13 fevereiro 2008

4 - Que política para Ponte de Lima?

As pessoas mais activas de Ponte de Lima quiseram que os seus filhos estudassem mas era terrivelmente difícil, dispendioso, só tarde e más horas houve ensino secundário oficial. Só com a reforma Veiga Simão e a instalação da Escola Técnica de Ponte de Lima sectores mais vastos da população tiveram acesso à escolaridade que até aí era privilégio das capitais de distrito.
Os que puderam abandonaram a tempo a actividades tradicional da família e foram para outros sectores em especial o funcionalismo, cujas necessidades os residentes nunca conseguiram sequer satisfazer. Ponte de Lima recebeu um fluxo de pessoas de proveniências variadas para se ocuparem do seu ensino, dos órgãos da administração central cá estabelecidos, de certos serviços mais especializados.
O comércio estagnou, uma estratégia defensiva apoderou-se de quase todos os ramos de actividade. Numa certa fase o turismo de habitação ou quejandos pareciam constituir uma panaceia, já que a agricultura ia subsistindo à base de subsídios é certo, mas era o fundo de garantia para as outras actividades. A subsidiocracia instalou-se.
Os homens dedicados à agricultura tiveram sempre dois grandes escapes na emigração e na construção civil, que nos anos sessenta serviram mesmo para os que foram experimentando dificuldades nas suas tradicionais actividades.
Perante um presente incaracterístico e um futuro pouco prometedor, muitos viraram-se para o passado, deslumbraram-se com aquilo que sempre lhes tinha passado à margem, uma vivência com certa harmonia mas também com muita subserviência. Um saudosismo sem novas ideias tomou conta da intelectualidade e a política aproveitou-se disso.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana