02 março 2007

Como eles deixaram isto em cavacos?

(Continuação)
A Parmalat teve uma intervenção no sector leiteiro que pôs em causa os pressupostos em que assentava a rede de recolha de leite patrocinada pela Agros. O impacto foi tal na agricultura do Alto Minho que criou a mais profunda crise que alguma vez terá vivido.
A criação de gado tinha contribuído decididamente para o abandono doutras culturas como o centeio e o trigo e para a monocultura do milho, cuja produtividade em palha e grão excedia tudo o que era possível conseguir com outros cereais.
Sem escoamento do leite, porém, ficou o milho desaproveitado, restando o grão. O problema é que a importação de milho dos Estados Unidos e doutros Países com altas produtividades, diminui drasticamente o preço do milho para consumo e aumentou exponencialmente o preço do milho de semente.
Hoje só é rentável semear milho para silagem para consumo do gado e em campos com a dimensão apropriada para mecanizar e com possibilidade de rega por aspersão. Se muitos agricultores ainda fazem a sua semeadura é para fazerem alguma coisa, por puro entretenimento ou por não contabilização dos prejuízos.
Depois destes dois ataques à economia rural o deita fora definitivo haverá de ser dado com o ataque à produção de vinho, oriundo de vários factores de que o Estado não está isento de culpas.
Se nos recentrarmos na questão do leite chegaremos facilmente à conclusão que também aí o Estado, além de não ter sido previdente, se demitiu das suas responsabilidades de, pelo menos, atenuar o efeito de uma agressiva entrada do País na economia de mercado.
Lembremos também que a maioria destes factos respeita ao consulado de Cavaco Silva, cujo olhar sempre se preocupou em exclusivo com a macro economia em detrimento da micro economia, que mais toca a população do Alto Minho.
(Continua)

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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