28 abril 2009

As diferenças entre audição e representação.

O Deputado à Assembleia da República Abel Baptista, também Presidente da Assembleia Municipal de Ponte de Lima, está a tornar-se especialista em itinerários de comunicação, seja de comboio, estrada ou auto-estrada.
Naquela qualidade participou na reunião com a Comissão de Acompanhamento da Construção da A32 na Branca (Albergaria-a-Velha) destinada a contestar um dos traçados cujos efeitos, segundo a referida comissão, seriam irreversíveis.
Uma estrada ainda vá, pode um dia vir a ser mudada, mas uma auto-estrada parece muito mais improvável. Daí a irreversibilidade dos seus efeitos seja qual for o traçado escolhido. Mas cada um tem direito a puxar a brasa para a sua sardinha. Pelo que esta comissão procura os seus apoios na Assembleia da República.
A única diferença em relação ao Deputado Abel Baptista é que em Albergaria esteve a ouvir e em Ponte de Lima a sua determinação era outra: Impor a todas as forças políticas uma comissão cuja orientação colidiria com os princípios e com os interesses defendidos por elas. Nada impede que defenda as suas ideias em Lisboa mas em seu nome e da organização partidária que representa.
Não tendo efeito prático a sua descolagem de Daniel Campelo não poderá usar o argumento do bloqueamento provocada pelas outras forças políticas, mas caso venha a ser o candidato do CDS à Câmara naturalmente que o vai usar. Com proveito é que é duvidoso.

27 abril 2009

Uma Comissão de que já não se fala

A Assembleia Municipal de Ponte de Lima, na sua reunião do 25 de Abril, decidiu-se pela criação de uma comissão de acompanhamento da definição e concretização do projecto da rede ferroviária de alta velocidade que atravessa o concelho de Ponte de Lima, no eixo Porto -Vigo.
Votaram somente 15 membros contra e 5 abstiveram-se. A favor, presume-se, foram mais. Somente há um facto inultrapassável: São votos de uma só força política e da maioria, senão da totalidade dos Presidentes de Junta.
Tendo a CDU, o PS e o PSD, embora por razões diferentes, recusado integrar a referida Comissão qualquer veleidade de a constituir caiu por terra. Está assim constituída uma comissão virtual que nunca terá hipóteses de ascender ao domínio da realidade por falta de representatividade.
Não houve qualquer tentativa de chegar a um consenso prévio em relação aos pressupostos que deveriam presidir ao trabalho de uma comissão deste tipo. Entre os membros do Partido Socialista e o representante da CDU que, por princípio, apoiavam o TGV e os membros do PSD que se lhe oponham irredutivelmente o Presidente da Assembleia e deputado do CDS Abel Batista não conseguiu estabelecer qualquer ponte.
O maior adversário da formação desta Comissão foi o PSD, na sua cegueira de seguir as propostas políticas do seu Partido a nível nacional. O propósito do PS era definir o quanto mais cedo possível o traçado adoptado e propor neste as alterações, necessariamente mínimas, que fossem viáveis.
Reduzir ao mínimo o tempo de condicionamento no traçado que vai ser abandonado, de modo a que as pessoas possam prosseguir os seus projectos, e mesmo reduzir a faixa de condicionamento no traçado que venha a ser adoptado é a primeira prioridade de quem quer assumir as suas responsabilidades. Acho que numa Comissão assim definida o PS se integraria. Porque os objectivos seriam claros e não ambíguos como os propostos.

21 abril 2009

A posição de Campelo incomoda as hostes sociais-democratas

Para Daniel Campelo a linha do TGV passando por Ponte de Lima pode trazer benefícios a prazo, pois pode vir a ser utilizada por comboios de várias características. Disse-o em entrevista ao AltoMinho e isso incomodou as hostes social-democratas.
Na verdade se esta linha projectada tem algumas exigências para permitir uma velocidade de 250 quilómetros, a qualidade por excesso não é defeito. Comboios mais lentos podem vir a circular, sendo que a bitola dos carris é a europeia, e com muito mais segurança.
Em vez de termos uma linha às curvas, como infelizmente são muitas das nossas estradas e as linhas de bitola estreita que estão hoje quase todas abandonadas, vamos ter uma linha com o mínimo de curvaturas, o que traz prejuízos evidentes às edificações que estão nesse trajecto, mas que também permite que outras mais modernas se construam em locais decerto melhores.
Em vez de uma linha subindo penosamente, como o faz a linha do Douro, do Douro até Marco de Canavezes, vamos ter uma linha subindo suavemente do Lima para Norte atravessando o Formigoso e chegando ao Coura com um arco não muito superior a 10 metros de altura. A linha atravessará o Cavado, o Neiva, o Lima, o Coura e o Minho numa ondulação diminuta para a distância percorrida.
O impacto, mesmo tendo em conta estes condicionalismos, é muito inferior à auto-estrada em largura, tempo de circulação, possibilidade de atravessamento, poluição e em muitos mais aspectos. O Comboio é considerado o transporte ideal para pessoas e mercadorias.
O aspecto da exploração económica é o único sobre o qual as dúvidas não estão desfeitas. Mas atendendo a que este troço é financiado pela Comunidade em 75%, este facto levanta esperanças de uma exploração favorável.

20 abril 2009

O PSD enreda-se em contradições sobre o TGV

O PSD Limiano promoveu em 17 de Abril um colóquio-debate sobre a passagem do TGV em Ponte de Lima. As três pessoas convidadas mais pareciam uns curiosos escolhidos para se mostrarem e não para mostrar a ciência, pois careciam dela.
O objectivo seria abrir uma guerra ao governo, ateando fogo nesta praça, que no entanto permanece surda aos apelos do PSD. Em vez disto a desorientação da plateia estendeu-se à mesa e foi um desfilar de tiros no pé de bradar aos céus numa força politica com a experiência desta.
Falou-se da atitude dúbia de Ferreira Leite, da convicção que o TGV será uma certeza qualquer que seja o próximo governo, incluindo se for do PSD, do velho bloco central de interesses, das sociedades de advogados de Lisboa que, à vez, mas sempre com os mesmos objectivos, vão patrocinando a feitura destas grandes obras.
Falou-se dos problemas da TAP derivados da utilização do aeroporto de Lisboa pelas empresas de baixo custo, da necessidade de manter estas para Campo Maior para lhes reduzir os atractivos, falou-se de coisas nunca faladas, de alternativas nunca postas e opções apresentadas fora de tempo.
Os assistentes sentiram-se órfãos, da mesa não surgiram respostas para as principais questões e principalmente para “o que fazer”. Uma iniciativa destas, a tão pouco tempo das eleições, não pode ser encarada pelo lado académico, aliás fraco, mas deveria ter uma orientação precisa a fornecer aos militantes tão carentes de apoio.
Até eu fiquei triste com tanta inépcia política.

16 abril 2009

O PSD e a ala Paulo Portas do CDS estão contra o TGV

Espera-se elevação no debate sobre o TGV na próxima Assembleia Municipal de Ponte de Lima a realizar a 25 de Abril. Mas as dificuldades dos que apoiam uma tal moção já pretensamente aprovada de repúdio pelo TGV não prometem grandes intervenções da sua parte.
A pretensão de que se aprove uma Comissão de Acompanhamento sem orientações definidas é uma forma encapotada de dar carta branca para o Presidente dessa dita Comissão manipular mais facilmente as sua posições e utilizar a comunicação social para uma campanha descarada contra a passagem do TGV, seja por onde for.
Estando ainda por definir quem vai ser o candidato do CDS à Câmara de Ponte de Lima, esta atitude de Abel Batista pode também ser interpretada como uma forma de pressão e condicionamento de Daniel Campelo. Como este não necessita de cedências, com certeza que vai assumir com independência a sua posição.
Tanto pode ser de oposição à criação da tal Comissão, que ele se diz suficiente para defender os interesses de Ponte de Lima, conforme a sua opinião, como pode ser da sua total marginalização ou até ignorância.
Abel Batista corre o risco de depois da nega dos Jovens Centristas do CDS ter agora as hostes limianas de novo divididas.

14 abril 2009

Favelas de ricos

A Universidade do Minho está a fazer um estudo sobre as razões porque nas encostas dos arrabaldes de Braga proliferam favelas de ricos. O termo já é elucidativo, na medida em que remete para a segregação social. Isto é, nos seus efeitos esta construção de casas em território que não é o originário das pessoas e que visa a fuga das pessoas das construções verticais cria fenómenos sociais que podem ser equiparados aos dos favelados.
Seria também interessante estudar o que se passa em Ponte de Lima, onde a construção tem tido tendência a alastrar pelas encostas das colinas e montes, embora para já, afora o caso do Monte da Madalena, de carácter muito mais disperso que em Braga.
Mas aqui não é só a população da Vila que se dispersa, é também a dos arredores do Porto que para cá vem. A sua tendência é para procurar o isolamento, manter-se desligada da realidade local, num segregacionismo novo riquista de gente que não quer ser incomodada no seu descanso por vizinhos a quem “é duvidoso serem civilizados a não ser quando estão entretidos com o seu folclore”.
São residências de fim-de-semana, de gente que se incrusta no hospedeiro, aproveita o seu sossego, mas que nada faz para se incorporar na realidade humana existente, se relacionar com um meio constituído por pessoas que decerto veriam de bom grado vizinhos participativos na vida social e que soubessem transmitir algum saber.
Estes novos vizinhos são maus porque só se relacionam marginalmente, como aliás acontece com a maioria nas suas residências verticais das cidades. Neste ponto é um fenómeno idêntico ao das favelas de ricos, possivelmente mais nefasto porque junta de costas voltadas, embora só ao fim-de-semana, pessoas com perspectivas de vida bem diversas.

10 abril 2009

Porreiro pá! …, Mas nem tanto!

A escolha de Durão Barroso para Presidente da Comissão Europeia não é a indicação de um Português para um Órgão Internacional, antes é a indicação de quem vai dirigir um Órgão Supranacional em que está depositada muita da nossa soberania, que tem uma intervenção e exerce um condicionamento marcante sobre a política que é seguida a nível nacional.
Por isso a perspectiva de José Sócrates é porreira, mas está longe de ser correcta, sequer legítima vinda de quem vem, que tem obrigação de defender uma política diferente para a Comunidade Europeia.
O meu voto em Junho só faz sentido se com ele poder escolher os deputados nacionais ao Parlamento Europeu e dessa forma influenciar a política europeia e indirectamente a escolha da futura Comissão Europeia.
Caso o PPE perca as eleições de Junho, o que eu almejo, não lhe caberá indicar um candidato, mas se Durão Barroso persistir na sua candidatura, José Sócrates cometerá um grave erro se continuar a apoiá-lo e abrir um conflito inevitável com o Parlamento Europeu.
O neo-liberalismo tem que ser abandonado e a política europeia tem que se recentrar nos valores que lhe deram a grandeza e estabeleceram a diferença. Novos protagonistas são necessários, que não sejam simples representantes do capital que fazem da política a defesa dos seus interesses económicos.
O meu voto em Junho é para um candidato que defenda a paz, a liberdade, a cooperação, a solidariedade, que defenda a Europa como a portadora daqueles valores que precisamente Durão B
arroso ajudou a pôr em causa.

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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Ponte de Lima, Alto Minho, Portugal
múltiplas intervenções no espaço cívico

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck
O mais perfeito retrato da solidão humana