07 fevereiro 2007

Poesia contra o aborto

Um coito contra o aborto


Já que o coito - diz Morgado
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;

e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.

Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! –

uma vez. E se a função
faz o órgão - diz o ditado –
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.


Natália Correia - 3 de Abril de 1982


Dez semanas contra o aborto


Um valente coito dado
Pelas duas partes a preceito
Podia dar um arruado
Houvesse uns óvulos a jeito


O útero tem mais juízo
De cada vez a regra é só um
Para a mulher nem é preciso
Que se renda a homem algum


Quando quer só o manda fazer
Pensa consigo longos dias
Dez semanas chegam de emenda?

Pelo desejo de um filho ter
Que um parto lhe traz alegrias
Acaba a aceitar a encomenda


Anónimo -7 de Fevereiro de 2006
*
Ninguém quer que haja abortos. O problema não reside aí, até porque hoje há uma baixa taxa de natalidade e portanto ninguém quer limitar os nascimentos.
O problema é que não se aumenta a natalidade pela via da eventual salvação de alguns embriões que por terem sido gerados inadvertidamente passarão a ser abortados.
Claro que se a lei não for alterada só não serão abortados aqueles cujas portadoras não tenham meios para arriscar e pagar a clandestinidade.
Mas se a lei for alterada, por efeito do período de dez semanas ( mas também em menos de metade em muitos casos) durante o qual se pode ponderar suficientemente a questão, é possível recorrer a aconselhamento e não tomar decisões apressadas.
O Sim permitirá tomar decisões livres e salvar embriões que na escuridão da clandestinidade continuariam a ser destruidos.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana