21 maio 2008

Manobra de diversão ou revelação de um acto ignóbil

Parece evidente que quando há alguma denúncia há sempre uma razão para que ela aconteça. Quando se trata de pessoas, pode ser que o façamos porque quem é prejudicado nos merece mais consideração do que o que prejudica. Cumprimos com a obrigação de amizade.
Muitos agirão assim porque, independentemente do denunciante, o delator merece ser castigado na nossa perspectiva pessoal, mas o nosso sentido de justiça nem sempre actua se estes aspectos se não colocarem. Então, quando o prejudicado é o Estado, muitos de nós até aplaudimos.
Tanto se rouba nas autarquias, tanta corrupção vai por todo o País, que era uma milagre aparecerem dois cavalheiros de Felgueiras a denunciarem a Fátima Felgueiras, tida como mulher conceituada e de porte intocável. Haverá decerto motivo para estes senhores adoptarem o papel de justiceiros que lutam pelo castigo dos prevaricadores.
Segundo o testemunho de um magistrado, primo da ré, o motivo está em que a Fátima se não ter rendido aos dotes de sedução dos tais indivíduos. Não se tratou pois do milagre que nos espantaria, do mais puro amor à justiça, mas de uma paixão no seu grau mais exacerbado, que pretende ver o seu objecto humilhado a seus pés.
Objectivamente a justiça deve ser cega, não é a qualidade dos denunciantes que retirará o valor às denúncias. Mas parece evidente que só o teriam feito para compensar a sua insatisfação sexual com a satisfação de um instinto primário de punição.
F. F. será condenada ou não, mas decerto não merecia ter chegado a ré por esta via. Corajosa na defesa da sua honra, falta saber se ela confirmará os factos. Eles não estarão livres de que se questione porque estiveram calados durante tanto tempo, se não seria porque entretanto alimentaram a esperança de que, sendo coniventes nos segredos do saco azul, também teriam direito a partilharem os segredos da alcova.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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