03 maio 2007

A propriedade da cor

Sou visceralmente contra aquele cartaz indigno, brutal, revelador de uma falta de nível confrangedora. Mas nada tenho contra a sua cor, mas também nada tenho contra que se brinque com ela.
Aquilo que seria uma trivialidade passou a ter contornos mais sérios a partir da altura em que um representante do P.S.D. se insurgiu contra o seu uso em plena Assembleia Municipal de Ponte de Lima de 30/04/2007.
Efectivamente disse o Sr. Pedro Ligeiro, com os cotovelos a arder por lhe usarem a cor, que “Curiosamente ou não, o cartaz com a mensagem mais ofensiva é cor de laranja, precisamente a cor do P.S.D.”.
Claro que me fez lembrar o P.C. nos idos de 1974 quando se arrogava a propriedade da foice e do martelo, que nunca ousou sequer tentar apropriar-se da cor. Os símbolos são importantes mas será melhor diferenciarmo-nos por outras vias.
Talvez isto aconteça, os laranjinhas reivindicarem o seu uso exclusivo, a sua propriedade, porque o laranja tem pouca serventia, mesmo na natureza não é muito frequente.
Ora os publicistas sabem que uma cor assim pouco usada tem uma atractividade acrescida. Por mim aquela cor de fundo no cartaz não tem qualquer significado especial, a não ser este, não leva a qualquer associação.
Nós sabemos que há mentes pervertidas que tudo associam, mas para puro divertimento, gozem muito com isso. Quando se querem tirar outras ilações corre-se o risco que cair num campo mais doentio.
É por esta razão que me sinto na obrigação de fazer este reparo, para que a oposição ao Daniel Campelo não dê tiros nos pés, para que lhe não dêem azo às suas tiradas hilariantes destinadas àquelas que no fundo da sala estão sempre à espera de dar o seu contributo para a boa disposição geral.
Este P.S.D. é mesmo especial, não quer que lhe usem a cor e ainda ninguém se lembrou de lhe utilizar as setas. Quem quer dar nas vistas por estes meios não vai lá. Seria bom que não deitassem achas para a fogueira e deixassem o Daniel Campelo a fazer o espectáculo sozinho.

2 comentários:

O talassa disse...

Pois, concordo consigo, mas também me parece que usar a Assembleia para casos pessoais, já por si descritos na comunicação social, é também deitar algumas achas para a fogueira do o espectáculo de Daniel Campelo, não concorda?

trigalfa disse...

Não andei a fazer nenhum inquérito mas é um caso que eu tratei como geral e abstracto porque pode atingir qualquer um. E já atingiu muitos de certeza, mas tendo eu feito nada para que isso me acontecesse logo a mim. Nestas coisas os computadores é que são sempre os culpados, porque andam atrasados, é preciso programá-los, disso sei eu. Mas não se pode ir a correr aproveitar as alterações legislativas para se subtrair a levar o preço da água e do tratamento dos esgostos à Assembleia Municipal e não ver as outras faces da questão.

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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