29 outubro 2009

Que incógnita esta!

Até parece que sentimos saudade dos dias em que havia estocadas para todos os gostos. Previamente condenado, o Governo era a fonte de todos os males e o bombo de todos as festas. Outra acção não era necessária senão a de esperar pelas notícias, que todas tinham bom aproveitamento no afã de demonstrar ao Povo que os governantes eram inaptos e acima de tudo mal intencionados.
Hoje foi necessário vir a madrasta de uma criança que faleceu, presumivelmente vítima da gripe A, gritar para a porta de uma Escola a sua indignação por ainda estar aberta e ganhar assim o direito ao seu minuto de fama e glória televisiva. Noutros tempos, não há muito, não faltariam políticos a fazer essa figura com menor sinceridade mas decerto com outra veemência.
Suspeitas de corrupção, padres pistoleiros, crianças vítimas do álcool nas frias terras russas, os assuntos não têm faltado, só nos falta a palavra sábia dos políticos, pelo menos o seu comentário a propósito.
Incrivelmente os políticos calaram-se, gastaram toas as suas energias, estão a retemperar forças, a reorganizar as suas cabeças, os seus dossiers, os seus tiques e trejeitos, as suas vozes e entoações, os seus objectos de arremesso e os seus alvos e deixam-nos suspensos da sua enorme sabedoria para derrotar governos e terminar com asfixias.
O Governo mirrou, já não ocupa todo o cenário, há que acrescentar alguém para fazer uma maioria a abater. Ao menos que se clareiem as águas, que a esquerda acuse a direita de se querer amancebar com o Governo e que a direita se abespinhe a acusar a esquerda de um conluio secreto com o Governo ou vice-versa, tanto faz. Ou continuaremos a ter todos ao molho e fé no Cavaco. Que incógnita esta!

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck
O mais perfeito retrato da solidão humana