporádico até há anos atrás. O que não quer dizer que nos sejam estranhos, antes pelo contrário, sempre nos preocupamos de longe com o que nesses países se passava.
A nossa ambição deve ser estar no cerne da Europa, participar com estes povos que conhecemos bem na criação de um espaço de paz. Agora que deixamos de desempatar na guerra entre eles, agora que a Alemanha enterrou a sua espada, contribuamos para nos unirmos mais, com justiça e igualdade.
A única maneira de não precisarmos da Inglaterra ou da França é termo-los como aliados comuns, participarmos no núcleo vital da Europa. Se solidificarmos as nossas relações e estabelecermos os laços da paz, esta também vai ser desejada pelo resto do mundo.

18 janeiro 2008

Uma base europeia para um internacionalismo a caminho da paz

Na Europa germinaram ideias monstruosas, mas também ideias generosas. A diversidade de povos, a divergência de percursos, as dificuldades de organização da sociedade, a luta por recursos e por espaço levaram a centrar a orgânica social em núcleos de âmbito limitado a nível continental.
As tentativas de imperialização exacerbaram as diferenças e levaram aos nacionalismos que se foram apresentando como libertação e que acabaram triunfantes e a ser assumidos com uma naturalidade inesperada em tudo contrária à difusão de ideias benévolas e tolerantes.
As ideias mais retrógradas, egoístas e conflituosas associadas àqueles nacionalismos extremos deram lugar a catástrofes humanitárias e civilizacionais imensas. A afirmação própria sempre foi apresentada como derivando da necessidade de antecipação em relação à afirmação alheia e isto só por si permite que as pessoas pensem que tudo é permitido.
Só quando a barbárie foi levada ao seu extremo mais irracional os europeus, que genericamente não cultivavam ideias malévolas, se aperceberam que é necessário transcender a sua irracionalidade “impondo” aos povos uma colaboração vista como contra natura, isto é, na tentativa de alterar o material genético herdado e esquecer o trabalho em séculos de luta feroz.
Só assumindo este passado e consciencializando-nos dos malefícios do nacionalismos estamos em condições de aspirar à paz e ao progresso mais harmonioso. Só centrando a orgânica social num núcleo de base continental construiremos uma base consistente para a paz internacional.

17 janeiro 2008

Uma oportunidade para quem a não merece

Ouvi falar de guerras, de mortandades, de humilhações que se iam sucedendo por essa Europa fora. Uns achavam-se no direito de oprimir outros, outros revoltavam-se contra os vexames a que eram sujeitos. Povos inteiros sofreram por culpa de uns poucos cujo desnorte levou a pôr várias vezes a Europa a ferro e fogo.
Vítimas inocentes foram aos milhões e às vezes só por se encontrarem no caminho entre os que pretensamente queriam fazer justiça sobre nações indefesas. Outros só por se terem integrado durante séculos nos países europeus e alguns megalómanos terem fomentado a sua rejeição.
Na minha juventude havia uma tentação de nos colocarmos ainda de um ou de outro dos lados das várias barricadas que se foram formando na Europa durante os últimos séculos e em particular após a revolução francesa. A última grande guerra tinha sido tão brutal que os seus efeitos ainda se faziam sentir.
Entretanto já tinham sido lançados à terra os alicerces da nova Europa que, devido ao nosso isolamento só fomos conhecendo pelos nossos imigrantes. Essa é a Europa da paz a que vale a pena estarmos associados porque não deseja que se formem novas fronteiras, não quer fomentar desigualdades, superioridades, ressentimentos.
É esta Europa que esta pretensa esquerda agarrada a estereótipos ultrapassados não se cansa de atacar, utilizando todas as oportunidades. O referendo só seria mais uma para poderem dar azo ao seu vanguardismo igualitarista sem nexo e sem senso.

