18 março 2008

Menos capricho precisa-se!

O dirigente da oposição tem um enorme deficit de decisão definitiva. A sua hiperactividade remete-o para a tomada permanente de decisões. Quando os assuntos sobre os quais lhe cabe decidir são poucos, não tem poder, anda aos rodopios, simula sucessivas tomadas de decisão, sem se preocupar com o seu acerto, até parar em alguma versão definitiva, porque ele assim quer.
Não haverá problema para ele se um dia tiver que voltar ao assunto, dar mais uma reviravolta à questão, reerguê-la, tomar enfim outra decisão. Aliás poderá dizer que quase todos os assuntos foram já alguma vez motivo de decisão e o mundo não avançaria se não houvesse uma repensar das questões mais problemáticas. O problema está naquilo em que se mexe.
Filipe Meneses sente-se com capacidade para mexer em tudo, embora a sua aproximação à realidade seja feita unicamente com a ajuda das suas ideias gerais, das ideias dos seus modelos estrangeiros, com o seu próprio vazio e futilidade. Um bom líder não pode ser aquele que repele as ideias dos seus correligionários e se feche num casulo no qual germina as suas larvas que depois coloca no ambiente exterior a ver se sobrevivem.
Os meninos caprichosos procedem assim. Quando tem a possibilidade de ter um orçamento de Estado atrás de si são particularmente inventivos. Todos os dias têm soluções novas. E não resistem a pô-las a todas na praça pública. Que elas sejam contraditórias entre si não lhes interessa em particular. Que este modo de agir possa causar desconfiança ou implicar custos não recuperáveis não lhes interessa.
Os meninos caprichosos também se adaptam à democracia. Quando esta não tem força, fazem por realçar o seu papel de decisores, por se apropriarem eles da força, do poder. Quando a democracia impõe regras, só assumem a responsabilidade das decisões que têm sucesso, ofuscando a origem das outras. Só têm satisfação pessoal no que podem atribuir a si mesmos.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana