03 março 2008

Porque estas reformas são mais formais?

O interesse político imediato está a baralhar os dados desta questão tão profunda, tão marcante, tão decisiva para o nosso futuro. Ouvi ontem dizer que uma falha desta reforma que o governo tem em marcha é não se discutir o conteúdo e só se preocupar com os aspectos formais.
O problema é que muitos dos aspectos formais desta reforma já há muito estão identificados como a causa pela qual não passam outras tentativas que já têm sido lançadas de alterar os aspectos substanciais do ensino. Esta alteração é nomeadamente formal para que os aspectos formais não impeçam uma verdadeira revolução a fazer no ensino.
Uma intervenção efectiva da sociedade, uma participação interessada, mas esclarecida, dos agentes económicos, serão mais ou menos eficazes se no aspecto formal forem correctamente definidos os seus limites. Não há qualquer eficácia numa intervenção deste tipo que não passe pela presença de pleno direito nos órgãos de decisão das escolas.
A gestão dita democrática das escolas patrocinada pelos sindicatos comunistas é uma situação anómala a nível dos organismos do Estado. Na sociedade civil não se permite que quem paga não oriente, num organismo público é o Estado que deve definir a base legal em que assenta o seu funcionamento e em casos como o ensino é perfeitamente legítimo que todos os interessados participem nesse funcionamento, sem nunca se chegar ao ponto a que se chegou de que só mandam os que têm que cumprir.
Dizer que os professores estariam sempre prontos a colaborar numa verdadeira reforma centrada nas questões que têm por base o aluno é uma falácia tão grande como pretender pôr um restaurante a funcionar sem a estrutura física e sem definição das funções de cada cozinheiro.
A organização, a disciplina, a responsabilidade e a liderança são hoje a base do sucesso em qualquer domínio da actividade humana. Embora possam defender certos direitos dos professores, os sindicatos não podem ser mais os definidores da política de ensino, nem detentores de qualquer poder que possa sabotar todas as legítimas orientações dos órgãos superiores de gestão.
Para que será esta Meneses & Nogueira, uma firma porreira?

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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