31 outubro 2009

A corrupção visível e invisível

Normalmente atribui-se a corrupção à existência de um Estado forte, de um grande sector empresarial desse Estado, à promiscuidade que se estabelece nas relações do Estado com a iniciativa privada. Não fora isso e parece que seríamos uns santos.
É velha a presunção, para muitos é uma certeza, que só se consegue competir, ultrapassar os outros, comprando os apoios de alguém alojado em organismos com poder. Quando se querem bons negócios partilham-se os lucros com alguém. Sejam árbitros, polícias, políticos, decisores enfim.
Mas tinha-se a ideia que os corrompidos eram gente pobre ou remediada, que queria acrescentar uns cobres ao seu pecúlio. Na realidade cada vez mais isto é jogo para os muito ricos, aqueles que querem ser cada vez mais ricos e uns porque querem açambarcar tudo à sua volta, outros porque querem aproveitar tudo o que lhes vem à rede.
O caso do sucateiro de Aveiro até parece que se enquadra no modelo antigo, daquele individuo que vem do nada e repentinamente constrói um império da sucata. São os casos que mais se realçam na sociedade, mas é evidente que gente há muito bem instalada que se dedica a este jogo sem precisar de tanto frenesim para obter apoios.
A corrupção também não existe somente nas relações da economia privada com o sector empresarial do Estado. A diferença também está somente na visibilidade. Os gestores ou outros decisores do Estado e do seu sector empresarial roubam para a sua carteira e dão mais nas vistas. Os privados podem roubar para a sua empresa, que para si é.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana