26 dezembro 2007

O Oeste Europeu – Um ensimesmamento fatalista

Quando seis países se juntaram para formar a Comunidade Europeia partiram duma base sólida, não económica, mas sabiam que tinham potencialidades, que se canalizassem as energias e os conhecimentos que haviam tão mal aplicado na sua destruição mútua para um sentido de colaboração e progresso, construiriam uma fortaleza em que a justiça e os direitos sociais poderiam ter uma outra expressão.
Tinham razões para acreditar, razões que, por esses tempos, os portugueses no geral desconheciam, no seu atavismo ancestral. Noutras gerações anteriores tínhamos sido capazes de alguns rasgos sempre que alguém ia lá fora com olhos para ver e trazia alguma refrescadela ao nosso panorama de ideias, imagens e valores.
Mas quanto a aplicação prática nunca atingimos o ponto crítico porque uma árvore não faz a floresta. Nesta altura, já nos anos cinquenta, quem teve o rasgo foi Humberto Delgado, talvez porque era um homem da aeronáutica militar e civil e estivera na América. O mal foi ter-se agarrado a ramos decrépitos que se partiram facilmente e o deixaram cair desamparado.
O nosso atraso manteve-se, ultrapassou a guerra colonial, as forças económicas menos exigentes criaram algum desenvolvimento, sem necessidade de grandes investimentos no ensino. Veiga Simão tentou em dois regimes diferentes, mas continuamos com aquela falta de potencial em quantidade para fazer coisas grandes.
Periodicamente é isto que acontece: Chama-se a atenção para a nossa falta de formação, tenta-se avançar, mas parece faltar-nos a vontade, tudo são dificuldades, escolhos. Nem as novas oportunidades entusiasmam um povo que parece definitivamente ensimesmado. À espera talvez que o Filipe Meneses seja o salvador.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

Arquivo do blogue

Acerca de mim

A minha foto
Ponte de Lima, Alto Minho, Portugal
múltiplas intervenções no espaço cívico

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck
O mais perfeito retrato da solidão humana