08 maio 2008

A chantagem é a prostituição da política

Não sou contra o facto de os políticos terem uma conta corrente com o partido, com o País, com quem quer que achem importante ter. Mas que usem essa conta-corrente continuamente para dizerem dos créditos a seu favor que ainda não estão devidamente cobrados parece-me de uma imoralidade, de um desplante, de uma desfaçatez, de um ridículo pedante.
Ninguém, quando está convencido da justeza dos seus actos, gostará que os desvalorizem. O problema está na natureza dos créditos de que eventualmente podemos e na nossa perspectiva devemos ou não beneficiar. Se os créditos esperados são morais parece que estamos todos de acordo, mas o político tem que estar preparado para os não receber.
No entanto há políticos que estão de tal modo convencidos da sua justiça que se agarram mesmo em desespero não prescindindo de os cobrar. E aqui é que reside uma questão crucial. É que ninguém se dá ao trabalho de cobrar créditos morais. O que as pessoas defendem quase sistematicamente é a sua transformação em créditos materiais, seja através da manutenção num lugar, na progressão na carreira, em metal sonante.
Mas o problema maior está na chantagem que é feita, a que se quer dar muitas vezes um ar normal, e em que tudo se mistura, se admite trocar de género, desde que o resultado final seja favorável ao chantagista. E a chantagem mais fácil de fazer é a feita sobre os colegas de partido, que no geral apresentam as mesmas vulnerabilidades e se deixam mais levianamente “enganar”.
Claro que a população em geral também se deixa enganar. Senão a chantagem de concorrer de forma independente a uma Câmara Municipal não teria qualquer efeito, porque o que devia mas não espera ao chantagista é a marginalização. O chantagista é o prostituto da política.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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