03 fevereiro 2008

Cuidado com a estratégia adversária

JN: Todos parecem ter encontrado as causas para a actual fragilidade do país em António Guterres. O pecado dele foi ter feito Portugal crer que poderia ser uma imensa classe média?
António Barreto: Não posso negar o que diz. No Governo dele tudo era possível, tudo era fácil e o que havia chegava para todos. Todos iriam ter tudo. Para o conseguir, ele nunca corta a direito, nem toma decisões. Habituámo-nos a viver à balda e à borla.
JN: Ficou tudo condicionado aí?
António Barreto: Uma parte importante; não tudo. Há outras coisas que vêm já dos governos de Cavaco Silva. A constante mais permanente nos últimos 30 anos foi a demagogia.
(transcrição duma entrevista de António Barreto ao JN de hoje)

Uma das razões para tanta compreensão de Cavaco Silva para com este governo pode estar aqui, nesta certeza que hoje temos de que António Guterres foi um mãos-largas, mas há erros cometidos que o foram já pelo governo de Cavaco e que Guterres não corrigiu.
Cavaco Silva está deixando que o presente governo de José Sócrates emende os mais gravosos esbanjamentos na época das vacas gordas, que retire, mesmo que a posteriori, do curriculum de Cavaco as falhas que terá tido ou que os cavaquistas cometeram em seu nome.
Nunca se sabe é qual será a atitude de Cavaco quando estes problemas estiverem resolvidos. Procederá como Eanes, Soares e Sampaio que foram mais rigorosos no segundo mandato em função dos seus objectivos pessoais?
Se é certo que Cavaco ainda se não livrou no seu partido da má moeda, há-de ter como fim neste primeiro mandato matar dois coelhos duma só cajadada. O Partido Socialista tem que estudar bem os timing de modo a não ser surpreendido por jogadas que estejam em preparação. Porque Cavaco não há-de querer ficar para a história como “compagnon de route” do P.S.
E os velhos marretas têm que ter juízo.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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