O que nos distingue dos lisboetas? Daqueles que estão num pedestal e dos outros, dos que, sem lá estarem, nos vêem com os olhos daqueles mesmos. Sim porque se ser “limiano” não passa de ter um qualificativo vulgar, banal, ser lisboeta já corresponde a elevar todos a um patamar de excelência, nem que seja só portuguesa. E todos querem ser lisboetas.
É assim como que o padrão que todos gostariam de ser, o modelo de que só se conhecem as partes pretensamente boas e para cujas partes más se não olha porque se acha terem suficiente compensação. É o espelho em que nos reconhecemos quando conquistamos grandes feitos, é o reflexo que apedrejamos quando nos vemos arrastados para a lama, para a miséria, para o ostracismo.
Sempre pensamos sair da nossa milenar subserviência se conseguirmos ver o País pelos olhos desses lisboetas. Mas só nos resta imaginar com a nossa desmedida soberba uns arranha-céus nas escarpas do Lima, transatlânticos nas águas da Ponte da Barca, grandes aviões no planalto do Mezio.
E era importante que nós realmente quiséssemos sair desta condição de submissos que por vezes até descamba para o servilismo. Deixamo-nos arrastar para o empastelamento emocional, sem capacidade para nos rebelarmos. Inibimo-nos de tomar atitudes frontais e ousamos comportamentos atrabiliários e em fogachos.
De nós esperar-se-ia que nos uníssemos para termos força. Dividimo-nos para ver quem mais depressa sobe ao mastro da romaria, que a visibilidade não chega para todos. Achamos importante aparecermos, quais cavaleiros solitários rodeados de escombros por todos os lados.
Os lisboetas estão unidos por natureza, a nós é a natureza que nos separa. Qualquer rio, qualquer ribeiro, qualquer monte mais agreste nos divide, são as nossas barreiras e, quando não as temos, inventamos novas fronteiras, pomos sebes e arame farpado.
O nosso pensamento é mesquinho, capelístico, alcoviteiro, conspirativo. O nosso universo está cheio de muros, é fragmentado, irregular. Se subimos para um lado, sabemos que descemos para o outro, não é este o nosso ideal. Queremos estar sempre com alguém que está lá em cima.
Escondemos de nós próprios que, se os poderosos não tiverem respeito pelos fracos, somos alvos do seu desdém. Mas também nos esquecemos que no geral a mediania se não consegue respeitar pelos que ainda são mais fracos. No entanto submetemo-nos a todos os poderosos e somos prepotentes para todos os humildes.
Definimo-nos pelo lugar que ocupamos na escala do poder, se poder se pode chamar a tão diminuto domínio da existência, agarramo-lo quanto podemos, erguemo-lo no ar quando achamos propícia a situação, até quando uma só pessoa nos ouve e vê. Aliás, é esse o lugar mais seguro para fazermos valer os nossos “direitos”.
Assim nunca mais conseguimos ver o País pelos olhos desses lisboetas. Não dos que lá viveram, dos que lá vivem ou viverão. Mas desses, dos ideais, dos que mesmo não sendo de gema, são a representação das nossas características mais genuínas.
Somos nós que neles votamos, que os elegemos preferencialmente de entre nós mesmos, que fornecemos a matéria-prima de que eles são feitos. A sua honradez não está na posição hierárquica, no sítio geográfico, mas na verticalidade que neste chão lusitano nós todos formos capazes de assumir.
É assim como que o padrão que todos gostariam de ser, o modelo de que só se conhecem as partes pretensamente boas e para cujas partes más se não olha porque se acha terem suficiente compensação. É o espelho em que nos reconhecemos quando conquistamos grandes feitos, é o reflexo que apedrejamos quando nos vemos arrastados para a lama, para a miséria, para o ostracismo.
Sempre pensamos sair da nossa milenar subserviência se conseguirmos ver o País pelos olhos desses lisboetas. Mas só nos resta imaginar com a nossa desmedida soberba uns arranha-céus nas escarpas do Lima, transatlânticos nas águas da Ponte da Barca, grandes aviões no planalto do Mezio.
E era importante que nós realmente quiséssemos sair desta condição de submissos que por vezes até descamba para o servilismo. Deixamo-nos arrastar para o empastelamento emocional, sem capacidade para nos rebelarmos. Inibimo-nos de tomar atitudes frontais e ousamos comportamentos atrabiliários e em fogachos.
De nós esperar-se-ia que nos uníssemos para termos força. Dividimo-nos para ver quem mais depressa sobe ao mastro da romaria, que a visibilidade não chega para todos. Achamos importante aparecermos, quais cavaleiros solitários rodeados de escombros por todos os lados.
Os lisboetas estão unidos por natureza, a nós é a natureza que nos separa. Qualquer rio, qualquer ribeiro, qualquer monte mais agreste nos divide, são as nossas barreiras e, quando não as temos, inventamos novas fronteiras, pomos sebes e arame farpado.
O nosso pensamento é mesquinho, capelístico, alcoviteiro, conspirativo. O nosso universo está cheio de muros, é fragmentado, irregular. Se subimos para um lado, sabemos que descemos para o outro, não é este o nosso ideal. Queremos estar sempre com alguém que está lá em cima.
Escondemos de nós próprios que, se os poderosos não tiverem respeito pelos fracos, somos alvos do seu desdém. Mas também nos esquecemos que no geral a mediania se não consegue respeitar pelos que ainda são mais fracos. No entanto submetemo-nos a todos os poderosos e somos prepotentes para todos os humildes.
Definimo-nos pelo lugar que ocupamos na escala do poder, se poder se pode chamar a tão diminuto domínio da existência, agarramo-lo quanto podemos, erguemo-lo no ar quando achamos propícia a situação, até quando uma só pessoa nos ouve e vê. Aliás, é esse o lugar mais seguro para fazermos valer os nossos “direitos”.
Assim nunca mais conseguimos ver o País pelos olhos desses lisboetas. Não dos que lá viveram, dos que lá vivem ou viverão. Mas desses, dos ideais, dos que mesmo não sendo de gema, são a representação das nossas características mais genuínas.
Somos nós que neles votamos, que os elegemos preferencialmente de entre nós mesmos, que fornecemos a matéria-prima de que eles são feitos. A sua honradez não está na posição hierárquica, no sítio geográfico, mas na verticalidade que neste chão lusitano nós todos formos capazes de assumir.
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