13 janeiro 2010

É agora que lhes vamos partir a espinha?

Sem que o Partido Comunista para isso tenha contribuído, mas mais por efeito dos erros próprios da alta finança, o certo é que se criou a sensação, mesmo dentro do sector, que a sua espinha dorsal estava seriamente afectada e debilitada. Muitos rejubilaram: É agora que a vamos partir, afirmaram mesmo alguns.
Passado pouco mais de um ano desde o início da borrasca, eis que surgem financeiros a ostentar a antiga arrogância, a afirmarem bem alto que são eles os donos do principal instrumento que pode dinamizar a economia, que têm influência cá e lá fora, que podem tramar o País, e ainda por cima que todos tem de olhar para eles como o exemplo máximo de honestidade.
Afirmam que ninguém se pode imiscuir nas suas questões internas, como vencimentos e procedimentos que envolvem riscos. Nunca se preocuparam em alertar para os perigos em que muitos deles se envolveram, e que deram origem ao roubo de milhões de pessoas, mas agora são alarmistas quando aos perigos que o País pode correr se se endividar mais. Pretendem dar a ideia que são eles os únicos que têm uma palavra a dizer para que não nos caia em cima a espada do capital.
O capital sempre tentou controlar Reis e Presidentes, sempre dispôs de um poder imenso. Isso incomodou homens de direita e esquerda, alguns tomaram medidas radicais, mas na verdade o capital tem a virtuosidade de se recriar continuamente. Hoje já há homens que sem dinheiro, mas por via da profissionalização, se alcandoram a gestores de topo de grandes grupos financeiros. No geral são mais avarentos e gananciosos que os velhos capitalistas.
Lidar com os homens do dinheiro não é tarefa fácil. Partir-lhes a espinha é improvável. A tarefa dos políticos é conciliar o interesse particular desta gente com o interesse geral do País. No entanto eles não têm qualquer tipo de superioridade sobre os outros, antes pelo contrário. Por gerirem um objecto tão volúvel e até execrável como é o dinheiro correm especiais perigos de baixeza. Mas só se lhes exige uma qualidade: A honestidade.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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