11 fevereiro 2008

Qual o papel de que Alegre anda à procura?

Manuel Alegre sabia que não podia criar uma tendência dentro do Partido Socialista. Manuel Alegre sabia que dentro do Partido Socialista, que ele acusa de governamentalização, não tem lugar relevante porque de forma acertada a actual direcção tudo tem feito para que o Partido não seja uma correia de transmissão do Governo, mas também nele não interfira inopinadamente.
Manuel Alegre sabia que a estratégia presidencial era difícil e correu contra outro dinossauro num papel caricato, mesmo que menos caricato o dele do que o de Mário Soares. Manuel Alegre sabe que os votos que lhe deram não resultam de qualquer ligação especial ao povo, qualquer compromisso consistente com o povo, mas de uma conjuntura atípica na política nacional.
Manuel Alegre sabe que o povo lhe não deve nada que não esteja já pago e mais que pago. Manuel Alegre sabe que não deve nada ao povo, o povo não o tornou fiel depositário de nenhuma ideia valorosa, não espera dele qualquer análise inteligente da realidade, embora constantemente ele se arrogue de um valor e de uma representatividade que não tem.
Manuel Alegre sabe que sempre seria um escape nas eleições presidenciais, mas que gostaria de ter desempenhado sozinho esse papel de cavaleiro solitário contra o terrível Cavaco Silva. Manuel Alegre sabe que Mário Soares o tornou num segundo escape. Também este está pago e bem pago e o povo já pôs de parte de vez, e ainda bem, os “D. Sebastião”.
Manuel Alegre sabe que se quer vingar porque estudou bem a figura que queria e não lha deixaram fazer. Mas Manuel Alegre anda permanentemente à procura da figura que melhor lhe assenta. Manuel Alegre vai pensar melhor a figura que vai encarnar, sem perder o seu ar aristocrático de homem das letras que tem relutância em misturas com a ralé.
Manuel Alegre só se veria bem encarnando qualquer figura majestática mas não quer arriscar tudo, não vá ela cair na lama, no escárnio e mesmo no ódio de todos os socialistas, não sei quem mais lhe possa dar algum valor.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana