26 fevereiro 2007

O que faz de Sócrates um político diferente

(continuação)
Sócrates sobe nas sondagens e subirá enquanto a sua forma de agir, de estar, sem se deixar “estar”, permanecer como está até aqui.
Sócrates ambicionou alguma vez ser primeiro-ministro? Não sabemos. Sócrates ambicionará vir a ser algo mais, deixar-nos, ir mais longe, subir mais alto lá fora? Não sabemos. Mas sabemos que:
Sócrates enquanto está, está, de alma e coração como outrora se dizia, que agora se dirá, com todos os seus “dotes” (também é velho), digamos, características de inteligência e sensibilidade. Sócrates encontra facilmente a concentração devida para dar bom andamento ao que é importante, sem paixões temporárias, sem dispersão de energias, mas definindo e programando tarefas.
Sócrates sabe que o País é pequeno, mas os males são grandes. Muitos gostariam de mexer em tudo, mas uns são incapazes de o fazer, outros mexeriam mesmo, mas trazer-nos-iam de novo a amargura. A dificuldade de mexer ritmada e oportunamente nas coisas é igual à de um País grande.
Sócrates está atento às mudanças, de certo virá a mudar de ideias sobre alguns assuntos, sabe que vale mais a atenção à realidade, que valorosos preconceitos. Estamos convencidos que só aceita hoje certas soluções estereotipadas porque isso depende mais do modelo de desenvolvimento imposto pela Comunidade (Ota, TGV, Qualificação, Validação e Certificação de Competências), do que de uma séria convicção.
Sócrates está, enquanto sentir que o seu peso enquanto governante é suportável, enquanto a sua imagem puder transmitir confiança. Sócrates não vai sentir-se rejeitado, não vai sentir “nojo” em ser português, em viver no meio de políticos que são os portugueses que temos.
Sócrates sabe que se continuar a enfrentar os problemas com decisão, se continuar a não dar tiros inopinadamente, se continuar a não responder a provocações, não há mesquinhez, baixeza, malquerença ou cinismo que o consiga arrastar para a lama, que ela comprovadamente existe e tem de ser aceite realisticamente, está em alguns portugueses que somos.Sócrates não tem, não as manifesta, pela confiança que transmite não as tem, reservas mentais, não está a criar um hipotético “mundo ideal” para si e no qual os outros não cabem. Sócrates “ainda” fala com a simplicidade dos “honestos” e sem a afectação dos poderosos.

2 comentários:

Nuno Pereira disse...

Sócrates faz um bom marketing político. O resto são idiossincrasias.

trigalfa disse...

Boa síntese.
Bom marketing é não permitir a confusão e a indecisão na cabeça das pessoas. Ideias simples e clareza de objectivos.
Sócrates partilha "qualidades", não tem a pretensão de ser diferente e muito menos melhor. As pessoas identificam-se facilmente com ele.

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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