07 fevereiro 2007

Quem se destaca na pacatez da nossa existência?

Claro que a nós nunca ninguém nos venceu. Se uma monarquia heróica-cómica nos entregou a uma incipiente Espanha em 1580 não foi no campo de batalha. Depois a luta pelo domínio dos mares tendeu para os corsários ingleses e uma União Ibérica, que potencialmente teria pés para andar, deixou de ter razão de ser.
A aliança com os vencedores, eternos aliados na sua estratégia de dividir a Península, deu-nos alguma margem de manobra para irmos sacando do Brasil aquilo que pudemos. Mas, fartos de nos dar apoio, agora contra os napoleónicos, de aturar as novas inocentes loucuras em Africa, ordenaram-nos mais comedimento, que temos mais olhos que barriga.
O Ultimato Inglês que nos impôs o mapa cor-de-rosa e nos “retirou” um quinhão do que nunca foi nosso, constituiu uma tal bofetada no orgulho nacional, nas nossas pretensões históricas alicerçadas na épica Camoniana que monárquicos e republicanos, patriotas e internacionalistas se uniram criando uma onda de indignação, bem representada pela Portuguesa.
Com este passado ainda glorificado o que querem? Lutadores heróicos na Flandres, só fomos vencidos fora do campo de batalha pela traição inglesa que nos usurpou domínios coloniais, para afinal um século depois os entregar de mão beijada aos selvagens, que o nosso Salazar, supremo representante da civilização, não se deixou ir em conversas descolonizadoras.
Só Salazar tentou rumar contra a maré histórica e se isso parece patético para os outros, para nós foi um acto que deu continuidade ao nosso passado glorioso. Nós, tão pequenos, para um império tão grande, tão disperso, tão abandonado, fizemos muito mais do que podíamos, que ninguém nos pediu nada, mas nós estamos cá para alguma coisa.
Basófias, vaidades balofas, chamem-lhe o que quiserem, que ninguém como este beirão, cretino, pérfido e chantagista, tanto contribuiu para a nossa auto-estima, deixassem-nos estar neste sonho quimérico de sermos pobres, honrados e bons imperialistas, eternos derrotados, mas na secretaria.Salazar é o maior patriota, se por patriota se entender o que pela propaganda, pela coacção psicológica e pela chantagem emocional ele fez do povo português. Salazar é o obreiro e a obra e merece uma medalha, se merece!

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana