14 abril 2009

Favelas de ricos

A Universidade do Minho está a fazer um estudo sobre as razões porque nas encostas dos arrabaldes de Braga proliferam favelas de ricos. O termo já é elucidativo, na medida em que remete para a segregação social. Isto é, nos seus efeitos esta construção de casas em território que não é o originário das pessoas e que visa a fuga das pessoas das construções verticais cria fenómenos sociais que podem ser equiparados aos dos favelados.
Seria também interessante estudar o que se passa em Ponte de Lima, onde a construção tem tido tendência a alastrar pelas encostas das colinas e montes, embora para já, afora o caso do Monte da Madalena, de carácter muito mais disperso que em Braga.
Mas aqui não é só a população da Vila que se dispersa, é também a dos arredores do Porto que para cá vem. A sua tendência é para procurar o isolamento, manter-se desligada da realidade local, num segregacionismo novo riquista de gente que não quer ser incomodada no seu descanso por vizinhos a quem “é duvidoso serem civilizados a não ser quando estão entretidos com o seu folclore”.
São residências de fim-de-semana, de gente que se incrusta no hospedeiro, aproveita o seu sossego, mas que nada faz para se incorporar na realidade humana existente, se relacionar com um meio constituído por pessoas que decerto veriam de bom grado vizinhos participativos na vida social e que soubessem transmitir algum saber.
Estes novos vizinhos são maus porque só se relacionam marginalmente, como aliás acontece com a maioria nas suas residências verticais das cidades. Neste ponto é um fenómeno idêntico ao das favelas de ricos, possivelmente mais nefasto porque junta de costas voltadas, embora só ao fim-de-semana, pessoas com perspectivas de vida bem diversas.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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Ponte de Lima, Alto Minho, Portugal
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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck
O mais perfeito retrato da solidão humana