16 janeiro 2008

Um manual de conduta é necessário

Todos os partidos políticos deveriam editar um manual de conduta política para servir de guia aos seus militantes e dirigentes, de garantia para os seus eleitores e de referência para os seus adversários.
Todos os partidos políticos se deveriam pronunciar sobre o manual de conduta política dos membros dos outros partidos para que eles possam saber da sua dignidade, para que os seus eleitores saibam em que tipo de pessoas estão a votar, para que os seus adversários se possam defender quando é posta em causa a sua própria forma de mediar entre os interesses individuais e os da colectividade que duplamente representam.
Todo o manual de conduta política de qualquer partido político deveria incluir todos os valores colectivos que são mais importantes que quaisquer valores individuais para que os candidatos a serem seus membros pudessem avaliar essa hierarquia de valores, os eleitores pudessem partilhar esses valores e os adversários não pudessem vir a fazer declarações de amor ou de ódio fora de tempo.
Todo o manual de conduta política deveria incluir a forma como os partidos podem fazer aos seus membros apelos ou exigências para que defendam esses valores colectivos mesmo em ocasiões em que aparentemente não estão em jogo, a forma como os eleitores podem avaliar os seus representantes, a forma como os adversários podem questionar a dignidade alheia.
Porque, se muito do que se ouve se admite dito por um partido que não inclua pessoas de carne e osso, não se admite dito por quem o é.

15 janeiro 2008

Dos braços acolhedores ao banco dos réus

Periodicamente vemos grande número de moralistas da nossa praça a defender coisas ditas imundas como um Banco, um grupo social dominante, um criminoso mesmo. Com o nosso humanismo temos espaço para todos, basta que alguém suscite a nossa lágrima e vamos lá defender os abusados não habituados a verem beliscadas as suas imagens.
Agora é o BCP, vítima de uma campanha indecente, de uma manipulação desregrada, coitadinho que só nos prestava um serviço tão limpo, tão limpo, mas que na realidade não seguia as regras mínimas legais, muito menos as regras de bom senso. Mas a campanha é indecente e pronto.
Tudo isto será passageiro, só existe enquanto puder ser utilizado para atacar alguém. Não faltarão ocasiões para remeter este magnífico Banco dos braços acolhedores de todos estes moralistas para o banco de réus que será sempre o seu lugar.

14 janeiro 2008

O capital liberal e o pensamento social

O grande mérito de José Sócrates foi ter conseguido convencer grande parte da opinião pública, com penetração em todas as camadas sociais, de que as facilidades de um passado recente tinham dado um mau resultado e que a situação só poderia ser invertida sujeitando-se todos a dificuldades que compensassem o desmazelo reinante.
Houve resistência, outros continuaram a fazer pela sua via e a ignorar o mínimo de solidariedade social, mas criou-se uma nova maneira de penalizar socialmente essas situações, o que favorece o seu combate. Esta chamada de atenção de Cavaco Silva, afinal igual à de tantos líderes mundiais, enquadra-se perfeitamente neste ambiente de denúncia de uma situação insustentável.
Não é legítima a apropriação individual dos bens da humanidade, seja feita ilegalmente, seja utilizando lacunas da Lei. A função dos bancos é permitir a acumulação de capital, repartir os riscos, permitir as grandes obras, manter a propriedade colectiva mas não entregar os bens acumulados em termos de benefício pessoal, seja de quem for.
Sem bancos, sem sociedades anónimas (diferentes de sociedades secretas) não se alcança a dimensão, não se atinge a flexibilidade necessária, o equilíbrio consistente, para que o sistema de crédito funcione. Sem honestidade dos responsáveis não há credibilidade que resista.
O ultra-liberalismo pregado como teoria no geral por quem nunca sentiu o peso de administrar um bem social, como Pacheco Pereira, ou por alguns sociais-democratas e socialistas que não querem molestar o capital e até esperarão por algumas migalhas é uma forma desavergonhada e insana de pensamento social. Será de combater sempre.
Mas o mais engraçado é que muitos destas sanguessugas atrevem-se a aplaudir a política de Sócrates, a qual só faz sentido num panorama de solidariedade social global. È imperioso que a não haver bom senso, haja legislação apropriada a estas situações.

