22 abril 2008

A maledicência é a fonte do boato

Quando as notícias escasseiam e não se expandem pelas vias normais, os que não estão interessados na sua difusão apelidam-nas logo de boato, não lhes interessa a veracidade. Notícias falsas, tendenciosas não faltam e também não deixam de ter acolhimento nos meios de comunicação.
Só que estes também encontram muitas barreiras à sua missão. Quando procuram confirmar a veracidade das suas informações, muitas vezes deparam com um muro de silêncio, uma recusa a colaborar no esclarecimento das questões, um refugiar no seu carácter pretensamente pessoal porque convém, como se todas as coisas não tivessem aspectos pessoais e públicos.
Muitas vezes as pessoas são acusadas de falar do que não sabem, no dar seguimento a boatos sem fundamento, de empolar factos sem importância. As mais díspares desculpas são apresentadas para não dar explicações. No caso dos rapazes da Santa Casa, alegadamente envolvidos em actos menos lícitos, não falta quem apelide toda a gente de boateira, quando muita coisa já se tornou voz corrente, sem uma explicação plausível.
A Santa Casa tem tido jovens com problemas e isso é público, tem-nos mercê de actos judiciais públicos e desde que extravasou para fora do domínio privado da Santa Casa uma actuação menos própria todos temos o direito à informação. A pretensa defesa dos rapazes perante a devassa dos seus actos e antecedentes não tem cabimento. A condenação da sociedade não se pode fazer só através de um acto judicial mas de forma mais ampla para ser eficaz.
Pretender que eles assim ficarão manchados para toda a vida é não acreditar nas virtudes do perdão e no julgamento social. Problema diferente é dizer que, ao nos referirmos a estes rapazes problemáticos, estamos a meter tudo e todos no mesmo saco. Uma mente sã, não maledicente, não procede assim, porque não chega a pensar desse modo.
Só aqueles para quem a perfídia é o dia a dia, cujo carácter maledicente já está arreigado, ousarão generalizar aquilo que são casos pontuais e devidamente identificados, mas que, para serem tratados com cuidado e a atenção requerida, não necessitam de permanecer secretos. E claro transportados por boato, que para muita gente parece ser uma maneira leal.
Só se acaba com o boateiro se eliminarmos o boato à nascença.

1 comentário:

monteiro disse...

Caro Manuel Trigo, concordo plenamente com a vossa opinião, mas diria ainda mais, " A calúnia é como o carvão", qundo não queima suja!

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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