11 janeiro 2008

Referendo – Agarrem-me que eu mato-o

“Agarrem-me que eu mato-o” é a expressão que o ultra-liberal Pacheco Pereira foi buscar para dar uma ideia de que seria simulado o período de análise e ponderação que José Sócrates se deu a si próprio antes de tomar uma decisão sobre a possibilidade de realização de um referendo sobre o tratado de Lisboa.
Segundo ele a decisão já teria sido tomada e esse período só serviu para encenar um espectáculo que visaria criar receio e ansiedade na população e na comunicação social. Estaria assim facilitado, de forma um pouco automática e justificada, um processo de adesão de Sócrates à tese do não referendo. Ter-se-ia gerado um apelo para uma decisão rápida e simples.
O efeito foi realmente este, se é que era o pretendido, com toda a gente a ficar satisfeita, exceptuando os radicais de direita e os fantasistas de esquerda. Afinal só é pena que todas as decisões não sejam tomadas desta maneira mas também é pena que nem sempre seja possível ter um período de reflexão, não de quinze dias ou um mês, mas afinal de duas décadas.
Afinal andamos há duas décadas à espera de participar num acto fundador que só teria sentido se tivesse ocorrido depois de Mário Soares ter aderido e não agora que as decisões de fundo já estão quase todas tomadas e são irreversíveis. Só nos resta fazermos da eleição para o Parlamento Europeu de cinco em cinco anos um sinal claro da nossa adesão.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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