06 fevereiro 2007

O Reino do “Faz de Conta” - Episódio 14

Isto de sermos um País de mão-de-obra barata estraga-nos a nossa auto-estima. Nós, que nos temos pelos melhores do mundo, tanto Salazar contribuiu para essa presunção que provavelmente vai receber uma merecida medalha de Melhor Português de Sempre, somos tão mal reconhecidos, mesmo por alguns de nós.
Por isso esta indignação com as palavras daquele salafrário, assim o classificou o Daniel Campelo, que na China nos andou a vender como quem vende banha de cobra. Claro que não tinha nada que dizer, que essas coisas são para guardar só para nós, bem escondidas que nós não somos burros.
Nós queremos que venha trabalho bem remunerado, para que nos estamos a preparar com certificados e tudo que as nossas competências chegam e sobejam para embrulhar esses chineses terceiro-mundistas, uns ignorantes à nossa beira, que só são grandes em tamanho.
Eles querem vir fazer carros para a Europa. Que ridículo! Eles precisam é de carrinhos de mão de jardinagem que nós vamos ensiná-los. Ainda hão-de vir para cá, mas para aprender. Mas hão-de pagar bem caro, que cá nós somos bem remunerados para dar cursos, que nisso somos os melhores.
Se aquele Ministro fosse lá mostrar a nossa qualidade, já reconhecida, validada e certificada por cérebros altamente reluzentes, por doutores com teses tão transcendentes como “O papel da minhoca na agricultura saloia”, estaria bem. Para dizer mal já há cá muito quem diga.
Esses chineses têm muito a aprender connosco, trabalhem menos e vão tirando uns cursos como os nossos, que não dão trabalho nenhum à cachimónia, que nós temos que estar livres para apreciar os prazeres da vida e aparecermos nos concursos da televisão.
O mal do Ministro é que tem um certo ar de chinês. Trabalha muito e depois saem-lhe destas asneiras.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana