10 maio 2008

Os políticos de blague

Se há políticos cuja conta corrente com o partido e com o País apresenta um claro crédito a seu favor, há muitos mais que têm um largo débito que nunca será pago. E o que é mais escandaloso é que se escondem por vergonha ou então desavergonhados aparecem na praça pública a reclamar créditos que não possuem. São os políticos de blague.
A nossa revolução, ocorrida após décadas de forçada apatia política, mobilizou gente impreparada, gente ambiciosa, gente sem escrúpulos. Como quase tudo se tornou político, como era necessária confiança política para tudo, criou-se um clima de bajulação que fez com que os piores fossem muitas vezes os escolhidos, só por serem subservientes.
Uma democracia madura pressupõe que seja diminuto o pessoal político, aqueles que estão autorizados a agirem segundo critérios políticos, sendo que todos os outros tem que exercer a sua actividade segundo os regulamentos pré estabelecidos, com critérios o mais rígidos possível, de modo a que não seja dado cabimento às suas ideias pessoais, se as tiverem, e aos seus interesses, que normalmente têm.
Em Portugal ainda estamos cheios de reizinhos, pequenos ditadores que se apropriaram dum serviço público, duma autarquia, dum departamento. Os critérios políticos que presidiram à sua indigitação e nomeação ainda hoje inquinam as relações entre serviços e entre estes e o público. E é esta gente que quer que o sistema se mantenha, reivindicando ainda mais benesses, numa lógica de carreira política que não tem qualquer consistência.
Em Portugal precisamos de gente preparada para fazer política no governo e na oposição, que possa ser convocada para exercer cargos públicos mas não necessariamente. Além de haver lugar para os técnicos, os políticos têm de ser cada vez menos e de melhor qualidade, isto é, com uma intervenção intelectual que se não fique por simples “blagues” em conversas de tertúlia ou na blogosfera.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana