12 abril 2007

O intriguista mor, Marques Mendes, disse da sua justiça

Quem esperava a queda, a escorregadela, a beliscadura de José Sócrates ficou desiludido. Mas o sacripanta Marques Mendes, continuando a invocar pretensos favorecimentos, lá apareceu naquele domínio enlameado em que ele se sente bem.
Marques Mendes não consegue surpreender ninguém. Pretende com o ataque pessoal enlamear quem assume, com a dignidade que as funções merecem, o cargo mais responsável da governação. Quer aproveitar os problemas de uma Universidade afecta ao P.S.D. para pretender levar, com a leviandade que lhe é característica, Sócrates na embrulhada.
Marques Mendes apresentou-se ontem, ao fim da noite, perante as câmaras de televisão, a vomitar o fel que havia acumulado durante todos os dias antecedentes. Para quem viu e ouviu as palavras despreocupadas e sinceras de José Sócrates, o espectáculo que se seguiu foi deprimente.
A SIC engoliu o veneno. No início de um patético inquérito telefónico, aliás altamente lucrativo e que não deveria ter aceitação popular, ainda a jornalista corria para Sócrates para obter um comentário aos 39% de convencidos contra 61% de não convencidos que o inquérito num primeiro momento revelava. Com a completa inversão dos valores que se seguiu, a SIC calou-se, remediou como pode, mas não pensemos que desarme.
Neste blog não se falará mais de crápulas. Quanto a Marques Mendes lembremos que, se pelas ideias não convence ninguém, tem um passado de bastante visibilidade, neste Pais em que vale tudo e o seu apadrinhamento por alguns históricos do PSD foi notório.
Homem de mão de Cavaco para o trabalho sujo, de que o próprio se demarcou, executivo do cavaquismo, enquanto sistema de engajamento e favorecimento, velha toupeira do parlamentarismo mais balofo e desacreditado é o sargento que toma conta da companhia após a debandada dos generais, daqueles que mesmo assim também não há a certeza de serem melhores do que ele.
Um político não pode ser um intriguista. Um político não pode pretender agir só pela insinuação, que a sua imagem é a que melhor se cola a uma pretensa imagem do tipo “melhor português de sempre”.
Também não falta quem só queira assumir papéis pela certa. A direita é imediatista e ninguém quer estorricar em fogo brando. Faltam-lhe homens com ideias para Portugal, que as ponham à consideração do Povo e caso percam se retirem. Como Fernando Nogueira se retirou.

4 comentários:

JoCaBraGo disse...

Não comento a apreciação sobre Marques Mendes. É subjectiva e, como tal, legítima.
Mas gostaria de deixar alguns dados para reflexão:
1. Nunca ninguém colocou em causa a capacidade do Primeiro Ministro para exercer o seu cargo, em função das suas habilitações, nem julgo que depois deste processo o façam;
2. O que não é normal, é que uma pessoa, com a agravante de ser Primeiro Ministro, elabore um Curriculo comn informações FALSAS;
3. Também não é vulgar que, com o maior descaramento do mundo, numa entrevista vista por centenas de milhares de portugueses, o Primeiro Ministro afirme peremptoriamente que não conhecia o Professor que lhe ministrou 4 cadeiras na Independente, quando tinha sido seu professor também no ISCTE;
4. Quanto ao processo de equivalências da Independente, o que é certo é que o Primeiro Ministro tem um diploma de licenciatura (ou dois - diferentes), mas que tudo é muito estranho, lá isso é.

Mas, a culpa é do "intriguista mor, Marques Mendes, da Universidade Independente, dos professores que lançaram as notas, do Conselho Ciêntífico que deu as equivalências e dos funcionários da AR e Ministérios que, sistematicamente, ano após ano, promoviam o Sr. José Sócrates a Engenheiro e licenciado quando, de facto, não o era...

trigalfa disse...

Falsas são as afirmações de quem se pronuncia sobre curriculos sem qualquer interesse substantivo e de duvidosa autoria.
Disse que o não conhecia antes de ser seu professor e só o podia ter sido no ISEL ou na UNI, para onde ambos se transferiram.
O diploma correcto é o que está no poder da Câmara da Covilhã, onde acho que ainda hoje Sócrates tem um lugar de funcionário como Engenheiro (Técnico ou não, pouco importará, que se aí há confusão só nos últimos anos a Ordem tem posto alguma "ordem"). A propósito o Engenheiro Trigueiro, figura que sito por ser pública e assaz conhecida, já lá está inscrito? Também na saloia Ponte de Lima eram todos engenheiros, sem o serem, na prespectiva de hoje. Deixem-se de mesquinhíces.

JoCaBraGo disse...

Caro Manel,
O que está em causa não é mesquinhice. É um problema óbvio de carácter, de um Primeiro Ministro que mente descaradamente e que, ainda por cima, pretende dar uma imagem de seriedade, transparência e verdade. Este, podes crer, nunca mais será o mesmo.
Então se vier a ser provado que é licenciado à custa de favorecimentos...

trigalfa disse...

Não há favorecimento, É o sistema, como no futebol é duro, pesado, imenso, indestrutível, já não me lembro que mais.O tal que mande fazer um inquérito àqueles como o Barroso que fizeram direito voando nas asas de uma imensa sabedoria maoista.
Só sou contra a opinião de Sócrates que o ser chamado por engenheiro ou não é só uma questão de cortesia. Evidentemente que tem neste País parolo uma relevância maior. E é ver as vossas reacções.

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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