04 novembro 2007

Retirem a política da superficialidade

A conversa acerca da manutenção ou não da palavra “dada” é uma velha pecha da política portuguesa. Os que hoje solicitam o dito “respeito” amanhã serão solicitados e deviam saber que assim é. Absurdamente cada vez mais alinham ao lado daqueles partidos que, alheios às contingências da política, fazem finca-pé neste tipo de questão.
Aqueles que são visceralmente contra a Comunidade Europeia, afinal uma das entidades que mais contribuiu para a queda do muro de Berlim, também se fazem alheios às alterações verificadas que os contradizem, referindo até à exaustão aquelas que não correram tão bem. A Comunidade Europeia está sempre, para eles, a faltar à palavra sobre o paraíso prometido.
Filipão tomou a atitude correcta. Esperemos que Sócrates assuma igualmente uma postura não demagógica nesta questão, contra a vontade dos que querem criar um episódio para aparecerem a fazer alarde da sua inexcedível superficialidade.

03 novembro 2007

O despertar de mais um mágico

Afinal Filipe Meneses não vai ter que se haver com um só, mas se não aparecerem mais, terá que se haver pelo menos com dois concorrentes.
Já não é só aquele que “andava por aí” e que renasceu. Depois de ter recebido o poder inesperadamente, sem o dramatismo de uma transição disputada, como seria o seu desejo, não o soube segurar.
O seu poder não se baseava em nenhum processo de rotura que lhe desse um impulso decisivo. Perdeu ingloriamente a golpes dos seus próprios amigos. Mas não perdeu a esperança de que um dia lhe dêem razão. Afinal o coração conta muito e ele espera que lhe não olhem para o cérebro.
Mas agora para estar à perna do Filipão vai ter a companhia daquele tal de Ribau que, pela amostragem é amigo que não deixa ficar mal os amigos do outro. É bom que haja gente desta, destemida, pronta a dar o seu contributo à Pátria.
Porém da categoria dos que só mostram bravata já cá os havia muitos. Quando eles se encostam a alguém para ter visibilidade e já se querem apresentar como os melhores do mundo, sem terem provado nada de importante, é ridículo.

02 novembro 2007

A importância de um acto simbólico

O P.S.D. não é a favor do referendo às alterações aos tratados da Comunidade Europeia. Filipão manteve-se firme, o P.S.D. cambalhotou.
Filipão terá percebido muitas das razões que tornam inoportuno tal referendo e, como apoia a aceitação daquelas alterações, depara-se-lhe a inutilidade de discutir tudo a propósito de pouco, como muitos pretendem.
Os poderes necessários para aquela aceitação cabem perfeitamente nos já conferidos pelo eleitorado aos nossos órgãos de soberania: Presidência, Assembleia, Governo.
Alguns não perdoarão a Filipão ter feito que o seu partido desse o dito por não dito, tão agarrados agora se mostram a coerências, tão lestos a ocultar que esta e outras incoerências que vão surgir serão a rectificação de erros cometidos no passado.
Não se pode exigir coerência entre factos de natureza diversa, até entre factos da mesma natureza suficientemente separados no tempo. O próprio eleitorado, pelo menos em certas das suas franjas, não votaria agora do mesmo modo que o teria feito no acto de adesão.
Nessa altura teria sido cometido erro grave porque todos se preocuparam em dar pompa e circunstância ao acto e não curaram de lhe dar a substância que actos simbólicos como um refendo representam.
Será uma lacuna que perdurará, mas se a queremos suprir escolhamos um momento de maior significado que ele surgirá de certo no futuro. Então já serão netos ou bisnetos dos que, há anos, implicitamente disseram Sim que vão ser chamados a se pronunciarem.As nossas responsabilidades estão por demais assumidas.

01 novembro 2007

O património reclamado por quem “andou por aí”

Há quem, depois de escorraçado da “loja”, ainda faça uma afirmação peremptória de que vai continuar a “andar por aí”, só porque se acha herdeiro de ideias partilhadas, mas de que ele se arroga o direito de interpretar.
Nada mais fácil de seguir do que as ideias dos mortos. De entre espírito e letra do legado dos defuntos deixar-nos-ão sempre algo a que nos podemos associar, independentemente de os contextos e as circunstâncias serem diferentes e da prática ter de ser outra.
Não falta pois quem, à falta de ideias próprias, se aproprie dessas. E se elas tiverem passado por um processo dramático para serem postas em prática tanto melhor. E nada mais apelativo que colocar emoção bastante na evocação, mais ou menos a propósito, de fugazes ligações ao autor.
À falta de herdeiro legítimo, facilmente nos associamos àqueles que reclamam uma herança heróica, para a qual estão prontos a arranjar milhentas testemunhas a confirmar o legado, prontas a manter vigilância à porta e ao ferrolho, a serem seus fiéis depositários.
A herança de Sá Carneiro tem para Santana Lopes este significado. Mas não passará de uma simples tentativa de sonegação da propriedade dos seus legítimos herdeiros?
Até não seria descabido que, perante a apatia de todos esses possíveis herdeiros, a herança não tenha já sido apropriada por gente estranha ao próprio P.S.D. Filipe Meneses vai ter um vigilante para uma herança sem dono.

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

Acerca de mim

A minha foto
Ponte de Lima, Alto Minho, Portugal
múltiplas intervenções no espaço cívico

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck
O mais perfeito retrato da solidão humana