05 fevereiro 2007

Todas as escolhas tem algum ressaibo

O Melhor Português Que é afinal? Sim Que é, porque só após respondermos a esta pergunta estamos habilitados a identificar Quem mais terá contribuído com uma determinada característica para o bem nacional.
Ou, primeiro ainda, será necessário saber se esse alguém é aquele que mais a encarna ou aquele que mais a propagandeou. E este aspecto é tanto mais importante quanto a nossa vida se passou essencialmente no século da propaganda, da coacção psicológica, da chantagem emocional e nós temos de nos libertar dos seus efeitos perduráveis.
Calma ainda porque, antes de escolher a pessoa apropriada, será de precisar que, recaindo a escolha no melhor português, ele terá que ser aquele que mais bem deu a Portugal ou aquele que melhor assumiu os valores humanistas num quadro de progresso civilizacional.
Quanto ao nacionalismo não é reavivá-lo pôr a questão por esse prisma. É tão só mais prático, dado que pelo prisma universal ainda nada vislumbramos e por um prisma anterior à nacionalidade permanece uma incógnita.
Mesmo assim, como voto em D. Teresa para melhor Limiana de sempre, porque foi a fundadora de Ponte de Lima, votaria nela se fora caso de votar em quem não conseguiu fazer eventualmente o maior bem que nos podia ter acontecido, com a incerteza sobre qual, das que se puseram em litígio representadas por mãe e filho, a tese mais consistente.
Em relação ao bem universal, como é difícil falar em uniformização de comportamentos e de legislação, é impossível falar do fim das nacionalidades. Portanto é de não especular muito mais sobre isso e ficarmos com a noção de que estamos mais habilitados a escolher o melhor português e que este há-de ser aquele que mais bem nos proporcionou.
Recaindo a escolha naquele que mais bem teria feito a Portugal, não temos dúvidas em escolher Henrique, o Navegador. Há quem o considere o criador de todos os males, mas, embora tenhamos pago caro esse atrevimento, foi aquele que nos deu a ilusão de sermos “senhores do mundo”.
Como todos temos algum ressaibo e gostamos de o exercitar, escolhamos também o Pior Português. Aí não tenho dúvidas que o Rei D. Manuel I bem merece pois tornou aquela ilusão fugaz e que, com a Inquisição destruiu as raízes, atrofiou o caule e tornou negras as flores que têm constituído o nosso destino.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana