28 fevereiro 2007

A estratégia das mulheres do soalheiro

Constato que há agora um palavrão usado a torta e a direito, como arma de arremesso para tentar diminuir os adversários políticos. Diz-se à boca grande o que dantes se não dizia à boca pequena, que isto de chamar de cobarde a alguém clama por um duelo de espada para limpar a honra do ofendido.
Se a cobardia apela a uma ataque pela retaguarda, sem aviso prévio, a verdade é que esses novos paladinos da honradez têm de ser atacados em primeiro lugar pela sua traseira, pelos rabos-de-palha, pelos anos em que andam pendurados no orçamento de Estado, sem nada de visível fazerem.
Nisto de saber quem é mais ou menos frontal, mais ou menos destemido, sabemos como a subserviência é cá assumida como prática normal e contra isso nos temos de bater. Se o poder corrompe, há que incentivar a democracia.
Um meio é promover o controle mais apertado da actividade dos políticos não só por outros órgãos de poder mas também pelos seus correligionários políticos que a devem acompanhar com certa permanência.
Se certos políticos forem deixados em roda livre o seu carácter não sai fortalecido e pode-se cair no erro de deixar criar aqueles “monstrosinhos” que tanto mal fazem à nossa democracia. Claro que o problema deriva de se aceitarem para cargos políticos certas pessoas de carácter mais volúvel.
Mas estes novos arautos de raras virtudes não sabem e não têm o objectivo de fazer a tão necessária pedagogia política. Dizem-se delas portadores mas não passam afinal de mulheres do soalheiro que, antes que lhes chamassem aquilo que elas eram, faziam uma barragem de insultos às outras, que por falta de verve, efectivamente se tinham que “acobardar”.
Se hoje as mulheres já não têm só a preocupação de lavar a roupa suja, que agora se têm que haver com os mesmos problemas dos homens, esta referência tem só a ver com o caso mais típico de como uma só pessoa pode fazer um alarido facilmente confundível com a descarga de um exército, para tapar as suas falhas e calar as outras.
A facilidade com que se atribuem estes rótulos também é igual à facilidade com que se tentam lavar as carreiras políticas de alguns dos nossos dinossauros. E estes novos puristas deveriam limpar a sua casa de gente inepta e mais dada a jogos de poder e à defesa de interesses particulares e não se deixarem cair nos mesmos erros dos seus patrocinadores.
A frontalidade que defendemos é a da falta de dependências, o que se opõe mais a hipocrisia do que a cobardia, sendo esta algo de mais complexo e mais próprio de gente imatura e sobranceira, que da honra não tem uma noção precisa.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana