05 novembro 2009

Ou comem todos ou não há moralidade

Para haver moralidade todos têm de comer. Parece que era o caso, decerto que não comiam todos da mesma fruta, o preço de cada um era diferente. Havia prémios preventivos e retributivos. Funcionários das Finanças, Agentes da Guarda, Fieis de Armazém, Informadores, Facilitadores, todos os que fechassem os olhos, que não cumprissem os seus deveres de independência, de isenção, de lealdade tinham o seu respectivo prémio.
Este caso da “Face Oculta” espanta pela dimensão, pelo número de pessoas e pelo volume monetário envolvido. E ainda por cima as empresas promotoras tinham largos lucros, evidente prosperidade, um crescimento progressivo, avassalador. Não faltaria muito para que toda a concorrência estivesse definitivamente arrumada, sem hipóteses de pagar valores idênticos pela “colaboração” de tanta gente.
Porém o monopólio no negócio estava pendente da decisão de pessoas mais relapsas a colaborar nestas operações. A solução para o comandante desta empresa tentacular era depor todos aqueles que apresentassem algum entrave à manutenção e expansão dum sistema de favorecimento com vantagens pessoais evidentes e prejuízo de empresas. Como é possível alguém pensar que o seu poder já aí pode chegar?
Distribuir dinheiro, mesmo obtido ilegalmente, tem a apoio de muita gente. Pretender prejudicar quem cumpre os seus deveres é uma ofensa bem mais grave, imperdoável. Nesta sociedade permissiva, mesmo assim não pode valer tudo. Quando se corrompe quem se deixa corromper a sociedade, sob o ponto de vista moral, não ganha nem perde com isso. Quando se afasta alguém honesto e leal, alguém idóneo é a sociedade que perde. Quanta petulância existe nestes homens do dinheiro!

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana