06 janeiro 2010

O terreno da luta continua favorável a Sócrates

Há quem tenha criado para si um perfil adequado a cada cargo específico. Procedem assim os burocratas mas também todos aqueles que, não o sendo, gostariam de o ser. Tal papel inclui quantidade de riso, postura física, roupagem, expressões linguisticas e faciais, um sem número de características que farão de um homem vulgar um bom candidato a qualquer coisa. Felizmente que após o 25 de Abril nenhum perfil forte foi imposto para os cargos públicos.
Tivemos já todos os altos cargos ocupados por pessoas de características bem diversas e ainda bem. Se alguma coisa resta do antigamente, Sócrates não corresponde a esses cânones que muita gente ainda louva. Haverá o perigo de triunfar o que está na moda e sabe-se como a moda muda. Quem tiver a sorte de se identificar com a moda no momento certo verá a sua vida facilitada.
Sócrates surgiu entre desistências e afastamentos duvidosos, no momento certo em que era mais valorizada a facilidade com que enfrenta o confronto mediático. Para o bem e para o mal, quem vence é quem passa na televisão. E efectivamente não haverá meio em que as coisas se podem tornar tão absolutamente claras. Não fossem os jornalistas teleguiados por interesses que lhes são superiores e teriam outro discernimento para chegar mais longe do que o que vão.
Coube a Sócrates suceder a Santana e não o contrário. O desastre prático de Santana deixou o terreno livre a Sócrates, o que permitiu que este cavalgasse à vontade. O seu principal adversário estava K.O. antes do verdadeiro início do combate de Sócrates. Ninguém duvidará que tudo seria diferente se Santana se não tivesse estatelado previamente, porque tudo estava preparado para um combate mais igual.
Os outros adversários de Sócrates tentam levar a luta para outros terrenos, recorrem à insidia e à agressão moral, vão derrotados para o terreno à espera da benevolência da população, enfim cheia de que o mesmo actor ocupa permanentemente o palco. É uma luta de tudo ou nada, que não difere muito do que se passa no interior dos partidos. Por isso os aparelhos partidários às vezes pouco apoiam e mais estorvam. E cada líder está cada vez mais só e tem de olhar bem para a sua frente e para trás de si.
Ninguém duvide que é na televisão que decorrem as jogadas decisivas e quem quiser entrar no combate tem que se preparar para isso.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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