Eram tantos os problemas à espera de solução que o 25 de Abril, ao se apresentar ao povo como o despertar da Liberdade, fez também um desfilar das questões sobre as quais esse povo era enfim chamado a pronunciar-se.
Era natural a falta de preparação para o assumir de tantas responsabilidades que se gerou uma grande indecisão sobre quem melhor representaria os interesses do País e mais capacidade teria para dar o devido seguimento às soluções encontradas.
Os projectos pessoais foram caindo e os mais colectivos foram-se digladiando de modo que só passados 19 meses se chegou a uma definição aceite pela maioria e a que a minoria se haveria que submeter com mais ou menos contra vontade.
Entretanto o que havia que decidir em termos de descolonização estava decidido, que o País não tinha coluna vertebral que lhe permitisse ter qualquer palavra significativa a dizer nesse domínio. Já não tinha força para se opor ao que quer que fosse.
Golpes baixos, apoios encobertos, preferência por projectos inviáveis, no meio de uma certa confusão, prenúncio de outras bem mais graves que viriam a seguir, a debandada portuguesa saldou-se principalmente pela entrega à morte daqueles naturais que tinham sido o sustentáculo local do regime e cuja lealdade o exército português não honrou. Salvou-se a assimilação que foi feita dos retornados, que hoje se pode dizer ter sido exemplar, por dela já não existirem rastos.
Daí até cá tem sido o percurso sobressaltado mas mesmo assim normal de uma democracia, que seguiu exemplos e serviu de exemplo para outros e que se tem aspectos negativos tem aspectos positivos mais relevantes.
Habituados há tantos séculos a vivermos isolados, umas épocas mais enclausurados, outras recebendo do exterior algum ar fresco, mas que nunca chegou a constituir um vento revigorador, eis-nos já a viver problemas que nada têm a ver com as opções tomadas na aceleração desse ano e meio de revolução. As resistências enfraqueceram, as fronteiras abriram.
A nossa entrada na Comunidade Europeia, a nossa adesão ao Euro, moeda, a globalização, com a abertura de praticamente todos os mercados e as facilidades de circulação e migração mudaram todo o ambiente em que se desenrola a actividade económica.
Simultaneamente desenvolvem-se novos consumos, a informação e a publicidade confundem-se e levam à uniformização dos consumos e dos comportamentos. O espectáculo e o lazer generalizam-se e alteram a natureza da própria sociedade, cada vez mais hedonista.
Há hoje uma série de problemas que enfrentamos, com que não estamos habituados a lidar, que nos fazem esquecer o passado que tivemos, a transição operada, a herança que recebemos. Mas para enfrentarmos o futuro haveríamos que saber de onde viemos. Só podemos atribuir culpas ao passado ou só o podemos glorificar se o conhecermos.
Não viemos de homens gloriosos, daqueles que pretensamente resolvem tudo em pouco tempo. Todos suportam e infligem muitos sacrifícios para chegarem a lugares desconhecidos, porque normalmente a glória é a necessidade.
Viemos antes de um povo sofrido, que teve que fazer muitas vezes das tripas coração, suportar déspotas iluminados e outros menos, aguentar a arrogância, a vaidade, o desprezo, o terror.
È este povo que fez a história e é dele e só dele que devemos falar, tanto nas situações em que parece actor, como naquelas em que parece somente vítima. Principalmente não se queira dizer que o povo anda a reboque quando as resistências vêm da parte das pessoas.
Só que muitos que resistem à mudança se fazem depois passar por heróis. O problema afinal só reside em saber se a mudança é favorável ou não e em que altura deve ocorrer. As mudanças do 25 de Abril teriam sido muito mais favoráveis se tivessem ocorrido mais cedo.
Era natural a falta de preparação para o assumir de tantas responsabilidades que se gerou uma grande indecisão sobre quem melhor representaria os interesses do País e mais capacidade teria para dar o devido seguimento às soluções encontradas.
Os projectos pessoais foram caindo e os mais colectivos foram-se digladiando de modo que só passados 19 meses se chegou a uma definição aceite pela maioria e a que a minoria se haveria que submeter com mais ou menos contra vontade.
Entretanto o que havia que decidir em termos de descolonização estava decidido, que o País não tinha coluna vertebral que lhe permitisse ter qualquer palavra significativa a dizer nesse domínio. Já não tinha força para se opor ao que quer que fosse.
Golpes baixos, apoios encobertos, preferência por projectos inviáveis, no meio de uma certa confusão, prenúncio de outras bem mais graves que viriam a seguir, a debandada portuguesa saldou-se principalmente pela entrega à morte daqueles naturais que tinham sido o sustentáculo local do regime e cuja lealdade o exército português não honrou. Salvou-se a assimilação que foi feita dos retornados, que hoje se pode dizer ter sido exemplar, por dela já não existirem rastos.
Daí até cá tem sido o percurso sobressaltado mas mesmo assim normal de uma democracia, que seguiu exemplos e serviu de exemplo para outros e que se tem aspectos negativos tem aspectos positivos mais relevantes.
Habituados há tantos séculos a vivermos isolados, umas épocas mais enclausurados, outras recebendo do exterior algum ar fresco, mas que nunca chegou a constituir um vento revigorador, eis-nos já a viver problemas que nada têm a ver com as opções tomadas na aceleração desse ano e meio de revolução. As resistências enfraqueceram, as fronteiras abriram.
A nossa entrada na Comunidade Europeia, a nossa adesão ao Euro, moeda, a globalização, com a abertura de praticamente todos os mercados e as facilidades de circulação e migração mudaram todo o ambiente em que se desenrola a actividade económica.
Simultaneamente desenvolvem-se novos consumos, a informação e a publicidade confundem-se e levam à uniformização dos consumos e dos comportamentos. O espectáculo e o lazer generalizam-se e alteram a natureza da própria sociedade, cada vez mais hedonista.
Há hoje uma série de problemas que enfrentamos, com que não estamos habituados a lidar, que nos fazem esquecer o passado que tivemos, a transição operada, a herança que recebemos. Mas para enfrentarmos o futuro haveríamos que saber de onde viemos. Só podemos atribuir culpas ao passado ou só o podemos glorificar se o conhecermos.
Não viemos de homens gloriosos, daqueles que pretensamente resolvem tudo em pouco tempo. Todos suportam e infligem muitos sacrifícios para chegarem a lugares desconhecidos, porque normalmente a glória é a necessidade.
Viemos antes de um povo sofrido, que teve que fazer muitas vezes das tripas coração, suportar déspotas iluminados e outros menos, aguentar a arrogância, a vaidade, o desprezo, o terror.
È este povo que fez a história e é dele e só dele que devemos falar, tanto nas situações em que parece actor, como naquelas em que parece somente vítima. Principalmente não se queira dizer que o povo anda a reboque quando as resistências vêm da parte das pessoas.
Só que muitos que resistem à mudança se fazem depois passar por heróis. O problema afinal só reside em saber se a mudança é favorável ou não e em que altura deve ocorrer. As mudanças do 25 de Abril teriam sido muito mais favoráveis se tivessem ocorrido mais cedo.
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