13 janeiro 2008

A controversa estratégia do Ministério da Saúde

É controversa a estratégia adoptada pelo Ministério da Saúde quanto à implementação dum plano nacional que visa a melhoria geral dos cuidados de saúde, o controle do seu peso crescente no orçamento de Estado, o aproveitamento dos recursos humanos, a racionalização dos meios, a complementaridade entre a oferta privada e pública, o controle da qualidade da oferta privada.
Na base da estratégia adoptada está o pressuposto de que seria difícil apresentar um quadro de reforma completo e acabado que não suscitasse mais focos de conflito do que os que estão a aparecer, com o agravante de que seriam todos de uma só vez. E não se poderia esperar que os meios de comunicação social contrabalançassem um eventual prejuízo com o benefício que a reforma implica objectivamente para muitos mais.
A gestão de conflitos a nível sectorial e regional, embora não deixe de contribuir para o som de fundo nacional, tem-se mostrado mais avisado e prudente. Pôr tudo de uma só vez “em pratos limpos em cima da mesa” não está provado ser a estratégia mais certa. Porque o conflito surgiria sempre, mesmo que a nível global as vantagens suplantassem em muito os possíveis e imaginários prejuízos. Em tudo impera a máxima de que o bem dos outros não nos aquece a nós.
Esta política de olhar cirurgicamente para cada pedaço do todo nacional, ponto a descoberto uma organização infeliz é a mais correcta. O contraponto é vermos a direita e a extrema-esquerda numa aliança espúria e venenosa. Quando o líder do P.C. foi dar o seu apoio ao povo da Marinha Grande quando estava na Anadia só diz de quanto é indiferente para estes políticos o estarem ou não a falar para quem falam. O M.S. não foge a identificar bem os problemas e a dialogar com os intervenientes.
Se o povo vier a satisfazer em eleições os propósitos desta gente veremos quanto iníqua é esta luta comum de esquerda e direita unidas circunstancialmente. De Meneses só se vê a tentativa de lançar labaredas onde tem os seus acólitos. De Jerónimo fica-nos o espreita a querer aparecer na fotografia.

12 janeiro 2008

Uma simples espreitadela pelo mundo da finança

Andamos há um ano a ver a conta gotas os sucessivos episódios de uma viagem guiada pela alta finança. De cada vez que se abriu um bocado mais a janela pensou-se em fazê-lo de modo comedido e que não provocasse alguma congestão. O cuidado é tal que nem mesmo aquilo que será legal é mostrado para que nós não nos apercebamos como as regras lhes são benéficas.
Até que o caldo se entornou e alguém achou que era de mais. Os episódios aceleraram, mas logo se procurou colmatar a brecha e acabar com esta exposição pública. As grandes empresas do regime deram-se as mãos para encontrar solução, mas a pressa não terá agradado a alguém que foi posto à margem e estrebuchou.
Cadilhe é uma referência, veja-se a referência mesma que Meneses a ele fez, e estava mal na fotografia. Afinal era uma personagem marginal no processo e vai acabar por se remeter a um prudente refúgio. Cadilhe já teria perdido o comboio há uns anos atrás.
Meneses ainda anda a querer beliscar Constâncio e a ver se lança suspeitas sobre mais alguém. Mas é um aprendiz no alto jogo da finança. As sociedades “semi-secretas”, como diz Campos e Cunha, ex-vice governador e ministro, têm já o problema bem controlado. Este mandato será um interregno para remendar as mazelas. Um dia a Opus Dei voltará ao domínio do B.C.P.

11 janeiro 2008

Referendo – Agarrem-me que eu mato-o

“Agarrem-me que eu mato-o” é a expressão que o ultra-liberal Pacheco Pereira foi buscar para dar uma ideia de que seria simulado o período de análise e ponderação que José Sócrates se deu a si próprio antes de tomar uma decisão sobre a possibilidade de realização de um referendo sobre o tratado de Lisboa.
Segundo ele a decisão já teria sido tomada e esse período só serviu para encenar um espectáculo que visaria criar receio e ansiedade na população e na comunicação social. Estaria assim facilitado, de forma um pouco automática e justificada, um processo de adesão de Sócrates à tese do não referendo. Ter-se-ia gerado um apelo para uma decisão rápida e simples.
O efeito foi realmente este, se é que era o pretendido, com toda a gente a ficar satisfeita, exceptuando os radicais de direita e os fantasistas de esquerda. Afinal só é pena que todas as decisões não sejam tomadas desta maneira mas também é pena que nem sempre seja possível ter um período de reflexão, não de quinze dias ou um mês, mas afinal de duas décadas.
Afinal andamos há duas décadas à espera de participar num acto fundador que só teria sentido se tivesse ocorrido depois de Mário Soares ter aderido e não agora que as decisões de fundo já estão quase todas tomadas e são irreversíveis. Só nos resta fazermos da eleição para o Parlamento Europeu de cinco em cinco anos um sinal claro da nossa adesão.

