13 março 2009

Uma chantagem sem contrapartida

“Se a direcção do partido não dá um sinal de demarcação em relação às declarações de um dirigente que diz que eu não tenho carácter, não pode querer contar comigo como candidato a deputado”. Manuel Alegre não podia ser mais claro, está perfeitamente convencido que devia vai ser por direito próprio, o lugar é mesmo seu e ninguém o pode substituir como deputado.
Podem contar com ele, está disposto a defender os bons princípios, a lutar pela boa governança do País, a propor o mais puro socialismo de que só ele conhece a fórmula, a zelar pelo cumprimento de tudo aquilo de que ele entende ser o fiel depositário desde que a musa o visitou e lhe deu a voz de poeta e a verve de compositor de árias trovejantes.
Se a Assembleia da Republica legislou pela limitação dos mandatos dos presidentes da Câmara, acusados de serem corruptos, porque se não lembrou de legislar sobre os seus próprios membros e impor-lhes um limite de mandatos e de idade. Se não se pode ser funcionário público porque será que se pode ser deputado, mesmo senil ou sandeu?
Manuel Alegre está decerto saturado de ser deputado, é-o por desfastio e porque não pode ir à caça todos os dias, tolera a função para se manter no palco mediático, que a sua grande ambição é ser de novo candidato a PR.
Se o PS o não deixa a falar sozinho comete grave erro, hipoteca a credibilidade do seu grupo parlamentar, cuja função tem que ser a de apoiar o governo nas boas e nas más condições, mas em especial quando os outros fazem campanhas demolidoras que visam destruir qualquer possibilidade de instituir um governo estável para o País.
A chantagem de Manuel Alegre não oferece contrapartida e é humilhante para os outros deputados que têm dado o seu apoio incondicional, mesmo quando não são favoráveis a todas as medidas que o governo tomou.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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