12 maio 2008

O significado do baronato em política

O partido que mais transfere para o plano nacional a lógica local de fazer política é o PSD. Os seus membros, eles próprios, não rejeitam, e muitos até se acham engrandecidos, em ter um sistema assim, o baronato. Por isso aqueles que pensam ser possível alterar o sistema estão enganados, quando muito serão capazes de uma nova integração e alguma substituição.
No plano local quase todos bebem do mesmo, duma estranha noção de que fazer política é estar na política, não ser preciso grande actividade para merecer um elevado estatuto e uma audição quase obrigatória naqueles temas que mais interessam, como nomeações, carreiras, mordomias. A verdadeira política pode andar aos trambolhões que pouco interessa.
O PS também sofre dos mesmos defeitos, creio que em menor escala. Estar é tão só o suficiente para que seja “permitido” que se ponham em cheque orientações do partido em questões fulcrais inseridas em estratégias nacionais devidamente estudadas, acordadas, aceites.
Os barões locais permitem-se uma autonomia de actuação que os coloca muitas vezes em clara contradição com o que há de mais consensualizado. Veja-se a associação de municípios e aí está um domínio em que muitos barões não resistem a entrar ma chantagem mais reles, na vingança mais mesquinha, no egocentrismo mais pérfido.
Não se é barão por se estar há muito tempo num partido, por se ter uma grande influência, mas já se é por se ser arrogante, por não ter espírito negociador, por se não estar habituado a fazer cedências, por se atribuir despudoradamente a propriedade de um emblema. Estes barões, resquícios do ruralismo, têm que acabar.
Felizmente que a nível nacional o PS já vai tendo uma maneira mais urbana de fazer política.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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