24 maio 2008

A dignidade não é um paradigma da nossa civilização

A luta dos homens pela sua dignidade é uma tarefa sem fim. Há no entanto uma larga flexibilidade na definição deste conceito, que leva a que a sua conceitualização seja também uma tarefa sem fim. Cada sociedade tem mais ou menos consensualizado um conceito, mas ele é tão pouco abordado, tão ignorado no discurso mediático, que, quando referido, cria diferentes emoções nas diferentes pessoas.
Para uns garantir a dignidade da pessoa humana é tão só assegurar os seus meios de defesa, o não ser preso sem intervenção judicial. Para outras, porém, a dignidade tem uma vastidão muito maior, que passa por ter garantidos os meios de subsistência, sem necessitar da caridade alheia.
A dignidade é um conceito que varia conforme o desenvolvimento da sociedade, está em tudo dependente da evolução técnico-científica e cultural. A dignidade envolve a pessoa, os grupos e toda a sociedade, quando ela se fortalece ou falha a todos estes níveis se sente a sua repercussão. Se fosse possível quantificar a dignidade era um excelente índice civilizacional.
No entanto a dignidade, mesmo a menos exigente, das pessoas é a toda a hora ofendida. Em primeiro lugar pelas próprias pessoas que são demasiado vulneráveis aos seus próprios caprichos. Em segundo pelas pessoas que só acentuam os aspectos materiais, relativizando todos os outros valores que, sem desprezar aqueles, deveriam seguir, se possível, em ritmo mais acentuado.
Se as pessoas se não entendem sobre a sua própria dignidade, o que vão exigir que seja respeitado da parte dos grupos, da sociedade, do Estado? Por esta razão vemos cada vez menos a dignidade a ser usada como um paradigma da nossa sociedade.

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Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana