14 janeiro 2010

Não corre o B.E. o risco de se tornar um partido parasitário?

No nosso País criou-se o hábito de pedir tudo ao Estado. Não que no tempo de Salazar ele desse alguma coisa. Quando muito permitia que a Caritas nos desse leite em pó e queijo amarelo da Holanda e alguns trapos vindos da América, mas que, de tão bons para a época, raramente chegavam ao seu destino. Afinal éramos quase todos pobres, mesmo aqueles que se faziam de ricos e que ficavam com esses farrapos.
O hábito de pedir ao Estado ter-se-ia então criado por protesto, porque nós, com a falta de consciência colectiva, atribuímos esse papel ao Estado. Também lhe atribuímos um papel repressor. Mas como ele nunca nos tinha dado nada, agora é a hora de nos dar alguma coisa. Afinal se agora o Estado não reprime é porque não quer, mas que vá dando na mesma, que todos continuamos a precisar mesmo que alguns já sejam imensamente ricos.
É isso que o B.E. descobriu e quer tirar a uns para dar aos outros, na aparente certeza que, criando esse sistema de vasos comunicantes, o problema fica resolvido. Honra seja que nunca o P.C. nos áureos dias de Abril propôs resolver o problema dessa maneira e sempre disso que havia que trabalhar muito, não fosse o poder cair-lhe na mão e não ter nada para dar. É verdade que recentemente cedeu um pouco à demagogia que consiste em “os ricos que paguem a crise”.
No entanto hoje é o B.E. o lanterna dessa ideia, nada tendo a propor de concreto para resolver os problemas nacionais, antes apresentando despesas e mais despesas, na tentativa de justificar a negação de todo e qualquer orçamento. O P.C. tem sido mais comedido e pelo menos demonstra uma preocupação com a viabilidade da segurança social que só lhe fica bem. Por este andar o B.E. corre o risco de ficar sozinho, tal partido parasitário e pelintra que só pode reivindicar os caídos.
Terminadas as causas fracturantes, mais um caso que depois de resolvido parece não ter a relevância que se lhe dava, ao B.E. resta-lhe procurar novas propostas construtivas sob pena de se esvaziar de conteúdo. É necessário ter uma política de trabalho activo, de organização económica e social para obter credibilidade política. O P.C. ainda tem, porém, a querer correr atrás do Bloco, também ainda a perde.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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