Realizou-se a 25 de Maio em Ponte de Lima um seminário sobre património paisagístico do Vale do Lima que, podemos dizer, teve duas vertentes, uma mais geral, relacionada com a paisagem, outra mais específica e relacionada com os jardins.
Ambas tiveram os seus momentos de interesse mas salientarei a perspectiva geral, que tem mais a ver com o ambiente, como a que me despertou maior empenho. A perspectiva mais geral das gerais foi apresentada por Ilídio Araújo sobre a proto-história de Entre Douro e Minho.
Foram tão surpreendentes as teses apresentadas por este estudioso, que era grande a exigência que se imponha a quem quisesse levantar alguma questão. Logo pelo seu título “A evolução do povoamento, da economia e das paisagens” as questões eram vastas e controversas, de difícil confirmação.
Teresa Andersen “divagou” entre a necessidade da cedência à prática e o saudosismo por um passado perdido. Impuseram-se outras utilizações da terra, outras ocupações, outras dinâmicas, o que, aliás, haveria de ser confirmado numa intervenção sobre a Rede Natura 2000 acerca da pulverização das moradias nas encostas do Vale.
A acentuação na mudança paisagística operada com a eucaliptação foi realçada, mas não tendo podido colocar a questão na hora, direi que o problema limiano já é anterior começou com a pinheirização.
A difusão do pinheiro por encostas e veredas de muitas das serras circundantes a Ponte de Lima deveu-se a Salazar que colocou os serviços florestais, com os seus guardas disseminados pelas serras, a plantar pinheiros nos sítios que eram pastos dos animais, o que chegou a criar conflitos com os seus normais utilizadores.
Foi um avultado investimento que nunca haveria de ter retorno, dados os incêndios que sempre fustigaram essas plantações. Foi um desastre económico, ambiental e paisagístico. A invasão de infestantes nos terrenos ardidos é fruto dessa política.
Falou-se no aspecto negativo da urbanização massiva dos terrenos nos subúrbios das grandes cidades. Mas não se deu o devido realce ao facto de a dispersão da habitação por todo o território, como cá acontece, também levantar os seus problemas. Ponte de Lima ficou rural sem ruralidade e não passou a urbana porque lhe falta urbanidade.
Henrique Pereira, director do Parque Nacional da Peneda-Gerez, apresentou uma visão “fundamentalista” de como se deve pôr fim ao cultivo de algumas áreas. Apresentou mesmo os socalcos do Sistelo como exemplo de área que deveria ser entregue a zona de reserva integral.
Ignorou decerto que isso seria o princípio do fim. Deixando de ser cultivados esses socalcos seguiriam o exemplo de outros que, em pleno Parque, já estão a desabar devido à infiltração de água, raízes, infestantes.
Sem áreas de cultivo, sem habitantes, presumo que sem parques eólicos, o que é controverso, dados os objectivos próprios do Parque, o PNPG ficará à mercê unicamente das forças incontroladas da natureza.
O Parque não quer dar nada, ainda quer que lhe paguem a fruição do seu ambiente, a preservação das suas nascentes, os ninhos de águia e os lobos. Foi pena que devido à inauguração do festival de Jardins, não tivesse havido tempo para serem colocadas estas questões.
Ambas tiveram os seus momentos de interesse mas salientarei a perspectiva geral, que tem mais a ver com o ambiente, como a que me despertou maior empenho. A perspectiva mais geral das gerais foi apresentada por Ilídio Araújo sobre a proto-história de Entre Douro e Minho.
Foram tão surpreendentes as teses apresentadas por este estudioso, que era grande a exigência que se imponha a quem quisesse levantar alguma questão. Logo pelo seu título “A evolução do povoamento, da economia e das paisagens” as questões eram vastas e controversas, de difícil confirmação.
Teresa Andersen “divagou” entre a necessidade da cedência à prática e o saudosismo por um passado perdido. Impuseram-se outras utilizações da terra, outras ocupações, outras dinâmicas, o que, aliás, haveria de ser confirmado numa intervenção sobre a Rede Natura 2000 acerca da pulverização das moradias nas encostas do Vale.
A acentuação na mudança paisagística operada com a eucaliptação foi realçada, mas não tendo podido colocar a questão na hora, direi que o problema limiano já é anterior começou com a pinheirização.
A difusão do pinheiro por encostas e veredas de muitas das serras circundantes a Ponte de Lima deveu-se a Salazar que colocou os serviços florestais, com os seus guardas disseminados pelas serras, a plantar pinheiros nos sítios que eram pastos dos animais, o que chegou a criar conflitos com os seus normais utilizadores.
Foi um avultado investimento que nunca haveria de ter retorno, dados os incêndios que sempre fustigaram essas plantações. Foi um desastre económico, ambiental e paisagístico. A invasão de infestantes nos terrenos ardidos é fruto dessa política.
Falou-se no aspecto negativo da urbanização massiva dos terrenos nos subúrbios das grandes cidades. Mas não se deu o devido realce ao facto de a dispersão da habitação por todo o território, como cá acontece, também levantar os seus problemas. Ponte de Lima ficou rural sem ruralidade e não passou a urbana porque lhe falta urbanidade.
Henrique Pereira, director do Parque Nacional da Peneda-Gerez, apresentou uma visão “fundamentalista” de como se deve pôr fim ao cultivo de algumas áreas. Apresentou mesmo os socalcos do Sistelo como exemplo de área que deveria ser entregue a zona de reserva integral.
Ignorou decerto que isso seria o princípio do fim. Deixando de ser cultivados esses socalcos seguiriam o exemplo de outros que, em pleno Parque, já estão a desabar devido à infiltração de água, raízes, infestantes.
Sem áreas de cultivo, sem habitantes, presumo que sem parques eólicos, o que é controverso, dados os objectivos próprios do Parque, o PNPG ficará à mercê unicamente das forças incontroladas da natureza.
O Parque não quer dar nada, ainda quer que lhe paguem a fruição do seu ambiente, a preservação das suas nascentes, os ninhos de águia e os lobos. Foi pena que devido à inauguração do festival de Jardins, não tivesse havido tempo para serem colocadas estas questões.