05 janeiro 2010

Sócrates merece a nossa absoluta solidariedade

Todos os partidos são influenciados pelo seu líder. Qualidades e méritos de um líder beneficiam e prejudicam, confundem e esclarecem e nem sempre no sentido que se acha previsível. Isto é, a leitura pessoal e a leitura política nem sempre coincidem. É pois bom que essas leituras não sejam feitas ao mesmo nível, ou seja, que não se exija que todas as qualidades e méritos se encontrem ao mesmo nível.
Se em Guterres eram reconhecidos méritos pessoais, já a sua maneira conciliatória de fazer política e o seu abandono intempestivo, à primeira dificuldade, da liderança socialista só pode ter uma leitura que a encaminhe para o desastre. Se uma leitura pessoal daria uma opinião favorável, uma séria leitura política dará uma opinião desfavorável, pelo prejuízo que adveio para o partido, para o País da sua atitude. Não há pois que confundir, nem abafar defeitos com qualidades e deméritos com méritos.
É vulgar confundir o mérito político com o mérito de um percurso de vida. Desde Salazar que se enaltecem catedráticos e outros dignitários porque, no geral, só lá chegavam os poderosos. Quem o não era e lá chegava também era aceite no sentido de também haver uma certa renovação no pessoal político. Mas um percurso pouco ortodoxo era logo motivo de suspeição à menor dificuldade. Só se salvava o próprio Salazar.
Também Sócrates é vítima das dificuldades familiares, da origem provinciana, do percurso académico segmentado, de tudo aquilo que o torna diferente dum Santana Lopes ou outro lisboeta de gema. Não se podem ver as suas dificuldades pessoais como méritos políticos, mas também ver o contrário é mesquinho e indevido. Porém a isso se junta um rasto de sujidade com que se pretende conspurcar e afectar as suas qualidades pessoais e em especial as políticas.
Sócrates a tudo tem resistido. E, se terá descurado o pôr em evidência as suas qualidade pessoais, tem-se defendido bem politicamente. Porém os seus inimigos são poderosos e à falta de argumentos políticos continuam a brandir insinuações pessoais imperdoáveis. Dar a Sócrates a nossa solidariedade perante as dificuldades que se lhe deparam é o mínimo que se nos exige.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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