15 março 2008

Mais razoabilidade precisa-se!

Quase toda a gente fala de uma esquizofrenia colectiva, mas poucos são aqueles que aceitam a doença em si. Cada qual faz a comparação do seu próprio estado de saúde com o daqueles que lhe estão mais próximos e é normal concluir que, se não está melhor, decerto que não está pior.
Todos temos uma pressa imensa de obter um objectivo qualquer, indefinido, nunca alcançável e que portanto nunca nos dará aquilo que deste o berço ambicionamos, ter razão. Só alguns poucos, felizardos, não precisam de realizar os seus objectivos, que também os têm, para se sentirem com razão.
Alguns ainda menos conseguirão acertar nos objectivos que definiram para a sua vida e os vão realizando, adquirindo desse modo a razão que é a causa última da sua luta constante. Mas nunca terão descanso porque sempre estarão sujeitos ao apelo de mais ambição, mais ambição.
Isto de nos quererem impingir a ideia que temos de ser eternos insatisfeitos é um tremendo erro, maior ou menor conforme a sociedade em que nos inserimos e nos transmite essa ideia de trabalharmos incansavelmente em seu favor. Porque são quase todos uns cínicos, nada dispostos a cumprir pela sua parte, é uma mensagem que só tem como destino o outro.
A nossa saúde mental e a da sociedade exigem que consigamos aplicar nas nossas ambições um modelo de razoabilidade, que não é mais do que deixar de andar permanentemente à procura de ter razão, com a exigência esquizofrénica de que ninguém tenha mais razão do que nós.
Todos nós precisamos de objectivos na vida, mas os felizardos são, como atrás se disse, aqueles que não necessitam de os ver realizados para se sentirem com razão. Se todos pensássemos desta forma, a sociedade seria muito mais razoável para todos nós.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana