29 março 2007

"A terra é de todos”, quem afirma é ... Daniel Campelo

Daniel Campelo afirmou na sua entrevista ao AltoMinho que “Ao menos podiam entregar ou dar a terra a quem a queira tratar. Sou a favor de “A terra a quem a trabalha””, porque “Ela é de todos”. Nem Álvaro Cunhal seria tão assertivo.
“Quem vive dela e para ela devia ser muito melhor tratado”, sentenciou e bem, não porque “Da terra é que sai tudo”, que isso já lá vai, mas sim porque, melhor se dirá, além dos agricultores não haverá mais quem possa contribuir para a sua preservação em termos ambientais, paisagísticos, ecológicos.
Porque, por mais brigadas florestais que se arranjem, por mais subsídios que a esse fim se destinem, tudo será diferente se não se conseguir ligar as pessoas à terra, não da maneira prisioneira que perdurou séculos, mas por esta proporcionar um modo de vida agradável e economicamente viável, que garanta rendimentos equiparáveis a outros sectores.
Mas afinal D.C. tem outras soluções. Vai haver hortas sociais, do género da antiga “Quinta do Olho Marinho” onde hoje está o Centro de Saúde e redondezas. E até tem um programa “Evite o Psiquiatra com uma horta ou um jardim”. “É um anti-stress útil e evita o recurso a medicamentos”, afirma.
Mas além da “ocupação de tempos livres, saúde e ruralidade”, D.C. ainda tem outro projecto que partindo da “convicção que … o mercado de turismo e de comércio de alimentos” vai por aí “visa reforçar tudo o que for protecção do ambiente e produção biológica”, já que “o Vale do Lima, neste momento, tem todas as condições para ser uma lugar de excelência”.
E entramos no ciclo de afirmações claramente erradas ou não confirmadas. “O Parque desportivo de Ponte de Lima é o maior do Distrito, “Somos a região que tem melhores acessos a terrenos, água e saneamento com preço inferior ao do custo e zonas industriais prontas a serem utilizadas”.
D.C. fala, aparentemente sem pestanejar, em seis parques industriais ou de armazém e comércio e “todos eles empregam centenas de pessoas” e diz que “o maior ritmo de instalação de empresas verifica-se em Ponte de Lima” e se mais não fora é porque “não temos mão-de-obra disponível”, “ou porque não têm a formação adequada”, só se desconhecem as solicitações.
D.C. afirma que “o pequeno comércio tem de se desenvolver pela diferença, pela qualidade e personalidade do produto que vende”, mas se nós não produzirmos nada como pode afirmar que “temos de nos individualizar pela qualidade dos nossos produtos”.
Parecem discrepâncias menores, coisas que passam facilmente sem reparo, mas revelam-se afinal, bem analisadas, perigosas misturas de ideias certas com outras menos certas, baseadas nas tais pias mentiras, e são incapazes de garantir a almejada “visibilidade no futuro”.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana