29 março 2008

Menos melindre precisa-se!

A cultura que está na base daquela manifestação de agressividade de uma aluna em relação a uma professora não é grupal senão no sentido em há outras pessoas que a partilham. Também podemos dar de barato que a aluna usa manifestações de idêntica agressividade em família e que esta não conseguiu dominar aqueles ímpetos.
Há uma série de atitudes que se tornam moda e encontram receptividade num leque alargado de alunos, e procurar encontrar razões particulares torna-se um exagero, dado que por mais exaustivo que se estudasse a situação nunca encontraremos uma razão última comum a todos eles. Estas atitudes devem ter uma abordagem diferente.
Esta cultura sem dono, que nem de rua é, que não é grupal, nos termos em que nós estamos habituados a conhecê-la, teria que ser tratada ao nível de uma diminuição drástica da sua receptividade nos jovens. Só que, à falta de um poder de antecipação da nossa parte, teremos que ficar pela busca de soluções minimizadoras dos excessos, integradoras no que possível.
Aquelas atitudes podem ser resultado da forma melindrosa como pessoas sem cultura e sem preocupações éticas abordam as situações de rotura social que manifestamente existem e nos deixam muitas vezes revoltados. Mas revolta é razão e não melindre. Se uma situação se não pode resolver pela violência também não podemos armazenar essa violência e dar-lhe essa outra forma hipócrita que é a agressividade manifestada no melindre. Mas melindre que pode ter muitas outras origens.
Em relação à cultura dos salões virtuais em que os jovens se vêm mergulhados, sem muitas hipóteses de opção, em que se cultiva o ser e o não ser, em que se enaltece o que há de mais na moda em termos de comportamentos individuais, em que se não resiste ao apelo de modelos universais mas que não têm aplicabilidade prática nos nossos universos pequenos e fechados, temos de aprender a conviver com ela.
A família é a primeira entidade responsável pela fixação de limites razoáveis aos comportamentos dos seus filhos. Só que essa razoabilidade para ser bem entendida tem que ser vista dentro da cultura perfilhada pelos filhos e não dentro da sua. E dentro da cultura dos filhos tudo se pode resolver porque nela também tem que haver tempo para o estudo, as aulas, o tempo de aprender.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

Arquivo do blogue

Acerca de mim

A minha foto
Ponte de Lima, Alto Minho, Portugal
múltiplas intervenções no espaço cívico

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck
O mais perfeito retrato da solidão humana