09 maio 2008

Os empecilhos são homens que tudo devem à política

Se verificarmos a conta corrente que muitos políticos têm com o partido e com o País chegamos à conclusão que na opinião que expressam estarão sempre em condições de beneficiar de créditos que não conseguem cobrar. Desgraçados, dão tudo ao País, ao seu partido, ao seu líder e nada recebem em troca, endividam-se e não arranjam modo de vida.
Ninguém pode pedir aos políticos que sejam beneméritos, não deve ser isso que está em causa, que fiquem prejudicados na sua vida. Se não gostarem, se não se sentirem disponíveis para trabalhar para a comunidade procurem outra vida, mas não nos chateiem. Um dia André Gonçalves Pereira disse que, sendo Ministro dos Estrangeiros de Balsemão não ganhava para os charutos, mas que o fazia por um amigo.
Como o País é feito de amigos e aquele amigo lhe pediu para servi-lo, aceita-se que indirectamente o faça. Também não são necessárias retóricas sobre a Pátria. O homem tinha forma de suportar o seu luxo porque ganhava menos de cem contos e cada remessa diária de havanos custava-lhe à volta de cinco contos nessa época. A verdade é que, se ainda tem créditos, já há muitos terá desistido de os quebrar.
Pelo contrário há outros que tudo devem à política, mas que quando atingem determinado estatuto começam a funcionar em roda livre. Isto é, não consideram que o que a política lhes deu e aquilo que a sociedade lhes pagou para chegarem aonde se encontram deve ser considerado a seu débito porque nunca lá teriam chegado sozinhos e nunca o conseguirão pagar.
Não se trata da pura contabilidade monetária que o partido comunista faz com quem o serve. Trata-se de partilhar com os que de alguma maneira colaboraram, contribuíram, apoiaram ou simplesmente pagaram as mordomias de que beneficiaram, o seu conhecimento, a sua ajuda ou, o que ás vezes não é menos importante, o seu afastamento da frente dos outros, quando se tornam apenas empecilhos de uma actividade política salutar.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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