15 novembro 2009

Como analisar a nostalgia do passado

O 25 de Abril em Portugal e a queda do muro de Berlim aconteceram num intervalo de 15 anos, intensamente vividos. Foram anos decisivos no desfecho da guerra-fria. A questão que se levantava era se o comunismo ainda tinha folgo para se expandir no último Império Colonial a cair ou por outro lado também o Império Soviético teria atingido o seu estado de maturação.
Normalmente qualquer império só cai depois de explorar todas as possibilidades de sobrevivência ao que se segue o inevitável apodrecimento. As últimas energias do Império Soviético foram colocadas na sua tentativa de expansão no ex-Império Colonial Português, mas o estado decrépito da economia soviética levou à implosão sucessiva dos países que o componham.
Estes acontecimentos foram seguidos com a compreensão de muitas camadas dirigentes que se aperceberam mais cedo da inevitabilidade dos desfechos negativos e com o apoio popular, desejosos que todos estaríamos de desfazer as amarras que nos prendiam há décadas.
Há alguma nostalgia do passado. É também uma inevitabilidade. Há aqueles que sempre lhe estiveram receptivos, mas evidentemente que há também alguma nostalgia benévola, sub-reptícia, que pode atingir os espíritos mais prevenidos. Há aspectos da vida que mudaram para melhor, mas têm que se aceitar que haverá um ou outro que simplesmente não é mais possível.
As vivências são pessoais, dificilmente haverá quem as tenha exactamente iguais. Aquilo que para um é positivo pode ser negativo para outro, sem se poder dizer que um está a ser mais correcto do que outro. É com este espírito de condescendência que devemos olhar para certas manifestações nostálgicas que surgem ainda hoje em dia. Ninguém pode é exigir ser feliz à custa da maioria, muito menos quando isso pressupõe um regresso ao passado globalmente ignóbil.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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