10 janeiro 2008

Referendo – A morte da vaca sagrada

A vaca há pouco sacralizada morreu. Como terá morrido para um bom número de anos o recurso a qualquer referendo que desresponsabilize os políticos ou plebiscite uma atitude num assunto mais controverso.
No panorama nacional os referendos não têm tido qualquer mérito especial. Seja para plebiscitar a constituição de Salazar, seja em regime democrático para aferir da opinião sobre a regionalização ou o I.V.G.
Além de em democracia nunca terem sido vinculativos, nunca surpreenderam pelas posições tomadas, já claramente concordantes com a opinião dos políticos dominantes.
No panorama internacional têm-se salientado pelo legitimar de situações de facto em que a prepotência a o arbítrio passam a vigorar como Lei. As excepções, como a do referendo à monarquia espanhola, são raras.
No actual panorama europeu podemos dividir a Comunidade entre os Países que são contribuintes líquidos e aqueles que beneficiam do orçamento comunitário. Nos últimos um referendo venceria, nos outros dependeria.
Nós nunca vimos os europeus ricos, os Ingleses, os Holandeses, os Alemães e outros, os populares, os homens que votam, a dar de boa vontade algo de significativo a alguém. No entanto há países cuja força intelectual se faz sentir como força política e não é assim mesquinha, vê mais longe, ultrapassa essa simples contabilidade do deve/haver, é altruísta de pleno.
Na Inglaterra, como caso peculiar, não há intelectualidade politicamente não comprometida. Não tendo a intelectualidade força própria, o governo segue mais directamente a opinião popular, tudo é pesado às mais pequenas vantagens e desvantagens, tudo se vê como estando dentro ou fora dos benefícios. A única diferença é que aqui não se trata de populismo é o cálculo que é feito a longo prazo e com mais factores contra o imediatismo que reina em Países com gestão menos eficaz.
Por estas razões temos simplisticamente os Países ricos a favor, desde que não em referendo, os pobres de qualquer forma, os Ingleses se o vento for de feição, todos a dizer Sim à Europa. Louvemos Sócrates pela clarividência, aliás óbvia.

09 janeiro 2008

Reformas – Os cêntimos da polémica

Desde o governo da Maria de Lourdes Pintassilgo que as reformas são aumentadas a partir de Dezembro. Como ela estava prestes e sair e com a conivência do Presidente da República de então que a tinha nomeado, à revelia de todas as normas democráticas, Pintassilgo entendeu dar essa benesse, que só aparentemente o é.
Mais tarde Cavaco Silva haveria de criar o subsídio de férias para os aposentados, em vez de fazer repercutir o mesmo valor durante o ano. Diz-se que a pessoas gostam de receber assim umas maquias juntas, quando o importante é efectivamente o que se recebe durante os doze meses do ano.
Ora estes acrescentos laterais assim atribuídos não têm a natureza de incrementos efectivos ao valor da pensão. Esgotam-se com o seu pagamento.
Quando o governo acordou com os parceiros sociais no novo esquema de cálculo dos aumentos das pensões, também acordou que eles seriam aplicados a partir de Janeiro e que os retroactivos de Dezembro seriam incorporados na pensão do ano distribuindo-os pelos pagamentos a efectuar, 14, e ficando assim englobados nos valores a pagar nos anos seguintes.
A oposição, mercê de uma imbecilidade quase congénita que ataca estes políticos, saiu à rua, que os reformados estavam a ser roubados, o governo queria beneficiar de uns juros que aquele dinheiro poderia produzir se não fosse pago já. E o governo recuou, estupidamente, porque tinha razão e assim esta gentalha que tem acesso aos meios de comunicação nunca mais aprende. Mas o governo não tem o direito de prejudicar ninguém.
Agora sou eu a dizer que esta oposição, de que o governo se mostra conivente, está-nos a prejudicar e deve ser penalizada por isso. Quem tiver uma pensão de 400 € em 2007 passará a receber 409,6 € em 2008. Recebendo o Dezembro de 2007 e o Subsídio de Natal tem 19.2 € de atrasados a crédito.
Se este valor for pago no próximo mês, ficará com o dinheiro e não mais se fala nisso. Continua no resto do ano a receber 409,6 € e para o ano seguinte receberá uma aumento sobre este valor. Se a opção fosse pagar aquela diferença durante o ano receberia em cada mês mais 1,37 € o que faria 410,97 €, que seria a base para cálculo da pensão dos próximos anos.
Quer dizer que aqueles 1,37 € passariam a fazer parte da sua pensão e recebê-los-ia toda a vida e não só durante um ano e sobre ele acresceriam os aumentos que viessem a ser determinados em anos futuros, aumentos que sendo em percentagem considerarão sempre aquele valor. Se for igual ao deste ano teremos um beneficio de 1,37 € + .03 € =1,4 €.
Como neste caso no caso do subsídio de férias de Cavaco Silva são duas coisas perfeitamente diferentes o acrescentar um valor ou incorporar esse valor na base de cálculo. Infelizmente os nossos políticos são matematicamente uns imbecis e o governo teria aqui uma boa ocasião para brilhar, mandá-los para as novas oportunidades e dar mais um bocado de conhecimentos de matemática a uma população, neste aspecto, quase analfabeta.

08 janeiro 2008

Conhecendo as regras, planeamos melhor o futuro

Todos concordamos que as regras que venham a ser aplicadas a um facto futuro devam ser conhecidos antecipadamente. Tal pode ajudar a um planeamento correcto da nossa vida.
Só este Governo nos convenceu a aceitar alterações às regras de cálculo das pensões de reforma de modo a podermos ter a garantia que elas não necessitarão de grandes alterações futuras.
Determinaram-se quais os factores que devem ser tomados em consideração, a forma como deve ser efectuada a sua medição, os índices que devem ser usados de forma automática nos cálculos a efectuar.
Assim a data da reforma por velhice passou a ser calculada sem intervenção política, tomando em consideração principalmente a esperança de vida. Do mesmo modo o valor das próprias pensões de reforma passou a ter em conta toda a carreira contributiva, colocando em igualdade de circunstâncias todas as pessoas.
Passou a haver maior justiça social e dificultou-se significativamente o recurso a engenharias financeiras, a manipulação dos dados para os pôr a jeito e terem maior ou menor repercussão no resultado final. Deixaram de ter razão de ser os descontos estratégicos.
Os aumentos anuais do valor das pensões passaram a depender da forma como a economia se vai comportando e não da vontade mais ou menos benévola dos governantes.
Estas medidas são de longe as mais significativas tomadas por este ou por qualquer outro governo e são de aplaudir.

07 janeiro 2008

Discuta-se a forma, é o que convém, ignore-se a substância!

Esta discussão à volta do B.C.P. é tudo o que a direita não teria querido que acontecesse e tudo faz para embaralhar agora que ela se tornou inevitável. Assenta no velho princípio de que se não pode defender do ataque pela substância, defende-se pela forma. Ao querer dizer que tudo está mal na forma pretende-se ignorar ou deixar de dar importância à substância.
Claro que este estratagema não é particularmente inteligente, é o usado por todos os criminosos que mataram alguém e acusam as forças da ordem de os terem arranhado na hora da captura. A televisão e outros meios de comunicação não lembram mais da vítima a quem o sangue já de nada serve e logo dão cobertura moral àqueles mostrengos de que mostram o olhar mais indignado a olhar para uma pinga de sangue próprio.
Hipocritamente a direita diz que tanto a C.M.V.M. como o Banco de Portugal já deveriam ter intervido há muito. Mas se tivessem dados para tal e o tivessem feito, tinha caído o Carmo e a Trindade. Alegariam que nenhum motivo teria sido suficiente para lançar abruptamente um banco em crise, denunciando toda a sua direcção. Afinal critica-se por actuar tarde, mas ao mesmo tempo vai-se criticando pela forma de actuar. Alega-se que haveriam sempre outras formas de intervir sem molestar as aparências.
A direita é a favor do segredo no negócio, em especial quando ele tresanda para a ilegalidade. Uns panos quentes também seriam o remédio que daria para abafar este caso. Os órgãos reguladores são afinal responsáveis por não terem resolvido a crise antes de ela transparecer para a opinião pública através de desavenças entre os administradores do Banco. A sua intervenção, desde que secreta, seria bem recebida, caso contrário nunca.
O Edifício caiu de podre, os seus próprios sustentáculos foram-no destruindo, escancararem ao público estupefacto um espectáculo miserável. Os nossos políticos e intelectuais, em vez de procurarem uma moral que não temos para aplicar ao negócio, acham que o assunto está bem entregue nas mãos da Opus Dei e da Maçonaria, que se encarregarão de o resolver.
Se esta organizações não têm gente capaz para resolver estes intrincados problemas da moral nos negócios ou da falta dela, quem mais o fará? Sem uma exemplar punição destes desavergonhados não mais haverá confiança na banca nacional. E o Estado tem que ter uma clara posição sobre a gestão dum negócio que só existe baseado na sua credibilidade. E deitar a mão à obra sem intermediários, cortando a direito, todos são suspeitos.

06 janeiro 2008

Quando o exemplo é a melhor maneira de aplicar uma Lei

A Lei de proibição de fumar em recintos fechados, simplificadamente, haveria de entrar em vigor numa época do ano particularmente fria, o que tem dado lugar a ver os fumadores nos mais inóspitos lugares. Esplanadas, varandas abertas a toda a circulação de ar são o refúgio dos dependentes da nicotina que até merecem uma particular manifestação de solidariedade.
Mas não há qualquer dúvida de que até nunca se viu uma tão grande unanimidade em relação a uma Lei da República. Para tal muito terá contribuído esta jogada magistral de pôr toda a gente a querer que a sua primeira vitima seja mesmo o Presidente da ASAE. Até que enfim há uma Lei para pôr um poderoso a pagar, diremos todos os que partilhamos esta ambição secreta.
Até nem interessa poder ser caricato aplicar qualquer possível rigor da Lei a quem fuma uma cigarrilha naquelas circunstâncias em que se estava a comemorar uma festa começada e já bem fumada no dia 31 de Dezembro e que não se poderia cortar a meio. O tabaco já lá estava, não tinha passado pela cabeça de ninguém que a Lei fosse aplicável a partir de meio da festa.
Claro que o dito Presidente foi apanhado a fumar às tantas da madrugada do dia 1 de Janeiro, altura em que a Lei já tinha as tantas horas de aplicação teórica, o que pôs toda a gente a apoiar uma aplicação radical. Nós gostamos dos preciosismos e, se não a queriam aplicar, tinham escrito que a Lei só se aplicava após o fim das festas que tivessem começado no dia 31 de Dezembro.
Esta chamada aos nossos mais arreigados sentimentos “democráticos”, bem vivos quando a vingança está presente, é mesmo de mestre.

05 janeiro 2008

Ferro Rodrigues lá longe vomita de indignação

Em relação ao passado guterrista despesista não se percebiam as diferenças deste Ferro, ele nunca se preocupou em as estabelecer, o País não mais enfrentaria os problemas que se adivinhavam com a sua prosápia gastadora. Em boa hora foi arredado da direcção do partido socialista.
A maneira pela qual se afastou é da responsabilidade de Jorge Sampaio, mas não resultou de qualquer apreciação deste sobre os acontecimentos que lhe haviam atribuído. O seu ressentimento pode ter alguma razão de ser, mas a forma de o manifestar não é a mais correcta.
Não é de alguém ter vergonha por se sentir indignado por razões pessoais, mas tentar utilizar os nossos sentimentos de solidariedade com os seus para hostilizar a solução adoptada após o seu afastamento da direcção socialista é sinal de mau perder.
Esta questão da arrogância/humildade não é tão simplista como este Ferro mole quer fazer crer. Este Ferro parece uma Passionária que de humilde tem pouco e de arrogante tem bastante. Porque o que parece não é, por outras palavras, não se pode convencer que somos obrigados a aceitar a imagem que nos quer passar, de menino mimado e enxovalhado.
O vómito do exilado de luxo choca mais do que o de qualquer ignorante do nosso Portugal. Porque quer juntar dois vómitos para ter maior repercussão, quando em nenhum deles tem razão.

04 janeiro 2008

João Jardim não dialoga, não consensualiza, não, não e não!

Objectivamente Kadaffi tem razão, os africanos têm sido espoliados de parte significativa da sua riqueza, sujeitos à mais vil escravatura, transportados para fora do seu ambiente natural. João Jardim tem razão, Lisboa, os poderosos tiraram da Madeira parte substancial do seu rendimento. E nós no resto de País não vimos sempre os produtos da terra, do solo, a energia serem canalizados para o Litoral, particularmente do Porto a Lisboa?
O João Jardim não tem razão especial só porque o seu "território" é mais facilmente delimitado, como ilha representa uma unidade mais vincada. Depois porque se não tratou de nada que se parecesse com o caso africano. Ainda porque em grande parte foram movimentos comerciais executados com certa normalidade e em que o que está em causa é a quem eles beneficiaram.
Muitos madeirenses podem achar adequado o seu papel, mas a realidade é que nada de racional permite que João Jardim tome as atitudes que toma, insulte os portugueses da forma como o faz, envergonha os líderes do P.S.D., submetendo-os a incríveis humilhações, vexames. São estes que genuflectidos, mais mal ficam na fotografia. João Jardim não consegue minimamente beliscar a credibilidade, lisura e educação de que os Ministros têm dado mostras e a sua figura cada vez diz menos às pessoas.
João Jardim diz que não quer saber de consenso, porque o senso é precisamente o que lhe falta. Nem sequer quer saber de diálogo porque está habituado a não ouvir ninguém, a decidir por todos, a não ser contestado pela maioria do seu território, também como ele sempre prontos a receber, que dar não é com eles.

03 janeiro 2008

Em cérebros tão brilhantes a perfídia também alastra

O liberalismo viu-se de tal modo atacado pela referência na mensagem presidencial aos rendimentos desproporcionados dos poderosos que se tornou tema da Quadratura do Círculo. Não se deve entrar nesse terreno pantanoso (LX). A culpa do atraso vem do modelo social (PP). Não há gestores com salários altos, há pessoas com salários baixos (JC). Tanta hipocrisia é de mais.
A perversidade da inteligência que levou ao comunismo é igual à daqueles que defendem este regabofe. Se o comunismo assentava numa apropriação colectiva dos bens de produção, estes senhores que por lá passaram e como que a querer demarcar-se, defendem agora a apropriação individual ou de grupo, a modos de conquista. Só LX se fica pela meia tese porque acha que Cavaco só se deveria referir aos gestores públicos.
Hoje que as terras já não são a fonte primordial de riqueza. Hoje que continua a haver trabalho escravo mas sob formas mais sofisticadas. Hoje são os bens de utilidade pública, que são públicos no sentido que ninguém se conseguir apropriar deles, que são a fonte principal de riqueza. O Estado ao regulamentar o uso e partilha desses bens tem que ter em vista o benefício de toda a sociedade e não só de alguns.
Os mais evidentes bens desta natureza são o espectro radioeléctrico, a água, o vento, o mar. Mas podem também ser considerados bens de utilidade pública todos os que possam ser utilizados ou destruídos para dar origem a outros, caso em que o Estado terá sempre uma palavra a dizer sobre a forma da sua utilização. Até o dinheiro, posto pelo Estado à disposição dos cidadãos, não pode ser apropriado por alguém de modo anti-social.
É triste ver que em cérebros tão brilhantes a perversidade, a perfídia e a avareza tenham tanto campo para alastrarem.

02 janeiro 2008

Os poderosos do mundo e as suas alianças

Nunca como agora os poderosos do mundo se terão posto tão a jeito para que as pessoas possam ver quais as suas reais motivações, os valores que defendem, a falta de princípios de que dão mostra.
Cavaco Silva, à semelhança do que havia feito o Presidente Alemão há uns meses, referiu-se na sua mensagem de Ano Novo aos excessos cometidos nas remunerações dos gestores das grandes empresas.
Também não é de hoje a promiscuidade entre a política e a alta finança e os poderosos em geral, mas vai-se vendo melhor. Mas é bom que se veja bem. Cadilhe, citado por Filipe Meneses como o agente político ideal para gerir a C.G.D., aparece agora a denunciar pretensas interferências no B.C.P.
Cadilhe não indicou uma equipa séria para gerir o B.C.P. mas uma equipa propagandística, todos ou quase bem nutridos já com excelentes reformas, opinadores e políticos de direita no activo. Só que parece que querem substituir a Opus Dei por ratos de sacristia.
A Maçonaria tem de certo tido um papel activo neste processo na sequência de uma velha guerra de irmãos desavindos. Todas estas ligações, filiações deviam ser conhecidas, que numa sociedade livre não é de todo admissível que o poder se jogue a nível de sociedades secretas.
Quando nós, vulgo cidadãos, pensamos inocentemente que o poder é exercido por partidos políticos em nossa representação, estamos a ser enganados, que as interferências são mais que muitas. Os poderosos procuram sempre as alianças mais satisfatórias para si.

01 janeiro 2008

Referendo – Não se confunda voto democrático e voto bondoso

A Comunidade pensou em ter um corpo de leis, regulamentos, regras, preceitos coerentes que permitissem a sua própria expansão sem necessidade de, em cada vez que nisso se pensasse, fosse necessário pôr em causa o já anteriormente adquirido.
Submetido o acordado a referendo em dois países fundadores, tal foi rejeitado, baseado sempre no princípio que as pessoas não encaram um referendo de forma isolada em relação às circunstâncias políticas internas e o princípio da bondade está longe de dar forma à intervenção política das pessoas. Afinal esta intervenção é tida como um substituto da guerra.
O voto é efectivamente uma arma e as armas têm a sua lógica própria. Quando se entrega uma arma a alguém nunca se sabe o que lhe passará na cabeça na altura que a utilizar. Por isso a democracia nunca será um domínio de meninos de coro, porque estes não levam a democracia a sério, no coro estão sempre a pedir armas, a querer ir a votos, a querer brincar com explosivos. A democracia não é governo na hora, opinião na hora, voto fora dos momentos apropriados.
De certo que, ao votarem contra, os franceses e holandeses não estavam a pôr em causa a necessidade de prescindir da obrigação de unanimidade para gerir a Comunidade, retirando em alguns questões o direito de veto ao seu governo e ao de todo e qualquer um dos países que à Comunidade vão aderindo.
Também não vou ao cinismo de pensar que eles estão definitivamente esquecidos dos valores europeus e cansados de subsidiar os mais fracos para melhorarem a sua condição. Fiquemo-nos pelos motivos unicamente caseiros, de dispensa, de alcova, de congestionamento da casa de banho.
Na verdade os Europeus dão a imagem de quem se recusa a pensar a sério a Europa. E mesmo que se diga que não são os valores europeus que eles querem pôr em causa, é esse o efeito prático da sua atitude. As pessoas conscientes, que se não deixam enredar em argumentos falaciosos e armadilhados, recusam-se a aceitar esta autofagia dos valores que pareciam mas efectivamente, talvez pela mudança geracional, não estão bem alicerçados.
Novos países querem aderir à Comunidade e para esses este espectáculo não é agradável. São os países que estão e não os que querem entrar que põe obstáculos ao abandono do princípio da unanimidade, justificável a seis mas perfeitamente absurdo a vinte e sete. Exige-se operacionalidade com o fim de alguns bloqueios. Este é o mais importante aspecto que está em causa e nós dizemos sim sem referendo.

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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