07 maio 2008

Os pobrezinhos, a caridade e a falsidade

A Direita Nacional tem uma especial predilecção pelos pobrezinhos. São os pobres que lhe vão permitir ascender ao reino dos céus. Ajudar os pobres é uma tarefa tão meritória, tão meritória, como ajudar a retaguarda foi importante no tempo do movimento nacional feminino. Que então não se falava de pobreza. Éramos um País rico, senhor de um império colonial.
A lamechice nacional mete nojo. Lutem por um posto de trabalho, criem-no se puderem, dêem trabalho a quem precisa, mas não digam que resolvem as questões desta maneira asquerosa, manipuladora, que expõe toda a espécie de misérias, sejam materiais, sejam morais, perante a comunicação social e o País. Quem hoje se não sabe lamentar na televisão?
A caridade é uma das marcas da direita nacional. Para ela não se fale em solidariedade, em integração social, em igualdade no direito ao direito de ter uma dignidade idêntica, seja-se poderoso ou não. Mais do que uma situação, a pobreza é um ferrete que a direita gosta de espetar no corpo nacional. Quando está no poder farta-se de diferenciar a sociedade e de etiquetar as pessoas.
Então esta preocupação com as classes médias que se estarão a empobrecer é de ir às lágrimas. Não dizem que é por haver uma grande concentração do capital numa classe alta cada vez mais isolada do todo nacional. Não dizem que é porque as classes altas se diferenciam cada vez mais que a classe média contribui mais para a necessária solidariedade que, um pouco forçadamente é certo, pratica com as classes mais baixas.
Esta caridade ostentadora não é maneira de resolver as questões. Não há forma mais iníqua de praticar a caridade do que a caridade generalizada, à custa dos outros. A caridade é pessoal não é social. Ao menos sejam como o cónego Francisco Crespo que no D.N. de 22/04 afirmava com uma clareza meridiana: “Não podemos aceitar só pobrezinhos (num Asilo) senão não sobreviveríamos”. Estes mais necessitados, os pobres que se lixem.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana