25 março 2009

Está a Adega no caminho certo?

Está a decorrer um curso destinado a operadores de restauração muito frequentado e de qualidade. Pelo menos é o que me dizem, que mesmo quem tem já uma boa experiência do sector está a aprender, a actualizar e clarificar conhecimentos que a prática ia dando.
Num dos módulos programados a direcção do curso pensou que seria apropriado integrar uma visita à Adega Cooperativa de Ponte de Lima, o que decerto seria benéfico para ambas as partes, tratando-se de pessoas que necessariamente têm influência nas escolhas que os clientes fazem em relação aos vinhos.
Assim não entendeu a direcção da Adega que achou apropriado aplicar a cada participante uma taxa de 10 €, não se sabe se para pagar o tempo perdido, o vinho gasto, os aperitivos oferecidos ou qualquer outro custo que se possa atribuir a uma visita deste tipo.
É uma medida despropositada, que carece de algum esclarecimento público, que a Adega até não é só uma questão dos seus sócios, é um património dos mais relevantes para Ponte de Lima. Por mais campanhas que se façam para denegrir o vinho, este faz parte da nossa cultura, integra um passado de que nos podemos orgulhar e é necessário que se preserve o seu papel no futuro, o que com medidas destas não está garantido.

24 março 2009

Esta carta anónima, recebida ontem, dá uma imagem precisa do carácter de quem a escreveu. Professor de trabalhos manuais ou oficinais que, como deixa entender, fez o secundário quando um grupo de professores primários que necessitavam do 11º ano para progredir na carreira conseguiu que se desse início ao ensino nocturno em Ponte de Lima. E este meu velho "amigo" aproveitou como eu, tivesse ou não aproveitado a embalagem ou tivesse contribuído para o arranque. Hoje é mestre, não de trabalhos como antigamente o chamavam, mas mestre por uma qualquer universidade que passa certidões mas não verifica o carácter de quem as recebe. Activista anti ministra por lhe terem tocada na dignidade de professor que não está para se sujeitar à avaliação de ninguém, não tem qualquer noção do seu valor, da pequenez do seu contributo para a humanidade, copista de outros mestres, reprodutor de uma sabedoria que perde qualidade ao ser por ele intermediada. Representante de uma indignidade colectiva cobarde, de quem quer ter razão a qualquer preço, quando os verdadeiros motivos da sua atitude são o dinheiro, as regalias desmedidas de que usufrui uma classe que já foi paradigma e que hoje é rejeitada tal como se apresenta .

21 março 2009

Uma guia sem nexo que não serve de directriz a coisa nenhuma

Como no resto do Centro Histórico de Ponte de Lima também na Zona Ribeirinha, agora em obras, qualquer sítio vai servir para cargas e descargas e até para estacionamentos, à falta de locais apropriados.
Mas pior ainda, as obras vão revelando falhas absurdas de carácter técnico que vão criar problemas e agravar outros desnecessariamente.
Na frente do Mercado Municipal, virada para o Lg. A. Magalhães, entenderam criar uma guia, uma directriz que vai passar a constituir a separação entre a via e o passeio à esquerda e que corre sem qualquer alteração do seu desnível desde o início ao fim no Passeio 25 de Abril.
Como do lado do mercado e do outro lado também os passeios existentes têm uma quebra acentuada a meio, colocaram toda a via de trânsito inclinada para a direita e o novo complemento de passeio do lado do mercado de forma ainda mais acentuada para a esquerda.
Na parte mais alta, na crista assim formada entre o passeio da esquerda e a via de trânsito, colocaram um canal que decerto só captará a água da chuva que lhe caia directamente em cima.
Porém a água não faltará entre a Caixa Agrícola e a Capela da Senhora da Penha de França, agravando-se com este segundo aumento do passeio a situação que já existia e havia sido criada com o primeiro.
Não sei de quem me hei-de queixar mas chamo a atenção das pessoas para que se não deixem ensandecer, nem sejam subservientes por mais diplomas que lhes apresentem.
Uma coisa é certa, isso eu sei, os Gondomarenses vão dar saltos e não se vão queixar da falta de engenho estampada naquelas obras, porque quando chover eles não vão parar por cá para ver.

20 março 2009

Os slogans que sobram, o Slogan que falta

Esta da “Vila mais antiga de Portugal” até andava um pouco esquecida. Afinal isso não é nada que se veja, não acrescenta nada ao que já existe, é um slogan que, por mais razoável que seja, não deixa de ser inócuo.
Há slogans mais sonantes, como aqueles que nos falam do mais elementar que é darmos alimento ao nosso corpo. Capital do Vinho Verde ou Pátria do Sarrabulho são títulos que, se reconhecidos, valem realmente algo. No entanto é abusivo assumi-los sem que a respectiva qualidade seja inigualável, intocável.
Em relação ao vinho não há dúvida que a nossa Adega Cooperativa foi pioneira e manteve durante muitos anos um nome reconhecido. Só que a partir de 1997 deitou tudo a perder e não está a ser fácil recuperar o tempo perdido. Já quanto ao Sarrabulho parece estar a haver um aproveitamento com propósitos variados que só lançam a confusão e novos protagonistas para um cenário a precisar de clareza. É Sarrabulhada a mais.
Mas não têm faltado os slogans propagandísticos de duvidosa eficácia e veracidade. Desde “Ponte de Lima a terra mais florida” a “Ponte de Lima a terra mais limpa” e acabando na “Terra Rica da Humanidade”, mas passando por outros que o tempo fez esquecer, tem sido um chuveirinho de slogans cujo efeito, pela abundância, pode ser perfeitamente pernicioso.
Basta desta proliferação de slogans. Se uma terra for conhecida por um slogan bem identificativo, incontestado já chega. Isto de querer açambarcar tudo só pode passar junto dos néscios e hipócritas, que não sabem a cara que fazem perante quem vê estas coisas com seriedade.

19 março 2009

A Vila mais antiga, uma pia mentira

Daniel Campelo reafirmou no JN de hoje o seu apoio a este slogan que ele próprio lançou há anos. Pelo menos no aspecto formal é uma pia mentira, daquelas a quem o tempo dá laivos de verdade. Como não fez mal a ninguém durante estes anos, só agora as vozes se levantam perante a mentira (pelo menos formal).
Vilas já havia muitos pelo menos desde que os romanos por cá andaram e foram lentamente substituindo a civilização castreja aqui construindo uma ponte, porque a mobilidade era um dos vectores da sua superior civilização. Mas não há vestígios de que aqui tenha existido qualquer povoado significativo, pelo menos na margem esquerda do rio.
Todos os povoados de certa dimensão ficam nas margens direita dos rios, o seu lado mais saudável, mais seguro, que o sol e o inimigo vinham do sul. Mas as povoações criam-se no contexto de uma dada organização estatal ou para-estatal, com uma lógica própria de defesa e distribuição populacional. Não estamos aqui perante um Estado Moderno, historicamente muito mais recente, mas duma soberania nem sempre absoluta, porém organizada.
D. Teresa, auto-proclamada Rainha do Condado Portucalense, achou por bem dar o foral a Ponte de Lima, pequeno burgo cuja dimensão verdadeira em população se desconhece, mas que geograficamente é diminuto. Este foral dá à população aqui residente e a este pequeno burgo direitos pouco vulgares, nomeadamente no trânsito de quem cá se queira deslocar, o que ao tempo era custoso.
O que não resta dúvidas é que, no contexto da criação de mais um Estado, que só viria a ser reconhecido vinte anos depois da outorga do foral, com uma independência só teoricamente dependente do Papado, que o haveria de reconhecer mais tarde, este foi o primeiro acto do género que foi praticado por quem se concedeu poder para tal, a Rainha D. Teresa.
A questão é um pouco estar a discutir se a criança já existe desde a fecundação ou somente com o nascimento, o que pode ser relevante nuns casos mas na maioria não é e em particular para quem espera a criança. Por facilidade de linguagem caímos, cai o Daniel Campelo, nesta pia mentira de em vez de dizer que é o mais antigo foral atribuído na fase de gestação de Portugal a um pequeno território ambicioso, dizer que é o mais antigo de Portugal concedido a um concelho.

17 março 2009

O feriado, uma questão a destempo

O PSD de Ponte de Lima fez do Feriado Municipal um problema de relevância na sua estratégia política. Tudo bem. Nestas circunstâncias de pré campanhas eleitorais ninguém lhe vai ligar, a não ser eu que por vezes gosto de ser benemérito e dar um pouco de troco para animar a malta.
Esta questão entronca com a do foral e com a problemática do ser ou não ser a Vila mais antiga de Portugal. Em tempo falaremos desta. Mas a questão também se relaciona com a marcação das Festas do Concelho e com a sua antecipação de uma semana devido à antecipação que se verificou no começo das aulas. E também desta questão falaremos depois.
A questão do foral é importante se ele assume mesmo um aspecto fundador, de uma povoação que nasceu do nada, com direitos superiores aos habituais e numa lógica nova, diferente daquela que durou séculos e que passava pela criação das povoações importantes na margem direita dos rios que correm de nascente para poente, isto é a norte. Ponte de Lima é uma novidade e permanece excepção.
A questão do tempo em que se celebra o feriado e do seu carácter também é importante. A antecipação das Feiras Novas vai dar ao dia 20 de Setembro uma outra dignidade, que pode ser ainda reforçada se se acabar com a segunda feiras de Feiras Novas e se assumir o carácter religioso que está na base da sua génese. Mas também algumas outras actividades podiam ser incluídas no seu programa normal.
Quanto à época climática não haverá dúvidas que as comparações são favoráveis a Setembro e as excepções só confirmarão a regra.

16 março 2009

O sarrabulho, prato regional ou comercial?

Os novos confrades da Confraria do Sarrabulho à Moda de Ponte de Lima têm que fazer uma declaração estranha em que o amor ao sarrabulho é um pretexto somente. Parece que é algo que se come mesmo que a contra gosto. Nada ali realça o aspecto principal que deve nortear a acção de uma Confraria deste género.
Na dita declaração diz-se que o sarrabulho terá nascido em Ponte de Lima nos inícios do século passado. Não é assim que se defende um prato regional que tem as suas origens decerto uns séculos bem atrás deste parto tardio que lhe é atribuído. A coisa será diferente se se querem referir somente ao prato comercial, mas isso seria muito restritivo.
Sabemos que em princípio o sarrabulho é um arroz de cabidela, feito com sangue e miúdos de uma qualquer animal, em particular a cabra ou o porco. No prato comercial de arroz de sarrabulho substitui-se os miúdos por carne desfiada de vaca e galinha, o que não lembraria ao diabo, muitos menos a qualquer lavrador abastado que mataria o seu porco, mas não matava uma vaca para lhe tirar nenhum “ganso” e deixava a galinha a dar ovos para a próxima Páscoa. É uma solução puramente comercial.
Nesse prato primitiva ter-se-á introduzido as carnes desfiadas e enviado os miúdos para o prato dos rojões conjuntamente com as belouras, as chouriças de verde e as enfarinhadas. Quem o fez pela primeira vez?

15 março 2009

A má política camarária de promoção do sarrabulho

A Câmara Municipal de Ponte de Lima desconfia dos comerciantes de sarrabulho de Ponte de Lima. Foram eles que criaram esta atracção pelo sarrabulho, vendido a um preço convidativo, não estando em questão a sua qualidade, esperando tão só pelo cliente e tentando corresponder aos seus gostos e posses. Agora surge a Câmara com novas ideias e novos patrocínios.
Uma das pessoas que anda a minar a confiança no comércio local e a tentar assumir uma posição de liderança na questão do sarrabulho é o dono do Restaurante Camelo de Portuzelo. Já tem as boas graças da Câmara, pronta a entregar-lhe um papel privilegiado nesta questão, quando não a gestão da Catedral do Sarrabulho, o Restaurante Clara Penha.
Os restaurantes de Ponte de Lima têm que se pôr de sobreaviso perante esta invasão de quem se promoveu à custa de Francisco Sampaio, da Praça da Alegria e da Feira de Santarém sem quaisquer créditos anteriores. Não teremos em Ponte de Lima gente capaz do mesmo mediatismo ou só Daniel Campelo é capaz de umas prestações televisivas apropriadas?
Hoje instalar um restaurante não é fácil e a Câmara de Ponte de Lima tem que incentivar quem se arrisque neste negócio sem querer controlar tudo e ser o maior arrendatário e promotor da restauração limiana. Em vez de apoiar quem se queira instalar, aposta tudo em gente de “créditos” firmados. Esta política de engordar os nababos é errada.

14 março 2009

Pela recuperação do modelo dos actuais candeeiros da Ponte Medieval

A Câmara Municipal de Ponte de Lima colocou durante algum tempo dois novos tipos de candeeiros sobre a Ponte Medieval para analisar o seu efeito estético e a sua correspondência à iluminação pretendida.
Os motivos desta alteração são vários, desde a deterioração dos actuais por enferrujamento à necessidade de um melhor efeito visual e de uma melhor eficiência energética, escondendo o foco de luz e projectando-a toda sobre a ponte e à necessidade de duplicar o número de candeeiros.
Os candeeiros lá colocados correspondem a alguns dos objectivos mas não a todos. Não havia necessidade de alterar o actual visual em relação ao suporte dos candeeiros existentes, que emprestam uma outra robustez, uma maior grandiosidade nos quatro elementos que a constituem.
Os suportes apresentados, um redondo e outro quadrado, são de uma simplicidade confrangedora que se coaduna pouco com o carácter pesado duma obra da natureza da ponte. Já quando ao suporte propriamente da lâmpada eléctrica a solução actual não satisfaz em nenhum sentido.
A implantação na actual base de um suporte da lâmpada diferente era possível. Decerto um suporte quadrado semelhante a uma das soluções apresentadas, com uma outra dimensão talvez para se não perder de vista e corresponder à dimensão do restante candeeiro.
Aceitam-se estudos.

13 março 2009

Uma chantagem sem contrapartida

“Se a direcção do partido não dá um sinal de demarcação em relação às declarações de um dirigente que diz que eu não tenho carácter, não pode querer contar comigo como candidato a deputado”. Manuel Alegre não podia ser mais claro, está perfeitamente convencido que devia vai ser por direito próprio, o lugar é mesmo seu e ninguém o pode substituir como deputado.
Podem contar com ele, está disposto a defender os bons princípios, a lutar pela boa governança do País, a propor o mais puro socialismo de que só ele conhece a fórmula, a zelar pelo cumprimento de tudo aquilo de que ele entende ser o fiel depositário desde que a musa o visitou e lhe deu a voz de poeta e a verve de compositor de árias trovejantes.
Se a Assembleia da Republica legislou pela limitação dos mandatos dos presidentes da Câmara, acusados de serem corruptos, porque se não lembrou de legislar sobre os seus próprios membros e impor-lhes um limite de mandatos e de idade. Se não se pode ser funcionário público porque será que se pode ser deputado, mesmo senil ou sandeu?
Manuel Alegre está decerto saturado de ser deputado, é-o por desfastio e porque não pode ir à caça todos os dias, tolera a função para se manter no palco mediático, que a sua grande ambição é ser de novo candidato a PR.
Se o PS o não deixa a falar sozinho comete grave erro, hipoteca a credibilidade do seu grupo parlamentar, cuja função tem que ser a de apoiar o governo nas boas e nas más condições, mas em especial quando os outros fazem campanhas demolidoras que visam destruir qualquer possibilidade de instituir um governo estável para o País.
A chantagem de Manuel Alegre não oferece contrapartida e é humilhante para os outros deputados que têm dado o seu apoio incondicional, mesmo quando não são favoráveis a todas as medidas que o governo tomou.

12 março 2009

Dinheiro, riqueza e capital

O que esta crise veio mostrar é que, tão mau como não haver dinheiro para investir, é haver dinheiro em excesso e a possibilidade de o investir em produtos de base duvidosa.
As Instituições Financeiras, em vez de procurarem investimentos directamente na produção, dedicaram-se a investir ou canalizar o investimento dos seus clientes para aplicações financeiras directamente associadas à especulação.
O dinheiro existe e está em mãos seguras, de quem o amealhou à custa da especulação ou doutro qualquer sistema, mas que se soube ou teve a sorte de se acautelar em devido tempo. Os felizardos são aqueles que não necessitam de obter liquidez à custa de outros bens de que sejam possuidores. Estes bens é que no geral desvalorizaram, sejam imóveis, sejam negócios, sejam acções.
A riqueza representada por bens não monetários está também em fundos e aplicações impessoais, normalmente com falta de liquidez, geridas por critérios que perante a especulação se revelam impotentes pela falta de maleabilidade. E, quanta mais pressão sobre eles fazem os seus próprios detentores, mais eles se afundam.
Há uma excessiva acumulação de capital, não só em mãos de algumas pessoas muito ricas, como nestas aplicações, sejam elas ou não destinadas a pagar pensões no futuro. Mas todo esse capital não é mais que uma virtualidade a que só o trabalho dará real substância. Esta a razão porque o nosso sistema de segurança social, assente no fruto directo do trabalho dos vindouros, é o mais seguro do mundo.

11 março 2009

Se pensamos que nos safamos num pequeno bote estamos enganados

Há imensa gente a ter medo do futuro mas também há demasiada gente despreocupada, como se o futuro não pudesse trazer problemas e principalmente como se não fosse necessário atacar desde já a possível génese e desenvolvimento de alguns. A atitude mais séria que podemos tomar é nesta confluência de alerta, prevenção e acção positiva.
A atitude fácil de oposição ao progresso, como se fosse possível criar uma ilha imune às suas consequências, não nos ajuda a resolver os problemas. No entanto esse é o pensamento de Daniel Campelo que justifica a em Ponte de Lima aparente falta de problemas derivados da crise com o não embarque na industrialização desenfreada, a qualquer custo.
Primeiro não é verdade que os problemas não tenham surgido, amortecidos embora pelo nosso sistema social, público e familiar. Depois não é sustentável que nos esqueçamos da realidade e continuemos a apostar em manter vivas as manifestações folclóricas, como se estas só por si nos garantissem o pão do futuro.
Acima de tudo não podemos viver o futuro com as certezas do passado. Estas valem o que valem, mas não está garantido que valham para o futuro. Há na economia um efeito de irreversibilidade, as coisas nunca mais voltarão a ser as mesmas, que nos deve obrigar a pensar o nosso problema numa perspectiva global.

10 março 2009

Vamos ter uma catedral do sarrabulho?

Em Ponte de Lima formou-se a Confraria do Sarrabulho à Moda de Ponte de Lima devido à pressão ASAE ou outros organismos públicos e com o objectivo de certificar este produto gastronómico e defender certos dos seus aspectos específicos. Porém, talvez perante uma certa apatia e desinteresse dos mais beneficiados, os restaurantes, a Câmara assumiu demasiado protagonismo nesta Confraria.
Os propósitos da Confraria estão a ser alargados e a assumir aspectos de excessiva abrangência. Quando se fala em intromissão no domínio do preço e de pormenores miudinhos da confecção está-se a querer criar um estereótipo desnecessário e talvez contraproducente. A própria concorrência obriga a adaptar o produto ao gosto do cliente, a uma certa flexibilidade e não à rigidez de quem julga ser depositário do livro certo.
Com a compra do prédio e anexos do antigo restaurante Clara Penha, a Câmara está a dar mais um passo no sentido de estabelecer uma padronização assente na atribuição da paternidade do sarrabulho à família que deu origem àquela casa como uma das que fornecia sarrabulho em Ponte. É outra pretensão excessiva.
No tempo da outra senhora já o turismo tinha esta concepção e fazia deslocar a cozinheira respectiva ao Casino Estoril e a outras mostras para turista ver. Recentemente o Francisco Sampaio seguiu este mesmo princípio e adoptou a dita senhora como mãe desta iguaria tão mal tratada, mas nem por isso merece ser tratada desta maneira.
Muitas vezes adopta-se o nome de uma pessoa para simbolizar um conjunto, à falta de um nome deste. Se esse for o propósito que se assuma e estamos de acordo. Caso contrário nada impede que amanhã um restaurante queira lançar um sarrabulho à moda da Rosa Paula ou da Encanada que está em seu pleno direito.

09 março 2009

Levemos a sério as eleições europeias

O Ministro das Finanças disse que ia bater o pé, caso não fosse aceite pela Comunidade Europeia o IVA a 5% para a passagem nas pontes sobre o Tejo. Efectivamente não está em causa qualquer concorrência para que nos seja imposto uma qualquer outra taxa em vigor na Comunidade.
Temerosamente Portugal começa a bater o pé aos grandes da Europa, que se reúnem a seu belo prazer para tomar decisões que afectam a todos. Além do mais os grandes vêm pôr em causa a dispensa do princípio da unanimidade que a revisão do tratado impõe para a tomada de muitas decisões que comprometem o futuro de todos.
A direita europeia está num beco sem saída e entretêm-se a simular pequenas soluções para tão grave problema que é a crise de emprego que afecta a Europa. Lembre-se que ainda há pouco o parlamento Europeu chumbou uma proposta do Sr. Barroso par que fosse autorizada a prática de 72 horas semanais de trabalho, quando o que é necessário é distribuir por todos as necessidades de trabalho existentes.
Com esta direita no poder na Europa, a capacidade de adoptar políticas de esquerda a nível nacional é perfeitamente impossível. Por isso as próximas eleições europeias são mais importantes do que as eleições nacionais. Só com a derrota da direita a nível europeu é possível mandar embora o Barroso e colocar no poder uma Comissão mais eficaz, com outras soluções.
Infelizmente ninguém parece estar interessado em discutir a transferência de soberania já feita e a fazer e as suas implicações nas nossas vidas. Na minha perspectiva é que, sendo lá, na Comissão, no Conselho Europeu e no Parlamento europeu, que reside já muita da nossa soberania, é necessário provar isso às pessoas para que elas levam a sério as próximas eleições europeias.

08 março 2009

Alegremente ensandecido

Em tempos aos velhos era perdoado o seu desfasamento da realidade. Atribuía-se à senilidade esse efeito que assim se reconhecia não depender da vontade humana e ser um facto inultrapassável. Hoje já se prolonga a vida e o nosso estado de alerta em relação à realidade e as falhas dos velhos não são tão perdoáveis.
Há no entanto outro fenómeno que ocorre na velhice e perturba a nossa relação com os outros, não sendo de ordem fisiológica: É o ensandecimento. Este ocorre em pessoas que tiveram um percurso individual perfeitamente demarcável, que foram louvadas pelos seus méritos, mas que repentinamente se vêm incapazes de corresponder ao que a imagem que têm de si mesmos deles pede.
Estas pessoas têm um sentido agudo da realidade. Se forem de esquerda sabem claramente que a política dos últimos anos tem sido eminentemente defensiva, não havendo avanços no sentido dos valores de esquerda. O que essas pessoas não querem reconhecer é que não havia base sólida sobre a qual fosse possível construir uma política de esquerda e mesmo que se fizessem algumas tentativas de avanço seriam facilmente reversíveis.
Perante o descalabro da direita, começa hoje a haver hoje condições para pensar numa politica diferente e mais progressista, mas não se podem dar passos em falso, como aconteceu no tempo de Guterres. É necessário que a esquerda consiga atingir o poder na Europa e consiga afastar Barrosos e quejandos do poder para manter em respeito banqueiros e capitalistas.
Perante isto o poeta ensandecido o que faz: Enfrentar o partido a quem deve muito da sua imagem com pouco contributo próprio. Não vem mal ao mundo se desprezarmos os seres que se deixam ensandecer por falta de actividade intelectual, por se manterem fixados na imagem que um espelho qualquer lhes reflecte, por se acharem animicamente descompensados. Alegre fala só do passado porque acha que este lhe justifica as posições egocêntricas. O meu desprezo para Manuel Alegre.

07 março 2009

Em causa está a defesa da dignidade humana

O caso acontecido no Brasil de uma menor de nove anos violada pelo padrasto e que engravidou de gémeos tem suscitado reacções contraditórias, porque põe em causa a prevalência de certos princípios morais sobre outros.
Este caso é paradigmático em relação àquilo que é necessário sacrificar para que outros princípios vençam. Será legitimo pôr em causa a vida da jovem, medicamente incapaz de dar seguimento a uma maternidade fora do seu tempo normal e em último instância a perpetuação de uma crime?
O Bispo de Olinda e Recife entende que é. A jovem, a família, os médicos, uma imensidade de gente que interveio na autorização e persecução da interrupção da gravidez foi expulsa da Igreja. O criminoso não foi alvo de qualquer condenação. A sociedade, com o Presidente da Republica à frente, está estupefacta.
A Igreja lida mal com as possibilidades que a ciência veio trazer para a defesa da dignidade humana. Quando a anormalidade surge no ambiente humano, em particular no ambiente familiar, é perfeitamente legítimo que se corrijam os seus efeitos maléficos. Num caso cuja cura só era possível desta forma radical, é contestável haver princípio algum que prevaleça sobre ela.
O homem é imperfeito. Mas não é legitimo que se imponha a alguém que seja vítima da imperfeição dos outros porque já chega a sua. Ninguém tem o direito de fazer de uma jovem vítima perpétua de uma conjugação de factores que terá feito introduzir um ser hediondo no seu ambiente familiar. Porque a Igreja se recusa a rever, não os seus princípios, mas a ordem de prevalência que uns terão necessariamente sobre os outros?

06 março 2009

Aqueles que da morte se vão libertando

Muita gente gostaria que, da sua passagem pela vida, ficasse um rasto, pequeno que fosse, que testemunhasse os seus feitos. Assim o constatou o nosso poeta Camões e agiu em conformidade, dando público conhecimento do que distinguiu muitos dos seus contribuíram para o nosso maior feito: As descobertas.
Mas não restarão dúvidas que conforta muito mais o reconhecimento feito pelos que compartilham o mesmo tempo e o mesmo espaço de vida. Há pois lugar para o passado e para o presente, para as Figuras Limianas posta em livro e para a atribuição de medalhas de mérito a quem maior destaque alcance. O problema é que sobre as tais Figuras já mortas o juízo é mais fácil do que sobre quem connosco convive.
Nos mortos pode-se bater à vontade, nos vivos teremos que ser mais comedidos. Mas genericamente aceitam-se os critérios. Enalteço os méritos de dois jovens ligados à canoagem para os quais este “prémio” será um claro incentivo para continuarem a dar o seu melhor. Enalteço o mérito do Médico Amadeu Pimenta em relação ao empenho no seu trabalho, mas também no apoio que tem dado a muitos Limianos que lho solicitam.
Quanto ao Lar de Idosos, decerto um dos mais antigos do País, é inquestionável o seu mérito. Depois temos mais seis limianos com contribuições diferenciadas, mas sempre meritórias, para a nossa vida colectiva e dois não limianos, Couto Viana e Francisco Sampaio, com méritos discutíveis. È a vida.

05 março 2009

Um louvor à política e a quem a exerce com dignidade

A Politica é uma das actividades mais nobres, mas que se deve exercer sob o máximo escrutínio popular. Só assim não pensa quem se quer substituir a todos os outros e queira exercer o poder com base num grupo restrito de correligionários.
Muitos dos economicamente poderosos clamam contra os políticos quando acham a sua actuação pouco defensora dos seus interesses e atrevem-se mesmo a dizer que, sendo eles que lhes pagam, pelo menos que mais contribuem, têm o direito de despedi-los quando quiserem.
Por outro lado os economicamente débeis clamam exactamente pelos mesmos motivos, vistos do seu próprio prisma, por não serem suficientemente defendidos da voracidade do capital.
Todos os políticos desagradam a alguém, mas quanto mais se procuram colocar ao centro, quanto mais tentam conciliar os interesses de todos, mais se sujeitam ao fogo cruzado, à convergência de todas as oposições.
Os políticos moderados são os mais humilhados por arrivistas de todos os matizes. Os políticos com mais sucesso são os mais conflituosos. Mas uns e outros, sujeitando-se aos ditames da democracia, exercem a sua actividade no convencimento de que estão a defender a melhor solução, mesmo que temporária, para o seu País.
O Cardeal Saraiva foi um político moderado, conciliador, que procurou que a monarquia liberal da primeira metade do século dezanove se conseguisse impor como a melhor solução para Portugal naquela época.
A cerimónia de inauguração da sua estátua em Ponte de Lima integrou uma palestra do Prof. Oliveira Ramos e intervenções do Presidente da Assembleia da Republica, Jaime Gama e do Presidente da Câmara de Ponte de Lima, Daniel Campelo. Foram três elogios ao homem, mas também afirmações claras de louvor à política e aos políticos que melhor a encarnam.
Muitos dos assistentes não terão gostado, em especial os que lá estavam e participaram na apresentação no sábado anterior do livro da Figuras Limianas da Terra Rica da Humanidade.

04 março 2009

Que fantasma persegue Salvato Trigo?

Em Ponte de Lima é de bom-tom bater nos políticos. Um dos motivos será comum a todo o País: Salazar usou e abusou dessa condenação genérica, atribuindo todos os males da Pátria aos políticos da 1ª. República. Salazar, bem seguro no poder, atribuiu aos políticos os piores propósitos divisionistas perante aqueles que à sua volta se uniam formando um núcleo que conteria tudo aquilo que era de mais puro, o que era puro engano.
Em Ponte de Lima houve, na opinião de alguns, da parte de Daniel Campelo um propósito igual que outros, mais do que ele próprio, efectivamente alimentaram. Não é a maioria que incomoda, é o unanimismo, a defesa de uma teoria anti-política, anti-divergência, anti-crítica só porque criticar a crítica é um exercício de pouco dispêndio intelectual e de proveito evidente.
Por isso quando há um acontecimento de certa relevância na pasmaceira limiana a Câmara recorre a um orador bem enquadrado nesta temática que, em vez de dar vida às águas paradas, se propõem sempre esbracejar contra quem supostamente nelas quer mexer. Tem o mérito de deixar a audiência unanimemente embasbacada.
Este orador permanece fiel a certas ideias estáticas, só tem evoluído numa coisa: Na forma como identifica os energúmenos que são os supostos causadores de todos os males. Dantes eram os críticos de taverna, a começar decerto pelos que frequentavam a tasca do seu pai, onde terá bebido os primeiros tragos de maledicência gratuita.
Agora fala dos críticos de café, gente de certo mais fina que se presume ser a que transita pela Havanesa e redondezas. De futuro serão os críticos da blogosfera, decerto. Será que ainda não chegou a esse mundo, bastante mais sórdido, mais cobarde e mais imundo?
Se não se refere a ninguém em particular, mas tão só ao espírito do lugar, esconjure os seus fantasmas e fale abertamente das suas razões e da razão de tanto engulho que não lhe dá liberdade para falar abertamente de ideias e pensamentos mais nobres e construtivos.

03 março 2009

Figuras e figurões que fazem a riqueza e a pobreza desta terra

Vários são os princípios que podiam ser adoptados para agrupar num livro pessoas ligadas à nossa terra. Haverá quem defenda que nesse livro só deveriam ser incluídas as pessoas que se identificassem com aquela ideia de Ponte de Lima mais difundida e aceite. Seria sempre faccioso retirar alguém somente por partilhar estas ou eventualmente ideias contrárias. Esta obra não escapa porém a esta observação.
Haverá quem defenda que só lá deviam constar aqueles que viveram preferencialmente aqui, que cá ganharam raízes, fosse qual fosse a sua origem. Seria decerto redutor, pois também há quem defenda que basta levar o nome de Ponte de Lima a terras estrangeiras para que se lhes deva reconhecer os méritos correspondentes.
Haverá quem defenda que só lá deviam constar aqueles que exerceram funções atribuídas pelo poder, só estes têm o mérito de permanecer na recordação das pessoas. O poder exerce-se para o bem e para o mal e é sempre bom que se conheça quem o exerceu., mas está longe de ser suficiente para se ter uma ideia da realidade social. É um erro a que nesta obra se não foge.
Haverá quem defenda que importantes são aqueles que contribuam para mudar a sociedade, aqueles que apresentam ideias inovadoras, aqueles que se destacaram pelo seu trabalho, aqueles que revelaram qualidades mas as não puderam pôr em prática. Haverá quem defenda que dos derrotados não reza a história e há quem faça deles a história.
Seja qual for o prisma pelo qual se defenda que se faça uma escolha criteriosa, a natureza da obra aconselharia uma maior abrangência, um critério exemplar, dado não haver lugar para todos e a presença de muitos se torna fastidiosa, repetitiva, irrelevante. É sempre mais grave uma falha quando são mais que muitos os casos semelhantes e que nada trazem de novo.

02 março 2009

O reforço da centralidade de Ponte de Lima faz Daniel Campelo apoiar o TGV

A viragem na posição de Daniel Campelo perante o TGV surpreendeu a última Assembleia Municipal de Ponte de Lima. Talvez porque a aparente oposição frontal que tinha manifestado fosse mal interpretada, quando só faria parte de uma estratégia com o objectivo de obter compensações para o concelho, como é habitual na sua actuação política.
Não surpreendeu porém quem sabe a aversão que Daniel Campelo tem pelo PSD, partido girândola que em Ponte de Lima tem tido uma actuação errática, sempre pronto a acompanhar a sua direcção nacional e desprezando os interesses imediatos e mediatos de Ponte de Lima. Maugrado tenha caído como uma luva na sua tradicional posição, claro que não passam por aí as verdadeiras razões deste volte face aparente.
Segundo fontes próximas da governação, em Ponte de Lima será sempre construída uma escala técnica para o TGV. Esta escala técnica, a usar somente quando houverem razões para tal, pode vir a constituir uma escala normal, uma paragem funcional para alguns tipos de comboios. Esta Linha será essencialmente de transporte de mercadorias e a uma velocidade que nunca será excessiva.
Daniel Campelo terá entendido, como eu sugeri, o que também é a opinião de Gaspar Martins, para falar neste seu meio irmão, que no futuro esta infra-estrutura poderá constituir, é mesmo quase seguro que venha a constituir algo de muito valioso para o concelho, dentro do princípio do reforço da sua centralidade em relação ao Alto Minho.
O TGV tem suficientes virtualidades para que não seja necessário procurar compensações em qualquer outro domínio.

01 março 2009

A oportunidade da denúncia de parasitagem política

Na política o tempo é decisivo. Não basta ter razão, é mesmo nefasto ter razão antes do tempo. Principalmente porque enunciar uma verdade fora de tempo dá um trabalho imenso para obter resultados duvidosos. Enunciar na altura própria, quando as evidências são suficientes para dispensar extensas explicações, é condição necessária para a eficácia política.
Chamar de parasita ao BE, como António Costa o fez, seria impensável há uns tempos, se ele não tivesse a experiência do seu vereador Sá Fernandes. António Costa limitou-se a enunciar uma verdade que a realidade tornou evidente, quando a parasitagem política atingiu uma dimensão nunca vista e pondo em causa a governabilidade do País.
Os partidos da oposição não têm em Portugal um discurso que se coadune com as responsabilidades que podem advir de uma participação na governança do País. Minar o poder sem avaliar as consequências passou a ser um processo político adoptado por todas as oposições, inclusive por esses inacreditáveis sociais-democratas. Mas com estes não vale a pena perder tempo.
O Partido Socialista tem que desfazer o novelo que constitui o BE, representante já de uma ideologia intragável, de uma ânsia de poder perigosa que dá origem a episódios como o de Sá Fernandes e Joana Amaral Dias. A sua atitude derrotista, terrorista, de parasita político tinha que ser denunciada e esta denúncia não podia vir em melhor altura.
Esclarecer a razoabilidade das razões de queixa da esquerda é contribuir para captar votos, não só para favorecer o PS, mas acima de tudo para assegurar a governabilidade deste País que não pode ser entregue a parasitas, digam-se eles de direita ou de esquerda.

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana