27 janeiro 2008

A serenidade impõe-se na hora da … morte

Ver na televisão não é a mesma coisa do que ver ao vivo. Sentir a pulsação ou a faltas dela em idosos distribuídos de modo circular numa sala de asilo em dia de visita oficial é um espectáculo pelo menos desmoralizador. Não tão degradante como o que se passa com as filas de macas em corredores à espera, em observação ou já despachados, nunca se sabe para onde.
Uma das falhas mais salientes do nosso sistema de assistência na saúde está nos cuidados continuados para os doentes que têm necessidade de várias observações e tratamentos durante o dia. Há necessidade de alguma privacidade, reserva mesmo, de não exposição gratuita ao olhar público.
O problema dos cuidados continuados não se ponha há poucas décadas mas explodiu em grande devido a dois factores: O aumento da esperança de vida dos idosos e a mudança de modo de vida, de comportamentos e afinal dos ritmos dos mais jovens, que não têm tempo disponível, nem disposição.
Mais um idoso foi colocado no Hospital de Vila Real e nem roupa interior lhe terão deixado. Por efeito de uma melhoria ou da simples constatação de um estado estável sem previsível evolução deram-lhe alta e remeteram-no sem cuecas sequer para uma maca à espera de um táxi.
Levado pelo taxista em difíceis condições, retornaria pouco tempo depois ao hospital já em ambulância para vir a morrer. É este triste espectáculo que deveria ser evitado. Quem queira ser sereno na hora da morte já o não consegue ser.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck
O mais perfeito retrato da solidão humana