26 janeiro 2010

Pior que a dívida pública é a dívida externa de todo o País

Com algum despudor certas figuras políticas conseguiram impor na ordem do dia o problema da dívida pública. Não que este não seja um problema gravíssimo, mas que é neste momento vivido por muitos países de finanças bem mais sólidas que as nossas. Mas pela forma ínvia com que ele foi trazido, pelas agências de rating (Standard & Poor´s, Moody´s, Fitch), o aproveitamento que hoje se pretende fazer desse facto é tudo menos honesto.
O endividamento é um problema, porém o endividamento externo é bem mais grave. É que este não é só público, o do Estado, é também um endividamento do sistema financeiro, das empresas e dos particulares a quem foram facultado meios de pagamento a que eles não deveriam ter acesso caso a Banca ponderasse convenientemente os riscos inerentes. Na sua avidez de ir buscar uns cobres à margem de intermediação desses empréstimos a Banca endividou-se de uma maneira insustentável.
É verdade que o mal foi geral, aqui como nos Estados Unidos foi para o sector da construção civil que foram canalizados a maioria desses valores. A especulação não atingiu aqui o volume que atingiu nos Estados Unidos o que permitiu que, mesmo quando os Bancos penhoram os prédios envolvidos num negócio, conseguem realizar a maioria dos créditos de que são beneficiários. Assim a Banca não está a correr os riscos que se chegaram a temer, muitas das pessoas que compraram prédios é que podem incorrer em incumprimento.
A situação pode não ser alarmante neste aspecto, o problema da dívida externa é que persiste, deixassem-nos ao menos trabalhar anos e anos para pagar esta dívida contraída. O problema virá a ser grave se a balança de transacções exteriores continuar a ser deficitária, se não conseguirmos produzir bens e serviços vendáveis no exterior e se não conseguirmos substituir algumas importações, como a energia.
Subitamente parece que toda a gente se esqueceu que é necessário ultrapassar este problema, mas de uma forma consistente, que só pode passar por uma aproximação à auto-suficiência energética, à melhoria do tecido empresarial, à melhoria das classificações profissionais, à aposta na investigação e desenvolvimento. Porém também temos que produzir aquilo que sendo barato, mas sendo importado, se torna significativo em termos de privar de emprego os nacionais.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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