04 janeiro 2010

Cavaco aguarda uma vaga de fundo

Lapso, impreparação, indiferença, falta de dedicação, o certo é que Cavaco é internacionalmente um zero. Mesmo internamente quem anda na ribalta há trinta anos não construiu qualquer imagem apelativa. A não ser um vago apego a valores tradicionais, não se lhe conhece espinha dorsal própria, deixa a ideologia para outros mais capazes.
As suas intervenções a nível da Comunidade Europeia foram de uma fraqueza confrangedora, decerto que não a nível técnico, mas em relação ao entusiasmo transmitido, ao espírito participativo, à adesão humana a um processo que é feito por homens e para homens, ao calor que é necessário emprestar para que tudo se desenrole num ambiente favorável.
Muitas vezes atribui-se uma superioridade a pessoas que vivem isoladas, que se não misturam facilmente, que preservam o seu pequeno mundo de relações. Normalmente é porque sentem dificuldades no relacionamento e não se abrem com medo de que os outros se imiscuem demasiado na sua vida interior. Essa vida pode ser rica mas vulnerável.
Não é o caso de Cavaco. Dentro dele só está o vazio, preserva o vazio, venera o vazio. Só convive bem com números monetários. Tanto assim é que não conseguiu projectar a sua imagem no exterior. Depois de doze anos a primeiro-ministro, passou dez anos esquecido, abandonado, sem qualquer préstimo senão o de mandar alguns recados para azucrinar os seus inimigos de estimação dentro do seu próprio partido.
Foram dez anos em que nada trabalhou para a Comunidade Internacional, nada trabalhou para o País na cena internacional, trabalhou somente para amealhar mais pensões de reforma, coleccionador de capitais, usurário à velha maneira do português ronceiro e hipócrita. Cavaco Silva espera decerto a adesão às suas teses virtuais de vários quadrantes da direita. Alguém se há-de encarregar de dar corpo a uma doutrina unitária de direita, que ele apadrinhará como sendo sua.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck
O mais perfeito retrato da solidão humana