10 março 2009

Vamos ter uma catedral do sarrabulho?

Em Ponte de Lima formou-se a Confraria do Sarrabulho à Moda de Ponte de Lima devido à pressão ASAE ou outros organismos públicos e com o objectivo de certificar este produto gastronómico e defender certos dos seus aspectos específicos. Porém, talvez perante uma certa apatia e desinteresse dos mais beneficiados, os restaurantes, a Câmara assumiu demasiado protagonismo nesta Confraria.
Os propósitos da Confraria estão a ser alargados e a assumir aspectos de excessiva abrangência. Quando se fala em intromissão no domínio do preço e de pormenores miudinhos da confecção está-se a querer criar um estereótipo desnecessário e talvez contraproducente. A própria concorrência obriga a adaptar o produto ao gosto do cliente, a uma certa flexibilidade e não à rigidez de quem julga ser depositário do livro certo.
Com a compra do prédio e anexos do antigo restaurante Clara Penha, a Câmara está a dar mais um passo no sentido de estabelecer uma padronização assente na atribuição da paternidade do sarrabulho à família que deu origem àquela casa como uma das que fornecia sarrabulho em Ponte. É outra pretensão excessiva.
No tempo da outra senhora já o turismo tinha esta concepção e fazia deslocar a cozinheira respectiva ao Casino Estoril e a outras mostras para turista ver. Recentemente o Francisco Sampaio seguiu este mesmo princípio e adoptou a dita senhora como mãe desta iguaria tão mal tratada, mas nem por isso merece ser tratada desta maneira.
Muitas vezes adopta-se o nome de uma pessoa para simbolizar um conjunto, à falta de um nome deste. Se esse for o propósito que se assuma e estamos de acordo. Caso contrário nada impede que amanhã um restaurante queira lançar um sarrabulho à moda da Rosa Paula ou da Encanada que está em seu pleno direito.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana